20 de agosto de 2016

Caio Bonfim, a marcha atlética e uma lembrança. Ou: o preconceito também veste farda.

"Não teve nem um dia que saí na rua e não fui xingado por fazer marcha atlética. Falam: "Vira homem", "para de rebolar", "viado", "vai para casa trabalhar, vagabundo". Todos os dias! São nove anos de marcha. Mas também não teve um dia que não fui apoiado em casa." 
Caio Bonfim, quarto colocado na marcha atlética de 20 km da Rio 2016, o melhor resultado de um brasileiro na modalidade, na história dos Jogos Olímpicos.
Não! Caio não é militar. Ele aparece neste post por que me fez lembrar de um. Em meados dos anos 1990, um sargento de carreira do Exército, foi transferido para Bagé. Esse militar chegou a ser quarto colocado no ranking nacional de marcha atlética. Precisava ficar entre os três primeiros para levar adiante o sonho olímpico. Não conseguia treinar durante o horário de atividade física: além da total falta de apoio do comando, era alvo constante de piadas e deboche dos militares. Era comum vê-lo praticando seu esporte na pista atlética do regimento à noitinha, longe dos olhares e do preconceito dos irmãos de farda. Não conseguiu alcançar seu objetivo. Com a 'colaboração' da instituição e de alguns de seus integrantes.

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