29 de fevereiro de 2012

Maioria da população brasileira aprova gays nas Forças Armadas, diz pesquisa

Maioria apoia presença de gays nas Forças Armadas, diz pesquisa do Ipea
Sondagem diz que 63,7% não veem problema em homossexuais de farda.
Na pesquisa, 74,8% diz desconhecer perdão a crimes da ditadura militar.
Renan Ramalho
Desfile militar de 2010 celebra o dia do soldado 
em Brasília (Foto: Divulgação/Defesa)
A presença de homossexuais nas Forças Armadas tem a concordância de 63,7% da população brasileira, enquanto que 34,3% discordam e 2% não sabem ou não quiseram responder.
A sondagem é fruto de pesquisa de opinião divulgada nesta quarta-feira (29) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que mediu a relação da sociedade com os militares no contexto de uma democracia.
No Brasil, não há lei que impeça a presença de homossexuais nas Forças Armadas.
O levantamento mostrou ainda que o apoio à entrada de gays nas Forças Armadas acompanha o nível de educação: 73,6% dos que têm ensino superior concordam. Já entre os que possuem nível médio, o apoio cai para 64,5%; e entre os que têm somente ensino fundamental ou não são escolarizados, para 60,6%.
Os dados integram o Sistema de Indicadores de Percepção Social (Sips). A pesquisa tem margem de erro de cinco pontos percentuais. Foram ouvidas 3.796 pessoas em 212 municípios de todos os estados e Distrito Federal.
Na estratificação por região, o Sul é a única em que a maioria da população (52%) discorda da presença de gays entre os militares.
Ao responder pergunta sobre a presença de mulheres nas Forças Armadas, a maioria dos entrevistados, 91,4%, também concorda que elas possam ser militares. Para 51%, as mulheres devem participar também de combates. Novamente, o Sul destoou do resto do país: na região, 33% apoiam a presença de mulheres no combate.
No país, a Marinha foi a primeira Força a admitir mulheres no serviço militar, em 1980. Elas, no entanto, não atuam em combate, mas em atividades auxiliares.

Anistia
A pesquisa do Ipea também questionou os entrevistados sobre os crimes cometidos durante a ditadura, assunto que voltou à tona no ano passado, quando foi discutida e aprovada a criação da Comissão da Verdade, grupo que irá apurar violações aos direitos humanos no período.
No universo pesquisado, 74,8% disseram desconhecer a Lei da Anistia, de 1979, que concedeu perdão a crimes cometidos durante o regime militar (1964-1985). Em abril de 2010, o Supremo Tribunal Federal considerou a lei válida, afastando a hipótese de punição para agentes repressores.
A sondagem do Ipea mostrou ainda que, apenas entre a minoria que conhece a Lei da Anistia, 67% são favoráveis à punição pelos crimes, sendo 22,2% apenas para agentes da repressão, 11,4% só para integrantes de grupos armados de oposição e 33,4% para todos os envolvidos.
O levantamento mostrou ainda que 42,6% dos entrevistados consideram que os militares respeitam totalmente ou muito a democracia; para 35,3% eles respeitam razoavelmente e 20,8% acham que respeitam pouco ou nada.

Transparência e tratamento
Outra parte da pesquisa mediu a percepção dos brasileiros sobre a transparência das Forças Armadas, o recebimento de denúncias e o tratamento dado pelos militares aos cidadãos. No primeiro item, 48,2% viram como muito boa ou boa a quantidade de informações divulgadas sobre as Forças Armadas nos meios de comunicação. Outros 25,9% acharam regular e 24,5% ruim ou muito ruim.
Quanto às denúncias, 57,6% veem dificuldade em encaminhar reclamação contra as Forças ou seus integrantes. No tratamento, houve divisão: 41,2% concordam que o relacionamento dos militares com os cidadão é igual, independente de renda, cor da pele, idade, deficiência ou gênero; outros, 39,3%, porém, discordam dessa afirmação e 17,2% não concordam nem discordam.
G1/montedo.com

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