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31 de agosto de 2017
De saída: Brasil faz última patrulha em favela da capital do Haiti
Pela última vez, militares brasileiros patrulham em Cité Soleil (Danilo Verpa/Folhaopress) |
FABIANO MAISONNAVE
DANILO VERPA
ENVIADOS ESPECIAIS A PORTO PRÍNCIPE
A um dia de encerrar oficialmente sua participação de 13 anos na Minustah (Missão de Estabilização das Nações Unidas no Haiti), militares brasileiros realizaram nesta quarta-feira (30) a "última patrulha" no país caribenho.
Tratou-se de um tour para jornalistas pela simbólica favela Cité Soleil, de cerca de 150 mil habitantes, onde o Brasil manteve base por dez anos. Em junho, entregou o prédio à Polícia Nacional Haitiana e, desde então, faz apenas incursões esporádicas.
Nesta quinta, a maior missão militar no exterior desde a Guerra do Paraguai (1864-70) termina com uma cerimônia em que as principais presenças serão o ministro da Defesa, Raul Jungmann, e o senador Fernando Collor de Melo (PTC-AL). Apenas outro parlamentar, a deputada Bruna Furlan (PSDB-SP), virá. O comandante do Exército, general Eduardo Villas Bôas, não comparecerá. Não haverá nenhuma autoridade haitiana.
Apesar de Cité Soleil estar em período calmo, a Minustah a classifica como área de risco. Por isso, os repórteres, em jipes abertos, tiveram de usar coletes a prova de balas e os capacetes azuis.
Durante o percurso pelas ruas cheias de comércio e de lixo, os jornalistas puderam descer em dois momentos, quando interagiram com moradores dentro de um perímetro de segurança militar.
Com uma bandeira do Brasil no peito, um deles se aproximou identificando-se como "Fábio Jr.", apelido recebido após trabalhar como faxineiro no batalhão brasileiro.
Em português quase perfeito, Ravil Loubert, 22, disse que haverá problemas com o fim da missão. "Quando os brasileiros estavam aqui, eles me ajudavam com maçã e leite. Mas levantei agora e não passou nada na minha boca."
Desempregado e com um filho, pretende se mudar para o Brasil em novembro —seu irmão vive em Salvador. "Tem muitos [de Cité Soleil] morando no Brasil."
Nas ruas, a passagem dos brasileiros atraía gestos simpatia, mas a maioria parecia indiferente aos veículos da ONU. Alguns se irritavam.
Houve também hostilidade. Em inglês, um haitiano gritou "vão se foder! Saiam do meu país!". Num cruzamento, um caminhão bateu deliberadamente na lateral de um jipe, sem dano maior.
Outro jipe tinha uma grande bandeira do Brasil pendurada na lateral. Na véspera, o comandante da Minustah, general Ajax Porto Pinheiro, criticara a mesma atitude por parte de militares paraguaios, porque, a seu ver, ela quebrava a unidade da missão.
Até 15 de setembro, 85% dos 950 militares brasileiros no Haiti partirão. Os demais ficarão para despachar equipamentos. Em 15 de outubro, a Minustah será substituída por uma missão menor, que continuará a treinar a polícia e aprimorar a Justiça.
Caminhão se choca de propósito contra jipe da Minustah (Danilo Verpa/Folhaopress) |
LEGADO MISTO
Para o diretor de pesquisa da ONG Igarapé, Robert Muggah, a Minustah deixará um "legado misto" após gastos de US$ 7 bilhões desde 2014.
Por um lado, diz, a missão conteve a violência e a agitação política, além de ajudar na reconstrução após o terremoto de 2010, que matou 200 mil pessoas. "O Brasil teve papel crucial. Contribuiu com o maior contingente, e ofereceu ajuda vital no final de 2016, após o furacão Matthew", escreveu, por e-mail.
"[Mas] é difícil dizer que a intervenção da Minustah foi um sucesso. Os esforços da ONU foram manchados pelos incidentes de abuso sexual infantil por integrantes do Paquistão, do Sri Lanka e do Uruguai", afirmou. "A missão também foi criticada por iniciar a epidemia de cólera", disse, sobre a doença trazida por nepaleses que resultou em pelo menos 9.000 mortes.
FOLHA/montedo.com
Rio em clima de guerra é ‘exagero midiático’, diz porta-voz das Forças Armadas
Rio em clima de guerra é ‘exagero midiático’
Para porta-voz do Estado-Maior da operação militar, não se vive ‘guerra’ na capital
Entrevista com
Roberto Itamar Cardoso Plump
Exemplo. ‘Eu mesmo sou morador de Copacabana e levo uma vida tranquila’ Foto: Fábio Motta/Estadão |
O coronel da reserva Roberto Itamar Cardoso Plump, porta-voz do Estado Maior da operação massiva das Forças Armadas no Rio de Janeiro, disse ao Estado que é "um exagero meio midiático" a imagem de que a cidade vive em clima de guerra. "Não é bem assim, não quer dizer que o morador não possa ter uma vida normal", explicou. "Eu mesmo sou morador de Copacabana, e levo uma vida tranquila, como a maioria dos moradores das zonas não controladas pelo tráfico".
O coronel, de 59 anos e avô de dois netos, é pós-graduado em comunicação e marketing. Quando foi para a reserva, em 2011, já somava 37 anos de Exército - onde entrou, com 16, na escola de cadetes de Campinas. Especializou-se na área de comunicações - para a qual acabou voltando, a convite, para atuar, por exemplo, nos Jogos Olímpicos.
Ele recebeu o Estado na manhã da quarta-feira, 23, no 8º andar do sempre monumental Palácio Duque de Caxias, sede do Comando Militar do Leste, na região central. À paisana - calça vinho e blazer cinza, sem gravata - fez um balanço da megaoperação, que nesta segunda-feira completa um mês. Contou, por exemplo, que não houve deslocamento para o Rio de Janeiro de nenhum militar de outras praças. "São todos lotados no Rio", disse. O contingente militar no Estado é de 40 mil integrantes - e daí é que foram deslocados os quase quinze mil usados nas quatro operações realizadas até aqui. Na próxima - mantida em sigilo -, será a mesma coisa.
O Estado está há dez dias circulando a pé, de metrô, de VLT, em horários diversos, incluindo a noite, por parte da zona sul do Rio - Catete, Flamengo, Largo do Machado, Botafogo, Copacabana, Centro. Não vimos nenhuma cena de violência, muito menos de guerra, e sim um clima de tranquilidade.
A verdade é que qualquer coisa que acontece no Rio, às vezes de menor gravidade, acaba ressoando para o Brasil e para o mundo. A impressão das pessoas que estão fora é que a cidade tem um assalto a cada esquina, que você anda se esquivando de balas perdidas pela cidade, que você não possa sair, andar pelas ruas, que não possa sair e ir a uma boate, a um cinema. Fica a impressão de que o Rio de Janeiro vive uma guerra - e não é bem assim. Essa imagem de guerra é um exagero meio midiático, não corresponde à realidade.
E qual é a realidade?
Existem sim algumas áreas de maior risco, de maior perigo, dominadas pelo tráfico, dominadas pela bandidagem. Existe moleque de rua, como existe em toda a cidade, existem moradores de rua - que tem aumentado muito, consequência talvez da crise social e econômica -, existem assaltos, roubos de carro, como existem em toda cidade do mundo. Mas quando acontece no Rio de Janeiro, ganha uma repercussão maior. Em consequência até disso, as organizações criminosas ganharam uma visibilidade que para elas é uma demonstração de poder quando aparecem na mídia nacional e internacional.
Como é que o sr. definiria, geograficamente, o Rio tranquilo, e o Rio dominado?
Toda a cidade do Rio de Janeiro pode ser considerada uma cidade normal, exceto nas áreas dominadas pelo tráfico, as comunidades, os morros, que as facções ocuparam, e impedem o acesso às ações do Estado. Aí eu incluo, além das facções criminosas, eventuais milícias, que fazem a mesma coisa.
Que balanço o sr. faz desse primeiro mês de atuação das Forças Armadas, com suas quatro megaoperações?
Houve uma primeira ação, em toda a área metropolitana do Rio de Janeiro, com 8.500 homens, que fizeram uma ação de presença, para marcar o início da operação e dizer "as Forças Armadas agora vão apoiar as forças policiais". Durou cinco dias. Depois houve três operações: Lins de Vasconcelos, 3.600 homens; depois Niterói, com 2.500, e agora a terceira, no complexo do Jacarezinho e adjacências, com 5.500 homens. São números das FFAA, sem contar as forças policiais.
Qual é a diferença da intervenção de agora para as anteriores - muito criticadas?
Nos grandes eventos anteriores - complexo do Alemão, favela da Maré - foram ações permanentes, ostensivas e duradouras. O Plano Nacional de Segurança Pública, que está sendo aplicado agora, tem uma nova proposta. São ações pontuais, e com objetivos bem definidos, de forma a apoiar os órgãos de segurança pública estaduais.
Com que objetivo?
Para que eles possam, com segurança, realizar as ações ou executarem os mandados de justiça que existem pendentes, como mandados de prisão, ou de busca e apreensão.
Como é que se define cada ação?
O Estado Maior Conjunto, que foi criado e está sediado aqui, no Comando Militar do Leste, faz um trabalho de inteligência que integra os conhecimentos das forças policiais e militares. Esse trabalho integrado, de inteligência e de planejamento, é que define as ações onde mais houver necessidade.
