8 de julho de 2015

Com batina, farda e muito bom humor, padre Valmir atrai fiéis para capela em Vila Militar

Capelão da Aeronáutica, o vigário se destaca pela irreverência e lota a igreja da base aérea

POR MARCO STAMM
RIO — A batina já passa uma imagem de seriedade. A farda vestida num padre reforça a imagem. Mas nem por isso Valmir Silvano, capelão da capela Nossa Senhora das Graças, que fica dentro da Vila Militar da Aeronáutica, deixa de ser carismático. Desde que chegou à Ilha, em 2013, ele fez uma revolução: a igreja, que antes não lotava os cem lugares, agora deixa cerca de 300 pessoas assistindo às missas pelas janelas laterais, que ficam abertas. Os casamentos, que eram raros, agora acontecem quase que semanalmente. A nova meta é reunir cinco mil pessoas na quadra da União da Ilha para uma super missa no próximo dia 30.
Fiéis como a contadora Fátima Resende atribuem as mudanças ao poder de comunicação do padre. Antes de chegar ao Rio, ele vivia em Florianópolis (SC), onde tinha programa de rádio e de televisão.
— Parece que tudo o que ele faz é diferente do que você já viu na igreja. Ele tem o dom da palavra e encanta as pessoas com isso. Não é raro encontrarmos pessoas de outras religiões participando das nossas missas — afirma Fátima.
Um dos “truques” para encantar os fiéis, revela padre Valmir, é o bom humor. Ele conta que em Santa Catarina, onde torce para o Avaí, costumava fazer brincadeiras sobre futebol para “zoar” os rivais do Figueirense. No Rio, ele é vascaíno, e não abandonou a brincadeira.
— Em Florianópolis, quando eu dava a benção, levantava os dedos com o número de gols que o Avaí fazia no Figueirense. Isso atraia os homens para a igreja, que sempre ficavam curiosos para ver o que eu faria após um clássico, inclusive quando tinha vitória do Figueirense. Aqui, num batismo, por exemplo, eu digo: ‘o senhor esteja conVasco’, que é o meu time no Rio — explica.
O carisma é tanto que já extrapolou os limites da Ilha. Um dia desses, ele foi convidado a realizar um casamento na Igreja São José, no centro do Rio. A vontade de ter o casamento celebrado pelo padre Valmir era tanta, que a noiva enviou até motorista para buscá-lo, o que virou piada na Ilha.
— Brincamos dizendo que ele estava ficando importante e que, em vez do carro, mandariam um ônibus para buscá-lo — diz Fátima.
Modesto, o padre não vê méritos no convite, apesar de se sentir lisonjeado.
— A moça foi à missa, gostou e me chamou para celebrar seu casamento — resume o padre.
Apesar do bom humor, padre Valmir não esquece a sua função. Capelão concursado da Aeronáutica, ele é responsável pela orientação espiritual da tropa. Tenente, ele segue a rotina militar e faz educação física ao menos duas vezes por semana, como parte do seu programa.
— A rotina é de muito trabalho. Os militares me procuram muito e dou auxílio, principalmente psicológico e familiar — conta.
O próximo passo é chegar a cinco mil fiéis numa única missa, que está programada para o dia 30 deste mês na quadra da União da Ilha.
— Estamos preparando esta missa com muito carinho e esperamos reunir todas essas pessoas — diz.
Padre Valmir também é autor de cinco livros. As obras podem ser conhecidas no blog http://pevalmirsilvano.blogspot.com.br.
O GLOBO/montedo.com

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