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11 de maio de 2010
IME: MINISTÉRIO PÚBLICO MILITAR CRIA FORÇA-TAREFA PARA INVESTIGAR CARTEL
O Ministério Público Militar (MPM) criou uma força-tarefa para investigar o cartel montado por militares e ex-militares do Exército para vencer licitações de cartas marcadas no Instituto Militar de Engenharia (IME), centro de excelência na área de engenharia. A Procuradoria de Justiça Militar designou mais promotores e assistentes para esmiuçar o complexo esquema no qual pelo menos R$ 15,3 milhões foram pagos a 12 empresas cujos sócios são parentes ou possíveis laranjas dos militares, como O GLOBO revelou no último domingo.
Entre os envolvidos, haveria pelo menos oito militares: um coronel e um major, além de capitães e tenentes. Também há ex-militares e civis no esquema. Por causa disso, o MPM terá que desmembrar o processo, o que deve acelerar as investigações. Em janeiro deste ano, foi instaurado um procedimento na instituição para apurar o caso. Há indícios de que militares da mais alta patente, como generais, também tenham se beneficiado.
Empresas estavam em nome de parentes e laranjasA maioria das empresas foi criada em 2004, quando o esquema funcionou a pleno vapor. As firmas recebiam os pagamentos quase que de imediato, algo incomum no serviço público, exceto em casos de emergência. As empresas atuavam, principalmente, nas áreas de informática e de meio ambiente. Algumas delas teriam prestado serviços de consultoria para melhorias na BR-101.
Um dos acusados, o major Washington Luiz de Paula, tem cinco pessoas de sua família no esquema: o sogro, duas cunhadas, um cunhado e um sobrinho. Além de parentes, havia laranjas como sócios das empresas, como o desempregado Alfredo Balbino, morador de um bairro pobre de São Gonçalo. Ao ver documentos obtidos pelo GLOBO na Receita Federal, Balbino tomou um susto:
- Falsificaram até a minha assinatura. Usaram os dados da minha carteira de identida$eidentidade do CPF, mas eu nunca perdi os documentos, nem sequer fui assaltado. Isso tem que ser esclarecido perante a Justiça.
Balbino identificou entre os sócios a sobrinha Gleice Regina Balbino e um vizinho, o garçom Deleon Alves dos Santos. Todos moradores de São Gonçalo e possíveis laranjas.
De acordo com dados do Portal da Transparência do Governo Federal, as empresas prestaram serviços durante um convênio entre o IME e o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), à Escola de Saúde do Exército, ao Batalhão de Manutenção e Armamento, ao Centro de Estudos de Pessoal e ao Colégio Militar do Rio de Janeiro.
O GLOBO