Está adiantando alguma coisa?
Não vai ter resultados imediatos. Não será apenas liberando uma área, ou duas, ou três, que se vai resolver o problema da segurança pública em todo o Rio de Janeiro. O que se pretende é, com várias ações, em vários pontos, tentar minimizar ou enfraquecer a criminalidade. Só ações policiais não vão resolver. É necessário que o Estado atue com as ações sociais e educacionais. Toda essa complexidade de medidas é que pretende levar a um resultado ao final aí de um, dois anos, ou talvez até mais, para que o problema de tantos anos possa ser pelo menos minimizado.
Ações que empregam milhares de milhares têm de ter algum resultado imediato, não?
Esse é sempre um parâmetro que se busca, comparar resultados. Mas a gente não pode fazer uma proporcionalidade entre o número de efetivos empregados por forças militares e os resultados obtidos numa certa operação.
Por que não?
Porque existem vários fatores que são utilizados para se chegar a uma conclusão sobre qual efetivo empregar em cada operação dessas.
Porque as Forças Armadas colocam tanta gente?
Porque trabalham com um princípio tradicional da guerra, desde a antiguidade, que é o princípio da massa: se um soldado é atingido, cem vão em cima de quem atingiu. É assim que os exércitos trabalham. O princípio da massa e o princípio da manobra, ou seja, a maneira como vai ser empregada, são fundamentais em qualquer operação militar. A massa e a manobra.
Qual é a diferença para os órgãos policiais?
Os órgãos policiais não trabalham com massa. Trabalham com equipe, dois, três, cinco, dez, uma grande operação às vezes vai ter cem. É diferente.
O tamanho da área a ser ocupada também obriga ao emprego da massa, não?
A outra razão de ser desse grande número é o perímetro ser ocupado de modo eficiente. Tem que ter gente para revistar, para identificar, para checar se aquela pessoa é realmente o que está dizendo, para revistar os carros, os porta-malas. Nessa última operação (no Jacarezinho) até o caminhão do lixo foi revistado. Porque o caminhão do lixo é um excelente meio para a bandidagem sair com material ilícito. Se a tarefa das Forças Armadas for bloquear, cercar, pode ter certeza que isso vai ser feito. Não vai passar ninguém. Então esse trabalho está sendo bem feito.
O fato de o militar ser treinado para a guerra não potencializa a ocorrência de conflitos?
Essa visão não é correta. A destinação constitucional das Forças Armadas - artigo 42 - prevê o emprego das FFAA na defesa da pátria e na garantia da lei e da ordem. As FFAA brasileiras tem experiências anteriores nesse tipo de operação. Além disso, existiu e ainda acontece, está terminando agora, a experiência do Haiti. Grande parte desses soldados que está sendo empregada aqui passou pelo Haiti. Outro aspecto a considerar é que o treinamento militar é realmente intenso no que diz respeito à guerra, e, também, no que diz respeito aos protocolos de abordagem, aos protocolos de contato com o inimigo.
Como assim?
Por uma questão de treinamento, de adestramento militar, o militar não atira a esmo. Só atira em alvos. Ele identifica como alvo o agressor e aí é que ele vai atirar. Só aí a redução de risco de bala perdida é muito grande.
Valeu a pena usar um efetivo tão grande para resultados julgados tão pequenos?
Foram pouquíssimos os casos de tiroteios ou trocas de tiro nas três operações realizadas até agora. Então, só a presença das Forças Armadas inibe, não há praticamente tiroteio. A bandidagem sentiu-se acuada. A bandidagem entendeu que não existe local onde ao poder de polícia não possa ser exercido. Então os valores que se busca já estão acima dos valores que se pode mensurar com o número de armas apreendidas ou quanto se gastou na operação.
A bandidagem aqui do Rio é muito profissional, tem uma bagagem de velhos carnavais. Nesses momentos em que a repressão fica ostensiva, a bandidagem se retrai inteiramente, os fuzis somem inteiramente, não porque ela se sinta inibida, mas porque não quer confronto.
Mas inibe temporariamente, embora não resolva o problema.
Esse recuo é uma estratégia da bandidagem - não por uma inibição diante da operação, mas porque decidiu recuar. Quando vocês saem, reaparece a bandidagem, reaparecem os fuzis... Como é que se enfrenta isso?
É isso que justifica uma forma diferente de enfrentamento do problema, como estamos fazendo agora com o Plano Nacional de Segurança Pública. É diferente das estratégias anteriores. O que se quer é atingir as organizações criminosas na sua infraestrutura de sustentação, na sua organização, na sua articulação, na sua capacidade de se armar, na sua sustentação financeira.
Nessa última operação vocês tiveram uma baixa, não?
Houve um tiro na mão de um soldado, de uma pistola, atiraram mesmo. Mas em três operações, com média de quatro mil homens, um soldado ser atingido na mão não significa praticamente nada. Ele já está medicado, não houve dano maior.
Qual é a origem dos efetivos que estão sendo usados nas operações?
Todos os efetivos estão localizados no Rio de Janeiro. Não veio ninguém de fora. As Forças Armadas tem 40 mil homens e mulheres aqui no Rio de Janeiro. Empregar 8.500 pessoas para nós é normal.
O sr. está otimista? Acha que agora vai?
O militar tem que acreditar no cumprimento da sua missão. Quem não acreditar, desiste e vai embora.
ESTADÃO/montedo.com
30 de agosto de 2017
Prestes a deixar Haiti, militares do Brasil são atacados em base da ONU no interior do país
Confronto ocorreu durante a noite quando um grupo tentou invadir a sede das tropas internacionais que tinha sido desativada em Port-de-Paix.
Soldados fazem segurança de base em Porto Príncipe, no Haiti (Foto: Tahiane Stochero/G1) |
Tahiane Stochero, Porto Príncipe
Tropas do Brasil foram alvo de criminosos por três noites seguidas na semana passada no interior do Haiti. O ataque ocorre às vésperas de os militares brasileiros deixarem a missão criada em 2004 para estabilizar a segurança do país caribenho (Minustah), após decisão das Nações Unidas de encerrar a operação internacional em 15 de outubro.
O confronto ocorreu durante a noite quando um grupo tentou invadir a sede das tropas internacionais que tinha sido desativada em Port-de-Paix, cidade de 462 mil habitantes no noroeste do país, segundo o general Ajax Porto Pinheiro, comandante militar da missão de paz da ONU no Haiti.
"Uma tropa do Paquistão que atuava para a ONU foi embora recentemente do país e nossas tropas brasileiras de engenharia foram lá fazer o desmonte das estruturas das Nações Unidas e entregar o terreno aos proprietários. Mandei as tropas de infantaria para proteger a base. Por três noites seguidas um grupo tentou invadir o campo de forma agressiva. Eram 15 homens que tentaram romper a cerca não só para arrombar, mas numa forma agressiva contra a tropa", afirmou o oficial.
O pelotão do Esquadrão de Cavalaria brasileiro usou bombas de gás, spray de pimenta e munições de bala de borracha para tentar conter os criminosos, ainda de acordo com o oficial. Os supostos invasores revidaram e os militares brasileiros, que estavam isolados, responderam, mas não fizeram disparos de arma de fogo. Houve feridos entre os supostos invasores, mas o número não foi divulgado. Também não há informações sobre o estado de saúde deles.
Em um outro momento, um novo grupo chegou a fazer um círculo com fogo em folhas de bananeira ao redor da base que estava ocupada pelos brasileiros, "tentando colocar fogo na grama circulando a base. Eles deram pedradas no sentinela e nos militares", disse o general.
General Ajax Porto Pinheiro, comandante militar da missão de paz da ONU no Haiti (Foto: Tahiane Stochero/G1) |
"A tropa do Brasil reagiu, usando sempre munição não letal. Acertamos algumas, e era para acertar mesmo. Usando as regras de engajamento (normas da ONU para resposta a ameaças) sempre atirando nas pernas, usando spray de pimenta e muita bala de borracha", salientou.
"Para nós foi uma surpresa porque em várias outras bases do Chile, Uruguai e Peru, em quatro bases no norte do país, fizemos este mesmo trabalho e não teve problemas", disse.
Para o general, o ataque pode ter sido motivado por uma gangue localizada "muito mais violenta do que imaginávamos. Chegamos perto de usarmos munição real, mas não foi necessário".
G1/montedo.com
Concurso para formação de sargentos recebe 111 mil inscrições para 1.100 vagas
Exército vai aplicar prova no dia 24 de setembro
Imagem: Divulgação |
O concurso de admissão para os cursos da Escola de Sargentos das Armas (EsSA) recebeu cerca de 111 mil inscrições na disputa pelas 1.100 vagas. O processo seletivo para sargentos do Exército Brasileiro é voltado homens e mulheres entre 17 e 24 anos de idade, com ensino médio completo. Após o curso de formação, os aprovados serão promovidos a terceiro-sargento, com soldo de R$ 3.584 em 2018.
A primeira fase do concurso, o exame intelectual, será realizada em um mês, no dia 24 de setembro. Os inscritos serão avaliados por meio de uma prova objetiva de Matemática, Português, História e Geografia, além de uma redação. Também haverá questões de teoria musial, para os candidatos da área música, ou de conhecimentos específicos de enfermagem, somente para candidatos da área saúde.
