10 de fevereiro de 2017

RJ: Porta-voz da PM faz apelo a famílias; viaturas começam a ser liberadas



Ronald Lincoln Jr., Pedro Ivo Macedo Fortes de Almeida e Luciana Quierati
Colaboração para o UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo
Em vídeo postado nas redes sociais no início da madrugada desta sexta-feira (10), major Ivan Blaz, porta-voz da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, pediu para que as famílias se manifestem a favor dos policiais, mas não bloqueiem as entradas dos quartéis da corporação.
"É fundamental que não esqueçamos o que está acontecendo no nosso Estado vizinho. No Espírito Santo, em poucos dias, mais de 100 pessoas foram mortas, incluindo policiais e seus familiares", disse. "Sabemos que a nossa situação é difícil, é complexa, mas não podemos de forma alguma permitir que esse cenário de barbárie chegue às nossas casas, às nossas famílias."

Além do vídeo, várias outras mensagens e fotos foram postadas durante a madrugada mostrando que os policiais estavam trabalhando normalmente.
Durante a quinta-feira (9), uma série de boatos circulou pelas redes sociais indicando que as entradas de quartéis pelo Estado seriam bloqueadas, a exemplo do que tem ocorrido no Espírito Santo desde o último sábado (4).
Por enquanto, a maior movimentação ocorre na frente do 6° Batalhão da PM, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, ocupada por familiares de policiais desde a 0h. Às 6h, as manifestantes começaram a barrar a saída dos policiais, em meio à troca de turno. Alguns dos policiais tentam sair para o serviço à paisana, mas as mulheres insistem para que eles não sigam para o trabalho.
O grupo, no entanto, ainda é pequeno: oito mulheres, casadas ou filhas de policiais, participavam do protesto.
Com cartazes em mãos, elas reivindicam melhores salários e condições de trabalho para os agentes, cobram o 13° pagamento de 2016 e gratificações atrasadas. Reclamam ainda da estrutura da corporação que, segundo elas, põe em risco a vida dos policiais.
Muitos soldados que chegam ao batalhão agradecem o apoio das mulheres. Moradores da vizinhança, inclusive, oferecem água e café para as mulheres.
Vitória Nery, uma das manifestantes, perdeu o marido, morto durante em uma troca de tiros com traficantes em março de 2016. Ele era lotado no 6° batalhão, e deixou também uma filha de 8 anos do casal. O pai e o irmão de Vitória são PMs da ativa e ela teme por eles.
"Estamos aqui não só para protestar contra salário baixo e corrupção no governo. Estamos aqui pela vida. Não quero que aconteça com essas mulheres o que aconteceu comigo, quando perdi meu esposo."
"Se houver confusão como no Espírito Santo, é complicado, mas é necessário. Não temos mais o que fazer. Se formos protestar na Alerj, não resolve."

Em outra parte da cidade
No 23º BPM, no Leblon, na zona sul, quatro mulheres tentavam impedir a saída de policiais para as ruas a partir de 5h50. Às 6h, no entanto, a primeira viatura saiu sem maior resistência.
Por volta das 6h10, um micro-ônibus chegou a ser impedido de deixar o local inicialmente. Porém, após conversa dos policiais com as representantes das famílias, o veículo pôde sair com os oficiais que trabalham na Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Favela da Rocinha.
"Pedimos a compreensão de vocês. Temos cerca de 20 homens aqui que vão render nossa equipe na UPP da Rocinha. Se eles não chegarem, aqueles que lá estão terão dificuldade para sair. Além disso, ainda iremos perder território em uma área estratégica. Vocês conseguiriam colaborar? Nos outros casos, até podemos conversar. Mas é importante essa equipe sair para o trabalho", explicou o oficial que controlava o fluxo de saída do 23º BPM.
UOL/montedo.com

Arquivo do blog

Compartilhar no WhatsApp
Real Time Web Analytics