O processo seletivo também terá outras fases: valoração de títulos inspeção de saíde, exame de aptidão física, exame de habilitação musical (para os candidatos da área Música aprovados nas etapas anteriores), revisão médica e comprovação dos requisitos biográficos dos candidatos.
EXTRA/montedo.com
29 de agosto de 2017
Presença das forças armadas no Rio de Janeiro completa um mês
Presença das forças armadas no Rio de Janeiro completa um mês. O principal resultado é uma queda nos roubos de carga nas rodovias federais. pic.twitter.com/mZtKCuoYce— Jornal da Band (@jornaldaband) 28 de agosto de 2017
Enquanto isso, na fila da CS...
Cara aqui na fila tá falando que se pegar exército vai comprar um Honda Civic no 1° mês kkkkkkkkkkkkkkkkkkkk mds— Caio TBJ™® (@caioeuuf) 29 de agosto de 2017
28 de agosto de 2017
Míssil norte-coreano sobrevoa Japão e eleva risco de guerra no leste da Ásia
Governo japonês reage com irritação à manobra – que não ocorria desde 2009 - e aciona protocolo de segurança para habitantes da Ilha de Hokkaido
A tensão entre a Coreia do Norte e os EUA tem aumentado em razão das trocas de ameaças Foto: AFP PHOTO/KCNA VIA KNS |
TÓQUIO - Em uma nova ação de seu programa balístico, a Coreia do Norte lançou na manhã da terça-feira, 29 (no horário local) um míssil que sobrevoou o território japonês e ampliou as tensões no Leste da Ásia. O governo japonês reagiu com irritação à manobra – que não ocorria desde 2009. O projétil sobrevoou a Ilha de Hokkaido e se desmanchou em três partes antes de cair no Oceano Pacífico.
Em rápido pronunciamento à imprensa, o premiê japonês, Shinzo Abe, prometeu tomar os maiores esforços para proteger o público japonês. O sistema de alertas de antimíssil do governo japonês, que orienta a população a se proteger em situações como essa, foi acionado. As Forças de Autodefesa do Japão não abateram o projétil.
“É uma ameaça grave e sem precedentes para o nosso país”, disse o chefe de gabinete de abe, Yoshihide Suga. O ministro japonês afirmou que o teste é uma grave violação das diretrizes das Nações Unidas e pretende trabalhar com a Coreia do Sul para responder a ele.
De acordo com os militares sul-coreanos, o míssil partiu na direção do Mar do Japão, também conhecido como Mar do Leste, e sobrevoou o território japonês na Ilha de Hokkaido, a mais setentrional do arquipélago. O Pentágono também confirmou a informação.
“Nós podemos confirmar que um míssil lançado pela Coreia do Norte sobrevoou o território japonês”, disse o porta-voz do Departamento de Defesa americano, coronel Robert Manning. “Os Estados Unidos estão examinando as informações, mas o míssil não representa uma ameaça para a América do Norte.”
Os mísseis foram lançados às 5h58 da manhã de terça (horário do Japão). Um deles sobrevoou Hokkaido às 6h50 da manhã. O míssil voou 2,7 mil quilômetros antes de cair no Pacífico. O lançamento ocorre dias depois de a Coreia do Norte ter feito testes com mísseis de curto alcance – considerado por analistas uma resposta aos exercícios militares anuais conjuntos que a Coreia do Sul faz com os Estados Unidos e sempre eleva a tensão na região. Lançamentos de mísseis sobre o território japonês, no entanto, são raros e ocorreram apenas duas vezes nos últimos 20 anos: em 1998 e em 2009.
Recentemente, o embaixador da Coreia do Norte na ONU, Ja Song Nam, disse que os exercícios conjuntos entre Estados Unidos e Coreia do Sul eram uma agressão e a Península Coreana é uma “bomba relógio”.
No final de julho, o país testou um míssil balístico intercontinental (ICBM) e ameaçou atacar a Ilha de Guam, um território americano no Pacífico, depois de obter a capacidade de miniaturizar ogivas nucleares.
Kim Jong-un disse na ocasião que o míssil destinado a atingir Guam sobrevoaria o Japão durante o voo. O trajeto descrito pelo regime, no entanto, incluía províncias mais ao sul, como Hiroshima. Nos últimos dias, no entanto, os norte-coreanos deram sinais de que tinham desistido da ameaça ao prometer “observar os yankees por um pouco mais de tempo”.
Durante a troca de ameaças com Kim Jong-un, o presidente americano, Donald Trump, prometeu responder com “fogo e fúria” à ameaça do regime. “Coisas impensáveis acontecerão com eles se atacarem os Estados Unidos ou seus aliados”, disse.
Pressão
Apesar da retórica agressiva, com o auxílio da China, os Estados Unidos têm trabalhado para ampliar a pressão contra a Coreia do Norte.
No começo do mês, o Conselho de Segurança da ONU aprovou novas sanções contra Pyongyang, que implicam uma queda de até US$ 1 bilhão por ano as receitas que o país obtém com exportações.
Segundo o texto, negociado entre EUA e China, o governo norte-coreano não poderá exportar, direta ou indiretamente, carvão, ferro, chumbo e produtos de pesca.
“Todos os países deverão garantir que suas empresas e cidadãos não adquiram esses produtos de setores-chave da economia norte-coreana”, diz o texto.
Na sexta-feira, o Japão colocou em vigor o bloqueio a empresas que compram matéria-prima norte coreana. / AP,WPOST, NYT e REUTERS
O Estado de S.Paulo/montedo.com
Aviso aos navegantes..
Pessoal, estou ciente da nova portaria que alterou os interstícios para promoção dos graduados do Exército. Por muitos anos fui auxiliar de primeira sessão e sargento ajudante. Mas isso faz muito tempo. Ou seja, não sou a pessoa mais qualificada para esclarecê-los nesse assunto. Procurem a seção de pessoal de seus quartéis e peçam esclarecimentos. É o melhor caminho.
Após 13 anos, Brasil deixa o Haiti
Na quinta-feira, cerimônia em Porto Príncipe encerrará as atividades das tropas chefiadas pelo País
Soldados do último contigente brasileiro que integram as Forças de Paz da ONU fazem patrulhamento nas ruas da capital Porto Principe no Haiti Foto: 26º CONTBRAS/ EXERCITO BRASILEIRO |
Especial
Luciana Garbin, O Estado de S.Paulo
Chefiada há 13 anos pelo Brasil, a única missão de paz da ONU nas Américas começou com um telefonema. Em 2004, o chefe do Comando Sul dos EUA, general James Hill, ligou para o também general Francisco Roberto de Albuquerque, então chefe do Exército brasileiro. O americano queria saber se o Brasil tinha interesse em assumir o comando de uma missão de paz no Haiti. No país mais pobre do continente, já estavam marines americanos, tropas francesas e chilenas e helicópteros canadenses.
Ao lado do general Albuquerque em Brasília, o general Augusto Heleno Ribeiro Pereira ouviu a conversa. “Eu chefiava o Centro de Comunicação Social do Exército e estava com o general Albuquerque, quando ele recebeu o telefonema. Indiscretamente, acabei ouvindo e, quando ele desligou, avisei: ‘General, sou voluntário’. Na época, tinha 30 e poucos anos de Forças Armadas, mas nunca tinha ido para uma operação real. Era como médico sem doente”, lembra o general Augusto Heleno.
Poucas semanas depois, ele se tornaria comandante da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), que na próxima quinta-feira encerrará suas ações operacionais com uma cerimônia em Porto Príncipe. A partir daí, a responsabilidade pelo controle do país passará à Polícia Nacional do Haiti.
Após ter seu nome anunciado no Alto Comando do Exército, o general foi indicado para o Ministério da Defesa e daí para a ONU. Enquanto isso, começava no Congresso a discussão se valia ou não enviar tropas para o Haiti. Encarada no governo de Luiz Inácio Lula da Silva como chance de mostrar a capacidade do Brasil para se envolver em temas internacionais importantes, a participação do País na Minustah também ajudou a embalar a expectativa por uma vaga no Conselho de Segurança da ONU, que acabou não se concretizando.
“Meu tempo de preparação foi muito curto”, continua o general. “No início, foi penoso porque se conhecia pouco sobre a situação do Haiti. Era um país completamente estranho ao nosso dia a dia. Comecei a estudá-lo e a assistir à TV francesa, que fazia uma cobertura razoável.” Após uma sabatina na sede da ONU, em Nova York, ele voltou ao Brasil, arrumou as coisas e, uma semana depois, embarcou num voo da American Airlines. Chegou a Porto Príncipe em 29 de maio de 2004. “Ainda no avião, lembro que em nenhum momento pensei que estava no Caribe. Via áreas devastadas em termos de florestas, comunidades gigantescas e Porto Príncipe como uma cidade cinza. Mas já estava mais ou menos preparado: ninguém põe missão de paz num lugar sem problema.”
Aprovada no início para durar poucos meses, a participação brasileira na Minustah teve sua duração ampliada e suas estatísticas e ações infladas. Embora a segurança e a estabilização do Haiti fossem o mote, as Forças Armadas se dedicaram a várias ações sociais e de engenharia no país, incluindo atendimentos médico-odontológicos, distribuição de alimentos, pavimentação de ruas e abertura de poços.
Nos 13 anos de operações, 37.008 militares participaram da missão, a maioria do Exército. Um número bem maior que o do primeiro efetivo enviado em 2004, que somava 1,2 mil homens saídos da região gaúcha de São Leopoldo, onde, desde meados da década de 90, o Exército mantinha unidade preparada para atuar como tropa de paz, com integrantes treinados em Angola, Moçambique e Timor Leste.
O subtenente Fabiano Coradini Segatto, de 43 anos, foi um dos que participaram dessa primeira leva militar brasileira no Haiti. Desde 2002 no 19.º Batalhão de Infantaria Motorizado, ele passou seis meses na missão em 2004 e voltou novamente em 2015. “Como pessoa, essas experiências me fizeram amadurecer. Como militar, participar de uma missão de paz é uma forma de pôr em prática o que aprendemos nos treinamentos.”
É justamente a possibilidade de testar líderes e treinar milhares de militares em situação real que serve como justificativa para o montante de recursos gastos no Haiti – chamados no governo de investimentos. Entre 2004 e dezembro de 2016, o Brasil desembolsou cerca de R$ 2,5 bilhões com a Minustah, segundo dados disponíveis no Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal.
"Missão da ONU não ficará no Haiti para sempre"
Do total, R$ 930 milhões foram reembolsados pela ONU, de acordo com o Ministério da Defesa. As despesas variaram de ano para ano. Em 2004, foram cerca de R$ 148 milhões (com R$ 14,9 milhões reembolsados). Em 2010, ano em que um forte terremoto matou cerca de 300 mil pessoas no país, o montante atingiu R$ 673,8 milhões – a ONU devolveu R$ 159,2 milhões.
Militares que participaram da missão também destacam que o País ganhou pontos nas Nações Unidas pelo trabalho realizado. “O Brasil firmou um conceito pela capacidade de adaptação e de viver com alma uma missão numa realidade muito dura. Nunca vi pobreza como no Haiti. Até soldados de comunidades do Rio de Janeiro se chocavam com o que encontraram”, lembra o general Augusto Heleno. “Mas os brasileiros têm uma facilidade de relacionamento que ajuda muito. É o que os haitianos chamam de bon bagay, algo como boa gente, em crioulo.”
Depois de arrumar as mochilas e acondicionar em contêineres os blindados, armamentos e objetos que serão trazidos de volta, os militares de Rio, São Paulo e Caçapava, que formam o último contingente no Caribe, embarcarão para casa. As viagens serão feitas entre 10 e 17 de setembro. Em 15 de outubro, a base usada pelo País será oficialmente entregue à ONU.
Dos 21 contingentes de diferentes nacionalidades que chegaram a ser chefiados pelo Brasil, apenas dois permaneciam no Haiti até quinta-feira: o do Paraguai e o de Bangladesh. “As tropas que permanecerem (a partir de sexta-feira) estarão amparadas para usar a força, caso necessário, apenas para autodefesa e segurança das instalações da base e dos materiais a serem repatriados”, informou o Exército.
A Minustah é a quinta missão de paz no Haiti desde 1993. Para evitar que o fim dela mergulhe o país novamente na instabilidade, a ONU deve instituir uma nova missão por pelo menos mais seis meses. Com ajuda do Brasil, também está sendo feito um manual sobre emprego de tropas de engenharia.
“Nós nos tornamos referência”, diz o coronel de Engenharia do Exército Mário Pedroza da Silveira Pinheiro, que permaneceu no Haiti de maio de 2004 a maio de 2005. “Acho que a missão já se esgotou, cumpriu todas suas etapas”, afirma o general Heleno. Se ele se arrepende de ter se oferecido para chefiar as tropas em 2004? “De maneira nenhuma. Eu seria voluntário hoje para qualquer outra missão.”
DEPOIMENTOS
UPP Carioca
"A pacificação de Bel Air foi uma das prioridades imediatas. Era uma comunidade de casas velhas e deterioradas que antigamente tinha sido um bairro de classe média e ficava ao lado da área do palácio presidencial e de vários ministérios. A cada tiro que saía de lá, ligava uma autoridade para pedir ajuda. E tinha tiroteio de dois em dois dias. Um dia, um comandante do destacamento brasileiro veio com a ideia de pôr uma companhia de infantaria num quartel abandonado dentro de Bel Air. O prédio estava todo arrebentado, mas conseguiram recuperá-lo e instalaram ali um posto. Isso mudou totalmente nossa condição, pois passamos a atuar de cima para baixo e muito mais rápido. Quando tinha algum problema, já estávamos lá dentro. Depois, ativamos postos de saúde, pusemos médicos brasileiros lá dentro, melhoramos o colégio. E fomos ganhando a população. Haitianos passaram a ir de madrugada passar informações sobre bandidos. Isso ajudou muito na pacificação e foi o embrião das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) do Rio de Janeiro.”
GENERAL AUGUSTO HELENO PEREIRA
Macarrão instantâneo
“Como não sabia o que ia encontrar no Haiti, levei muita sopa em pó e macarrão instantâneo. Durante muito tempo, comi Miojo com parmesão que cozinhava num fogão de duas bocas de um posto de comando que caiu no terremoto. Depois, me falaram de restaurantes e ia quando a situação estava calma. Sempre sem segurança. A melhor propaganda da missão era o comandante andar sem segurança. Fiz muito isso.”
GENERAL AUGUSTO HELENO PEREIRA
Fogueiras
“Em Cité Soleil não se entrava sem carro de combate. Era um bairro tomado por gangues, com toque de recolher, onde éramos recebidos a tiros. As pessoas faziam fogueiras para impedir a circulação dos blindados e eles ficavam com a pintura chamuscada ao passar sobre o fogo. Fazíamos várias reuniões com líderes comunitários. Quando passamos o trabalho ao contingente seguinte, já havia patrulhamento na comunidade.”
SUBTENENTE FABIANO SEGATTO
Lasanha
“Estávamos num evento com integrantes do contingente da Jordânia e o comandante mandou fazer uma lasanha só com queijo, porque muçulmanos não comem carne de porco. Mas o cozinheiro achou muito sem graça e quis incrementar com presunto. Apesar do pedido de desculpas, os jordanianos se ofenderam, acharam um constrangimento e foram embora. O cozinheiro foi punido, tomou cadeia.” CORONEL MÁRIO PEDROZA PINHEIRO
ESTADÃO/montedo.com
Bolsonaro quer militarizar ensino no país e pôr general no MEC
ANNA VIRGINIA BALLOUSSIER
DE SÃO PAULO
Não dobrar short ou camiseta da educação física "para diminuir seu tamanho" nem usar óculos com "lentes ou armações de cores esdrúxulas".
Meninos: nada de "barba ou bigode por fazer e costeleta fora do padrão". Meninas: esqueçam o penteado "com mechas caídas". Tingir o cabelo de "forma extravagante" é proibido para todos.
"Contato físico que denote envolvimento de cunho amoroso (namoro, beijos etc.)" é infração até fora da escola, se o aluno estiver de uniforme.
As normas de uma escola dirigida pela Polícia Militar goiana seguem o rígido padrão disciplinar de instituições de ensino militarizadas. E, se depender do pré-candidato à Presidência Jair Bolsonaro, podem virar praxe no sistema escolar nacional.
Das 147 mil unidades públicas de ensino básico, cerca de 0,1% estão sob batuta militar. São 13 comandadas pelo Exército (há um projeto para implantar uma em São Paulo) e dezenas nas mãos de PMs estaduais –não há um órgão que centralize esse total, e alguns Estados não possuem o dado consolidado, mas sabe-se que Goiás lidera o ranking, com 36 colégios sob guarda da polícia e mais 18 previstos para 2018.
Bolsonaro diz que, se eleito presidente, multiplicará o modelo, fechando parcerias com as redes municipal e estadual. Reconhece ser impossível cobrir 100% da malha escolar, mesmo porque "faltariam recursos".
Mas as escolas militares "passariam a ser exemplares", pois nelas há "educação moral e cívica, cultua-se o respeito às autoridades, no intervalo não tem maconha, o pessoal corta o cabelo, cobra-se o dever de casa...".
À frente do MEC (Ministério da Educação), em eventual gestão sua, colocaria um general –alguém "que represente autoridade, amor à pátria e respeito à família", ao contrário de titulares recentes da pasta, diz.
Cita dois petistas: "[Fernando] Haddad? Pai do 'kit gay' [projeto para discutir homofobia e sexualidades nas salas de aula]. Aloizio Mercadante manteve a mesma política".
No começo de agosto, o deputado do PSC-RJ (que deve trocar de legenda para disputar o Palácio do Planalto) distribuiu em suas redes sociais vídeo de "um exemplo de ensino que deveria ser adotado em todas as escolas públicas do Brasil".
A visita, diz o parlamentar, foi um desagravo aos estudantes, alvos do programa "CQC", que naquele 2015 fez reportagem crítica sobre a escola onde "no corredor não tem bedel, tem policial, alguns com arma na cintura".
Antes de passar para o controle da PM, num acordo estabelecido em 2012 com a Secretária de Educação amazonense, a unidade tinha alunos receosos de deixar a mochila na sala para ir ao recreio –colegas poderiam roubá-la. Coibir a violência no ambiente escolar não é a única vantagem que Bolsonaro vê na militarização da educação.
Os índices de aprovação tendem a disparar nesses colégios, que costumam ficar entre os primeiros lugares do Enem.
Tudo isso é verdade, diz Renato Janine Ribeiro, que chefiou o MEC por seis meses na administração Dilma Rousseff. De fato, "existe uma preocupação muito grande" com "uma parcela da juventude muito sem limites", sobretudo após o caso da professora de Santa Catarina espancada por um aluno. E as escolas militares têm, sim, desempenho melhor no Ideb (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica).
Elas já ganharam simpatia até do senador Cristovam Buarque (PPS-DF). Ao defender a federalização do ensino básico, o também ex-ministro da Educação, no governo Lula, elogiou os colégios militares.
O problema é comparar maçãs e laranjas, afirma Ribeiro. Essas instituições "têm mais recursos", então é natural que se saiam melhor.
Para o filósofo, "é um erro, numa sociedade democrática, tentar colocar a formação militar –hierárquica e obediente– como ideal para todos os jovens", inquietos por natureza.
São eles, afinal, o futuro de um "país que sempre cultivou uma certa autoimagem de uma coisa mais alegre, mais solta nos costumes".
O pelotão de crianças e jovens fardados, diz, "deveria ser exceção, não regra".
Folha de São Paulo/montedo.com
27 de agosto de 2017
Próxima missão do Brasil sob mandato da ONU terá mais riscos
Parada mais provável até agora: a República Centro-Africana, onde 9.639 militares, mais 1.883 agentes policiais e 760 funcionários civis, integram a Minusca
Soldados das Tropas Especiais do Exército Brasileiro: modelo da unidade brasileira será o mesmo adotado no Haiti (Exército Brasileiro/Divulgação) |
Por Estadão Conteúdo
São Paulo – A próxima missão das Forças Armadas do Brasil sob mandato da ONU será na África. E será perigosa, com elevada possibilidade de ações de combate. Há oito destinos possíveis no continente – todos cenários de violentas lutas civis. O Comando do Exército considera o envio de 700 a 800 homens, o tamanho de um batalhão de infantaria, já no segundo semestre de 2018.
A parada mais provável até agora: a República Centro-Africana, onde 9.639 militares, mais 1.883 agentes policiais e 760 funcionários civis, integram a Minusca, sigla internacional da operação. O objetivo prioritário da ONU no país é proteger a população e ajudar o governo do presidente Faustin Touadéra a restabelecer condições de segurança interna, comprometida pela coalizão das milícias muçulmanas Séleka.
Havia duas outras fortes opções, o Sudão do Sul e o Mali, na negociação que passa pela Secretaria-Geral da organização e pelo Conselho de Segurança, em Nova York. Segundo o Ministério da Defesa, ambas tiveram baixa aceitação, “por questões de logística e risco alto”.
As conclusões são referenciadas pelo Projeto Seta, um estudo do MD que avalia por pontos específicos as implicações e demandas para o atendimento de cada provável local de participação.
O modelo da unidade brasileira será o mesmo adotado no Haiti. Terá o apoio de três diferentes tipos de blindados sobre rodas e veículos de transporte geral. O time vai incorporar duas novidades: equipes das Forças Especiais e elementos de Operações Psicológicas. Mais que isso: pela primeira vez desde a 2.ª Guerra, a Força Aérea terá aeronaves atuando em áreas de conflito.
Há dois meses em uma visita discreta, uma comissão do Sistema de Capacidades em Operações de Paz, agência da ONU para avaliação de tropas interessadas em integrar grupos de estabilização, esteve nas bases da FAB em Manaus e em Porto Velho.
O chefe do time, coronel Humauyn Chohan Zia, do Paquistão, considerou “bastante possível o emprego de meios aéreos do Brasil na África”.
Cinco aeronaves foram examinadas e selecionadas pelos avaliadores: dois A-29 Super Tucano de ataque leve, dois helicópteros multiuso H-60L Black Hawk e um cargueiro C-105 Amazonas. De acordo com Zia, o equipamentopoderá ser mobilizado para servir a mais de um grupo pacificador.
As condições em que uma tropa brasileira entraria em confronto direto na África são bem definidas pela regra da incumbência da ONU. “Isso (o choque armado) só aconteceria em defesa própria, reagindo a uma agressão, ou na garantia dos objetivos do mandato”, disse ao Estado um oficial do corpo de fuzileiros da Marinha, veterano do Haiti.
Para o militar, a hipótese clássica é a da retirada de civis que estejam sob ameaça rebelde em um vilarejo. Dependendo da situação, será preciso contar com cobertura aérea, fazendo a interdição de fogo, antes do pouso do helicóptero de resgate.
Interessa à política externa do Brasil continuar mantendo a presença nas missões da ONU. A embaixadora Maria Luisa Escorel de Moraes, Diretora do Departamento de Organismos Internacionais do Itamaraty, destaca que esse envolvimento “reflete os princípios fundamentais da Constituição Federal, como a defesa da paz e a solução pacífica de controvérsias”.
A diplomata lembra que o País apoia as operações desde o início, em 1947, quando uma missão foi despachada para os Bálcãs. “Desde então o Brasil já participou de cerca de 50 tarefas ao redor do mundo”. Maria Luisa ressalta que, “ao participar, o País demonstra concretamente sua disposição e a capacidade de assumir maiores responsabilidades em relação à paz e a segurança internacionais”.
Para a embaixadora, a iniciativa “evidencia, como buscamos fazer nos 13 anos de engajamento no Haiti, a relevância de uma abordagem integrada para a solução das crises; um tratamento que não se limite a respostas puramente militares, mas também considere a interdependência entre segurança e desenvolvimento”. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
EXAME/montedo.com
Raul Jungmann: "Não acabaremos com o crime da noite para o dia no Rio"
Germano Oliveira
Ele já foi comunista de carteirinha (membro do PCB, o famoso “partidão”) e adversário ferrenho dos militares que deram um golpe em 1964 exatamente para conter o avanço dos comunistas. Hoje, Raul Jungmann, de 65 anos, é o ministro da Defesa, que comanda os militares das três forças (Marinha, Exército e Aeronáutica). E lidera as casernas com o aval dos chefes do Estado Maior. “Eu cheguei ao cargo por sugestão dos militares, acatada pelo presidente Temer”. E é com esse respaldo que o pernambucano Jungmann, deputado federal por três mandatos pelo PPS e que foi ministro do Desenvolvimento Agrário de Fernando Henrique Cardoso, está à frente da Operação Rio, com o uso ostensivo de tropas das Forças Armadas para o combate ao crime organizado que tomou conta da rotina dos moradores da cidade. “Não vamos acabar com o crime da noite para o dia, mas vamos fustigá-lo. Não haverá trégua”, disse o ministro em entrevista à ISTOÉ. Para ele, o crime está incrustado no Rio e o tráfico já domina 850 comunidades cariocas.
Qual o balanço que o senhor faz da atuação das Forças Armadas no Rio? Com as tropas do Exército nas ruas a violência diminuiu?
As Forças Armadas estão no Rio para apoio às forças de segurança estadual. Não participam diretamente do confronto e nem ocupam comunidades. Dão apoio na área de inteligência e logística. Não se concebeu acabar com o crime da noite para o dia, mas fustigá-lo de forma contínua até atingir a sua capacidade de operação. Não haverá trégua. As operações irão até o final deste governo por decisão do presidente Temer.
Não é a primeira vez que tropas federais precisam socorrer o Rio. O senhor acha que a cidade precisa de forças do Exército permanentes?
Definitivamente, não. Por isso mudamos em relação às operações anteriores que se limitavam ao poder dissuasório com as tropas federais nas ruas. Equivalia a dar férias aos bandidos: tão logo as Forças Armadas deixavam as ruas, eles reapareciam e retomavam as atividades. Dessa vez a ação é continuada, sempre com o fator surpresa e a partir de um trabalho de inteligência.
Apesar dos tanques nas ruas, os criminosos continuam agindo. Os senhor acha que os traficantes perderam o medo das forças militares?
Como já disse, tanques e tropas nas ruas, crime de férias, o que dá uma sensação passageira de segurança. Portanto, não se trata de o crime perder o medo das Forças Armadas ou não. O crime organizado com base no tráfico de armas, drogas – e até de pessoas – ganhou dimensão transnacional. Quando chega nesse estágio, ele desafia o Estado. É disso que se trata no Brasil, de forma mais aguda no Rio, porque lá o conjunto da obra produziu um quadro de falência fiscal, com o crime incrustado no Estado, capturando instituições. É o estado paralelo. Demarcaram territórios. São quase 850 comunidades sob o controle do tráfico.
Antes, os tanques nas ruas equivaliam a dar férias aos bandidos: tão logo deixavam a cidade, os criminosos reapareciam. Agora, a ação é continuada
Parece que o problema é uma deficiência na legislação que não permite que o Exército suba morros e prenda traficantes. O senhor acha que o Exército precisa ter papel de polícia?
Não. As Forças Armadas não podem, nem devem substituir as polícias. Seria um desastre. Elas não são formadas nem treinadas para uma atuação policial. Agem com base na Garantia da Ordem e da Lei, no plano interno, sempre por convocação de um estado da federação, como determina a Constituição. Para dizer a verdade, fazem por submissão constitucional, mas não se sentem confortáveis nessa função, e eu concordo inteiramente com elas. A dificuldade jurídica maior é a desproteção do soldado submetido à justiça comum em caso de incidentes que o tornem suspeito de erro. Pretendemos que ele seja submetido à justiça militar. Na justiça comum ele pode levar até uma década para ter seu julgamento. A justiça militar é mais ágil.
Que a polícia carioca é corrupta todos sabem, mas como o senhor vê o papel de soldados do Exército vazando informações sobre operações aos traficantes?
Não se pode estender a toda a polícia do Rio esse diagnóstico. Em todas as corporações há problemas. Podemos admitir que lá ele possa ter ganho dimensão grave, mas a própria operação continuada vai ajudar a separar o joio do trigo. Quanto ao vazamento detectado, vale dizer que o lado positivo foi justamente a identificação do soldado, sua entrega à polícia estadual e sua prisão. A inteligência funcionou. É de se lamentar. Afinal, um dos problemas que dificultam o combate ao crime é justamente sua infiltração.
O senhor disse que cada operação chega a custar R$ 1,8 milhão. Não é muito dinheiro para se fazer operações que normalmente terminam com a apreensão de um ou dois fuzis?
Claro que há um custo alto, mas ele não pode ser avaliado pelos armamentos recolhidos em cada operação. Aliás, o metro de avaliação escolhido pela mídia carioca é a apreensão de fuzis. Bandidos presos, são mais de 60, drogas etc, não vale. Há outros resultados importantes, como prisões que ajudam à coleta de mais informações. A coleta de fuzis é consequência. O crime organizado perdeu a tranquilidade dos santuários. Na comunidade do Caramujo em Niterói, por exemplo, dentre outras, a polícia sozinha não entrava lá e nós entramos.
Como o senhor vê o fechamento de escolas no Rio durante a realização de operações em favelas?
O fechamento de escolas no Rio antecede as operações em curso hoje no Estado. Estas começaram em 29 de julho, mas já em maio a mídia noticiava que mais de três mil estudantes estavam sem aulas por conta da guerra entre facções por disputa de territórios. É o retrato mais nítido de como o crime subtrai às comunidades dominadas pelo tráfico. Infelizmente, a polícia não escolhe onde vai enfrentar o crime. Este sim é que leva ao medo e ao fechamento das escolas.
Por que o Rio chegou a esse estágio de descontrole?
O Rio chegou a esse ponto por subestimar o poder de articulação e conivência com o tráfico que infiltrou-se no Estado e demarcou territórios, até eleitorais. Ou seja, em determinadas áreas só é candidato quem eles permitem. Foi uma construção lenta e corrosiva. Múltiplos fatores contruibuíram nesse processo. Mas a captura das instituições do estado pelo crime e pela corrupção, associada ou não, foi decisiva.
Sabemos, também, que as armas vem do Paraguai. Não é possível acabar com o fluxo de armamentos para o crime organizado?
Temos fronteiras extensas, de quase 18 mil quilômetros. Não foi possível, até agora, manter tropas nessa magnitude. E, ressalte-se, as Forças Armadas atuam na fronteira subdisiariamente à Polícia Federal e demais órgãos. Agora estamos em alta tecnologia, desde corredores eletrônicos para aviões, que são obrigados a voar nele, onde podem ser escoltados até a pista ou, no limite, serem abatidos. Recentemente foi pego um com 600 quilos de cocaína.
Como está a crise na fronteira do Brasil com a Venezuela? O Brasil pode aumentar o efetivo na região para impedir uma entrada em massa de venezuelanos?
Com relação à Venezuela, nossa preocupação nesse momento é com os 17 mil brasileiros lá residentes e os refugiados. Quanto aos refugiados, já há um contingente no país, mas a previsão é de que se amplie. Na esfera política, minha avaliação é que nosso vizinho já é uma ditadura e caminha para uma situação crítica com a usurpação de toda e qualquer instituição democrática e repressão da oposição.
O Exército vem reclamando da falta de verbas para tocar projetos e melhorar o preparo dos soldados na caserna. Está havendo contingenciamento de verbas para as Forças Armadas?
Houve um contingenciamento de R$ 4,5 bilhões. Contingenciamento geralmente recai sobre as despesas de investimento. Então, até aqui não foi atingida a capacidade operacional, mas estamos no limite.
Temos fronteiras extensas, de quase 18 mil quilômetros. Não foi possível, até agora, manter tropas nessa magnitude
Como o senhor vê o clima entre os oficiais nas Forças Armadas em função da crise política? Eles acham que os políticos estão levando o País a uma crise institucional?
As Forças Armadas são hoje um ativo democrático do país. Extremamente profissionalizadas e disciplinadas. Tenho sempre respondido a esse tipo de pergunta da seguinte forma: para as Forças Armadas, tudo dentro da Constituição; nada fora da Constituição.
O senhor acha que o pior da crise política já passou, sobretudo depois que o presidente Temer afastou a possibilidade de ser processado pelo STF?
A crise política é da própria política, não é determinada pelo presidente Temer. Há uma transição no país, que passa por uma assepsia de costumes e práticas que durante muito tempo foram tolerados. Claro, esse governo navega em mar turbulento, mas consequência de todo um processo histórico. Vale lembrar que o Congresso, constitucionalmente, é juiz da admissibilidade do processo. E decidiu que a investigação não deve interromper o mandato. Depois disso, é com o STF. Acho que nesse sentido, o pior já passou.
O senhor acredita que o governo ainda vai conseguir aprovar as reformas importantes que ainda faltam, como a da Previdência?
Espero que o governo consiga aprovar a reforma da Previdência. Ela é inevitável, então quanto antes, melhor.
Como o senhor avalia a avalanche de denúncias de corrupção no País e os efeitos delas perante o eleitor?
A assepsia vivida pelo país é positiva. A classe política sofre as consequências, mas não só ela. Muitos outros segmentos têm sido alvos de investigações, o que é, repito, positivo. O país sairá dessa etapa melhor. O descrédito, infelizmente, existe, mas é a classe política que terá de encontrar a saída, a renovação, a mudança de cultura, enfim a conciliação com os novos tempos.
Seu partido, o PPS, deixou de apoiar o governo, mas o senhor continua no Ministério. O senhor acha que o PPS precipitou-se ao romper com o governo Temer?
O Ministério da Defesa é um ministério de Estado, que passa ao largo do teatro político. Eu cheguei a ele por sugestão dos militares, acatada pelo presidente Temer. Não foi uma indicação partidária. Não me consta que o PPS tenha rompido, mas talvez tenha se precipitado ao deixar o governo.
ISTO É/montedo.com
Revista 'O Monitor' está disponível na internet
Os ex-alunos da Escola de Sargentos das Armas acabam de ganhar um presente. As edições da Revista 'O Monitor' foram disponibilizadas, para ler on-line. Para fazer download, é necessário cadastrar-se gratutitamente no Calaméo. Brevemente, o link estará disponível na página da EsSA.
Para acessar, clique aqui.
26 de agosto de 2017
No Dia do Soldado, General Villas Bôas recebe pedidos de intervenção militar pelo Twitter
Não está nada fácil a vida do General Villas Bôas no Twitter. Sua postagem sobre Caxias e o Dia do Soldado foi respondida com diversos pedidos de intervenção militar, tomada de Brasília e 'falta de culhões', entre outros.
25 de agosto de 2017
Alcântara: parceria fracassada mandou 500 milhões para o espaço
Temer encerra parceria espacial em Alcântara
Brasil perdeu R$ 500 milhões com o projeto
Base de Alcântara (Divulgação/Divulgação) |
No pacote de privatizações, o governo inclui o fechamento definitivo da empresa Alcântara Cyclone Space.
Trata-se de uma joint venture do Brasil e da Ucrânia, com o propósito de utilizar a base de Alcântara, no Maranhão, para lançamento de satélites.
O problema é que o país não fez nenhum aporte na empresa. Antes do fechamento, o Brasil chegou a consultar a representação ucraniana em Brasília, mas não obteve resposta.
Desde que foi criada por Dilma Rousseff, em 2015, a empresa consumiu R$ 500 milhões. O dinheiro investido foi para o espaço.
Veja (Radar On-Line)/montedo.com
Militares aceitam discutir Previdência em troca de melhora da remuneração, diz ministro
Dyogo: temos problema de coerência dentro da Previdência
Estadão Conteúdo
A aprovação da reforma da Previdência é importante para tentar solucionar a desproporção que há entre as regras de aposentadoria para trabalhadores do setor público e do setor privado, afirmou o ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, nesta quinta-feira, 24. “Temos um problema financeiro grave, mas temos problemas sérios de coerência dentro do sistema. Alguns são mais beneficiados do que outros, e são exatamente esses (beneficiados) que mais resistem (à reforma)”, disse Dyogo, em entrevista à jornalista Miriam Leitão, na GloboNews.
O ministro lembrou que o déficit do INSS este ano deve ficar em R$ 185 bilhões, mas esse rombo corresponde a um universo de 30 milhões de segurados. Enquanto isso, no setor público, o déficit de R$ 75 bilhões atende apenas 1 milhão de aposentados e pensionistas. “É uma desproporção muito grande que vem de uma série de regras que permitem que servidor público se aposente mais cedo, ganhando mais e contribuindo proporcionalmente menos.”
Dyogo defendeu que a reforma da Previdência é uma necessidade premente do País, e que as mudanças nas regras não visam a prejudicar os aposentados, mas sim para garantir o pagamento dos benefícios agora e no futuro. “A Previdência está crescendo de uma maneira que está engolindo as outras coisas. Só do ano passado para este ano, o gasto cresceu R$ 50 bilhões, duas vezes o investimento do governo neste ano. Para o ano que vem, aumenta mais R$ 40 bilhões na nossa projeção”, disse.
O ministro explicou ainda que o governo quer evitar a sobreposição de discussões das reformas da Previdência dos civis e dos militares. É por isso que a proposta que atingirá os militares ainda não foi encaminhada ao Congresso Nacional. “A discussão é séria, temos tidos contínuas reuniões, e a proposta vai avançar”, garantiu.
Os militares também ficaram de fora da proposta do governo de adiar a concessão de reajustes salariais de 2018 para 2019. Segundo Dyogo, a classe foi excluída dessa iniciativa porque ganham menos do que os demais servidores e tiveram reajustes menores nos últimos anos. “Outra questão é que discutimos uma reforma de Previdência com militares que envolve remuneração. Os militares aceitam discutir Previdência em troca de melhora da remuneração”, disse o ministro.
ISTO É/montedo.com
Justiça Militar: avança na Câmara projeto de lei que prevê juiz de carreira presidindo Conselho de Justiça e julgando civis monocraticamente
Projeto de Lei que prevê o julgamento de civis somente por juízes de carreira da Justiça Militar é aprovado na CCJ
A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania aprovou o Projeto de Lei (PL) 7683/14, de autoria do Superior Tribunal Militar (STM), que promove reformas no sistema de Justiça Militar da União. A proposta segue para análise do Plenário, antes de iniciar o trâmite no Senado.
Pelo novo texto, o juiz civil e de carreira da Justiça Militar da União, atualmente conhecido como juiz auditor, passará a ser chamado de juiz federal da Justiça Militar. A nova nomenclatura expressa melhor a natureza do cargo, que é ocupado por um membro da magistratura e investido por meio de concurso público do Poder Judiciário federal.
Julgamento monocrático
Uma das principais alterações é o deslocamento da competência para o julgamento de civis, na primeira instância, que passará a ser feito exclusivamente pelo juiz federal de carreira. Atualmente quem julga todos os casos na primeira instância são os Conselhos de Justiça, órgãos colegiados e compostos por quatro juízes militares (oficiais das Forças Armadas) e mais o juiz federal.
Os Conselhos de Justiça passarão a ser presididos pelos juízes federais da Justiça Militar e não mais por um juiz militar. Com a mudança, o processo tende a ser mais célere, já que se manterá um mesmo juiz na condução de todo o processo; pois os militares que exercem a função de juízes nos Conselhos são escolhidos por meio de sorteios e substituídos periodicamente.
Pelo texto, também passa a ser competência do juiz federal da Justiça Militar julgar habeas corpus, habeas data e mandado de segurança, referente a matéria criminal, impetrado contra ato de autoridade militar. Excetuam-se dessa regra apenas os atos praticados pelos oficiais-generais, que continuam na alçada do Superior Tribunal Militar.
A organização da corregedoria na Justiça Militar também muda. As atividades de orientação judiciário-administrativa, fiscalização e inspeção das auditorias passam a ser exercidas por um ministro-corregedor, cargo a ser ocupado pelo vice-presidente do Superior Tribunal Militar. Hoje essas tarefas ficam a cargo de um juiz de primeira instância.
A proposta recebeu parecer favorável do relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP). “Destacamos que o Diagnóstico da Justiça Militar Federal e Estadual, produzido pelo Conselho Nacional de Justiça em 2014, concluiu que a existência da Justiça Militar como um ramo especializado do Poder Judiciário Brasileiro é essencial e indispensável para a manutenção do Estado Democrático de Direito, recomendando que as estruturas da Justiça Militar da União e das Justiças Militares estaduais sejam ‘aprimoradas, preservando-se sua constituição essencial original”, disse.
Alterações na proposta original
O relator foi favorável à emenda de adequação aprovada na Comissão de Finanças e Tributação, que exclui do texto a autorização para a instalação da 2ª Auditoria da 12ª Circunscrição Judiciária Militar, com sede na cidade de Manaus, por esta implicar aumento de despesa para a União. Segundo o relator, essa proposta não está acompanhada da estimativa do seu impacto orçamentário e financeiro.
Arnaldo Faria de Sá também concordou com emenda aprovada na Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, que exige exame psicotécnico para ingresso na carreira da magistratura militar. Pela emenda, o exame deve ser realizado com o emprego de procedimentos científicos destinados a aferir a compatibilidade das características psicológicas do candidato, com o perfil psicológico do cargo de juiz federal da Justiça Militar, cujos critérios objetivos deverão ser detalhados no edital de abertura do concurso ou em edital específico.
Veja a íntegra do relatório que aprovou o Projeto de Lei 7.683/2014
Com informações da Agência Câmara
STM/montedo.com
24 de agosto de 2017
Exército já treina mulheres para o front
Pela 1ª vez, alunas fazem exercícios bélicos; participação cresceu 82% em dez anos
Em Campinas. As primeiras mulheres brasileiras a serem treinadas para combate pelo Exército do Brasil já elevam o nível da turma; no futuro, poderão chegar a ser até generais Foto: Rafael Arbex / Estadão |
Especial
Vitor Hugo Brandalise
“Fogo à vontade!”, diz um tenente do Exército, erguendo o braço esquerdo, e o que se ouve depois é ensurdecedor. Em menos de um minuto, 88 tiros de fuzil, rajada que encobre a voz do tenente, o ruído dos quero-queros ali perto, os carros da rodovia ao longe. O vento traz um pouco de gás lacrimogêneo, que faz arder olhos e nariz, e a orientação é respirar normalmente.
Nada anormal no treino de tiro do Exército, na terça-feira, na escola preparatória de Campinas. Há, porém, na fileira de jovens alunos de 17 a 22 anos, de barriga no chão, dedo no gatilho e rostos camuflados, um detalhe impensável pouco tempo atrás: um conjunto de tranças bem firmes, de cabelos claros e escuros, que despontam dos capacetes balísticos e se movem com o forte recuo dos disparos.
Aqui, deitadas no chão, empunhando fuzis automáticos leves (FAL), estão as primeiras mulheres brasileiras a serem treinadas para combate pelo Exército do Brasil - uma instituição fundada em 1648 que, agora, parece querer tirar o atraso. Desde fevereiro, 37 alunas frequentam a escola campineira, porta de entrada para a formação de oficiais combatentes, inaugurando a presença feminina na linha bélica da força. Aeronáutica e Marinha já formam mulheres oficiais, respectivamente, desde 1996 e 2014. No Exército, elas compunham apenas quadros auxiliares, em funções administrativas ou de saúde - houve um aumento de 82% no número delas na Força em dez anos (4.447 em 2006, ante 8.110 no ano passado), mas eram só nos quadros complementares. A partir de agora, elas finalmente podem treinar para o combate, prosseguir para a Academia Militar das Agulhas Negras (Aman) e ter condições de ascender - levará décadas, mas agora podem - ao posto de general.
Esta é semana da instrução de tiro em Campinas, quando todos os 420 alunos se dedicam a esburacar a fileira de 20 alvos a até 100 metros. Atirando apoiada no joelho direito está Sarah Cassani Leite, de 18 anos, uma das alunas que, até o ano passado, só estudava para o vestibular e nunca havia pensado em seguir carreira militar. Foi aprovada na USP (Engenharia Bioquímica), Unicamp e Unesp (Engenharia Química), mas - para surpresa dos pais, não militares - escolheu cursar a Escola Preparatória de Cadetes do Exército (EsPCEx). “Optei por ela porque seria uma honra fazer parte do momento em que o Exército acreditou no potencial da mulher”, diz a jovem em um intervalo no treinamento. Eram 11 horas, Sarah havia passado a noite em claro, em serviço de guarda, e desde o nascer do sol participava de exercícios como pistas de obstáculos de 400 metros, além das séries de tiros. “Representamos a força que toda mulher tem, um Brasil mais inteligente e inclusivo, e não vamos decepcionar.”
A escola se preparou para receber as alunas ao longo do ano passado - o que incluiu o que foi chamado, dentro do Exército, de “situações extraordinárias”. Era tudo aquilo com o qual os militares nunca haviam lidado: namoro entre alunos (pode, desde que o comandante seja informado e que não demonstrem a relação afetiva dentro da escola), gravidez (pede-se uma licença), menstruação (o médico avalia casos em que a aluna não se sinta apta a treinos físicos). “Foram as discussões mais demoradas, pois nada disso era previsto em regulamento”, explica o coronel Marcus Alexandre Fernandes de Araújo, comandante da EsPCEx.
Para auxiliar no preparo, foram convocadas oito militares mulheres - três tenentes e cinco sargentos de outros lugares do Brasil. Elas percorreram as academias da Aeronáutica e da Marinha, que já têm essa experiência. “Uma das questões a esclarecer foi o índice a ser alcançado para instruções físicas, que não pode ser igual para homens e mulheres, por causa das diferenças de biotipo entre os sexos”, diz a tenente Vanessa Jorge, uma das instrutoras que vieram a Campinas. “A medida é o esforço. Há estudos que quantificam quanto se exige para uma tarefa, e com base neles definimos o que é o equivalente para cada sexo. O esforço para um homem fazer 20 flexões, por exemplo, pode ser o equivalente ao que uma mulher gasta para 10.”
Alunas e alunos formam turmas mistas na escola, para aulas teóricas e treinamentos militares. Há separação apenas no alojamento - foi criada uma ala feminina. Na escola, a palavra para definir a chegada delas é “isonomia”. “Precisamos é de um oficial combatente, que atenda às demandas do combate, seja homem ou mulher”, afirma o coronel Araújo. “Elas têm de fazer tudo o que eles fazem. Na próxima fase, na Aman (para onde vão os alunos aprovados na escola), haverá um nível alto, que não se pode mudar. O que importa é o produto final: combatentes capazes de superar os índices consagrados pela Força.”
Os resultados vêm sendo animadores: o ano ainda não terminou, mas até aqui a média das estudantes mulheres é superior à dos homens. “Elas estão alguns décimos à frente”, diz o comandante - para quem as alunas “puxam a turma para cima”. “Na Marinha e na Aeronáutica aconteceu o mesmo: os alunos homens se sentem estimulados a estudar mais também.”
Ainda não é isonômica, porém, a escolha de carreiras após a chegada à Aman. Depois de um primeiro ano com currículos iguais, homens poderão escolher entre Infantaria, Cavalaria, Artilharia, Material Bélico (logística) e Intendência (ligada à administração). Mulheres, porém, só poderão optar entre as duas últimas. Treinarão para o combate, mas ficarão no apoio. Dentro do Exército, esse início é visto como fase de experiência e, após análise dos primeiros anos, pode mudar. “Dependerá dos resultados na Academia”, diz o coronel Araújo. “Seis países latino-americanos permitem que as mulheres escolham qualquer arma. Então o Brasil ainda está atrasado, na comparação. De todo modo, é preciso destacar o mérito dessa abertura. É um avanço”, diz a pesquisadora Renata Giannini, do Instituto Igarapé, que estuda as mulheres nas Forças Armadas há dez anos.
No estande de tiro, um descampado cercado de eucaliptos a 4 quilômetros da EsPCEx, a aluna Sarah deixa a arma de lado para anotar os acertos no alvo. Ainda longe de terminar a jornada que duraria 16 horas, ela fez uma reflexão que extrapola os limites desta escola, sobre o caminho à frente. “A principal mudança que senti foi fora daqui, na forma como me vejo na sociedade. Não fico arrogante ou superior, pelas técnicas aprendidas, por esses tiros todos. Mas, sim, me sinto mais igual, como mulher”, disse, e voltou a empunhar o fuzil.
O Estado de S. Paulo/montedo.com
O Exército, a Medalha do Pacificador e as lições não aprendidas
A Medalha do Pacificador é uma das maiores honrarias concedidas pelo Exército Brasileiro. Para os militares profissionais, além do reconhecimento da Instituição, representa um expressivo acréscimo no mérito quando das promoções por merecimento.
Serviços relevantes
É concedida também aos 'cidadãos nacionais que hajam prestado relevantes serviços ao Exército', conforme a portaria que regula sua concessão. Historicamente, funciona como instrumento de aproximação entre a Força Terrestre e a classe política.
Cassação demorada
Desde o episódio do 'mensalão', a Medalha do Pacificador esteve no centro de uma polêmica que perdurou por anos, reavivada à cada vez que um político que a possuía era denunciado, processado, condenado e preso. Foi o caso dos ex-deputados José Genoino (PT-SP), João Paulo Cunha (PT-SP), Roberto Jefferson (PTB-RJ) e Valdemar Costa Neto (PR-SP). Então Comandante do Exército, o General Enzo Peri chegou a ser cobrado pelo Ministério Público Federal sobre o motivo da não cassação das condecorações aos politicos já condenados. Temeroso da reação de Dilma Rousseff, deixou ao sucessor, General Villas Bôas - ainda no governo da petista - a tarefa de cumprir a lei e cassar as honrarias do quarteto, três anos após a condenação pelo STF.
Lição não aprendida
Os militares comandantes parecem nao ter aprendido nada com o desgaste à imagem da instituição, provocado pela concessão da Pacificador a políticos que acabaram por ser condenados pela Justiça.
Este ano, nas comemorações do Dia do Soldado, mais de cem personalidades civis irão receber a honraria. Juntamente com juízes, desembargadores, ministros, e procuradores, entre outros, três senadores e dez deputados federais serão condecorados.
E daí, Montedo?
Nada demais, afinal, todos devem, de algum modo ter 'prestado relevantes serviços ao Exército', não é mesmo? Mas - e há um mas em quase tudo - custava algum membro da Força Terrestre consultar o Vigie Aqui? Trata-se de um plugin que pode ser instalado gatuitamente no celular ou tablet e funciona assim:
Ao passar o cursor no nome de um político, em qualque página da internet, acontece isso:
É uma barbada! Lá está toda a 'folha corrida' do cidadão, com links para consulta dos processos aos quais responde, acompanhados de um breve resumo. Foi o que este blogueiro fez. Resultado: dos treze políticos que irão receber a Medalha do Pacificador na data consagrada ao Duque de Caxias, o maior Herói das Forças Armadas brasileiras, seis respondem processos diversos, por peculato, improbidade administrativa, desvio de verbas, corrupção passiva e caixa dois.
Aos dados!
Senador Eduardo Braga ( PMDB - AM)
É
investigado pois, segundo o Ministério Público, narrou o delator a ocorrência
de ajuste entre o Grupo Odebrecht e o então governador do estado do Amazonas,
Eduardo Braga, para que fossem feitos pagamentos em seu favor relativamente à
construção da ponte do Rio Negro. Nesse contexto, informa-se o repasse de R$
1.000.000,00 (um milhão de reais), conforme planilha apresentada pelo
colaborador Luiz Eduardo da Rocha Soares. Após a eleição de Eduardo Braga ao
cargo de senador da república, as solicitações de pagamentos passaram a ser
feitas por José Lopes, empresário supostamente ligado ao governador do estado
do Amazonas, Omar Aziz. Todos esses pagamentos teriam como objetivo o
favorecimento do consórcio, integrado pela Camargo Corrêa e Construbase, no que
se refere à conquista do projeto.
Processos nº 0206572-51.2010.8.04.0001 - TJ - TJ - AM - COMARCA DE MANAUS - PROCESSO Nº 0206572 - 51.2010.8.04.0001 Processos nº 0243185-07.2009.8.04.0001 - TJ - AM - COMARCA DE MANAUS - PROCESSO Nº 0243185 - 07.2009.8.04.0001 Processos nº 0752476-08.2008.8.04.0001 - TJ- AM - COMARCA DE MANAUS - PROCESSO Nº 0752476 - 08.2008.8.04.0001 Inquérito nº 4429/2017 - STF
Senador Otto Alencar (DEM/BA)
|
Deputado Federal Alexandre Baldy (PTN/GO)
Deputado Delegado Edson Moreira (PR/MG)
É alvo de
inquérito que apura peculato (uso de cargo público para obter vantagens
pessoais). Moreira é acusado de desviar verba recebida a título de diárias para
fazer reparos em viaturas, enquanto era delegado da polícia civil mineira.
É alvo de inquérito que apura crimes contra a administração pública e peculato. Segundo a acusação, Moreira teria participado da chamada "farra dos honorários no Detran-MG", esquema de desvio de verbas revelado em 2013 pela corregedoria da polícia civil de Minas Gerais. Os envolvidos receberiam honorários por atuação em bancas examinadoras do Detran, embora não houvessem prestado o serviço de fato. Inquérito nº 4016/2015 - STF |
Deputada Bruna Furlan (PSDB/SP)
Foi condenada por improbidade administrativa a pagamento de multa civil e proibição de contratar com o poder público por três anos. A justiça considerou procedente a acusação de promoção pessoal e propaganda da pré-candidatura de Carlos Zicardi (PMDB) a prefeito em 2012 nos eventos “Agitaí”, entrega de kits esportivos no ginásio José Corrêa e programa “Nosso Abraço”, evento comemorativo de 100 anos da Assembléia de Deus no Brasil no município de Barueri em 2011. A parlamentar recorre em segunda instância: Ação civil pública nº 0012112-74.2012.8.26.0068 - TJ - TJ-SP - Apelação cível nº 0012112-74.2012.8.26.0068 |
Deputado Onyx Lorenzoni (DEM/RS)
Investigado pois segundo o Ministério Público, o delator narra que se aproximou do parlamentar investigado, dizendo a ele em reunião que “estamos percebendo o seu desempenho, a sua conduta, e nós gostaríamos de termos aí como um parceiro futuro nas suas atividades como deputado federal” (fl. 4). Nesse contexto, realizou-se, a pretexto de auxílio para a campanha eleitoral do ano de 2006, um repasse de R$ 175.000.00 (cento e setenta e cinco mil reais), operação registrada no sistema “Drousys” e não contabilizada. Inquérito nº 4400/2017 - STF |
Fichas limpas. Isso basta?
Sim, eu sei que todos os indicados são 'fichas limpas', pois cabem recursos em todos os processos. Tecnicamente -admito - todos estão em condições de receber a honraria. A questão é: isso basta? Se o objetivo é político - e é! - me parece que mais uma vez os estrelados darão um tiro no pé, como se diz no jargão militar.
A cassação da Pacificador é prevista para o civil que 'tenha sido condenado pela justiça do Brasil, em qualquer foro, por sentença transitada em julgado, por crime contra a integridade e a soberania nacionais ou atentado contra o erário, as instituições e a sociedade brasileira'.
Pelo andar da carruagem, logo ali à frente, o EB vai se deparar com situação análoga aos 'mensaleiros' que citei acima, ou seja, vai sofrer um massacre da mídia, cobrando a cassação das medalhas de políticos condenados.
Pensando bem ...
A Força poderia passar sem essa e o Duque Glorioso poderia continuar repousando em paz.