25 de setembro de 2010

CLUBE MILITAR DEBATE RESTRIÇÕES À LIBERDADE DE IMPRENSA

Militares da ativa e da reserva formaram maior parte da plateia.
Manifestantes da União da Juventude Socialista fizeram protesto.

Aluizio Freire
O Clube Militar realizou na tarde desta quinta-feira (23) um debate com o tema “A democracia ameaçada: restrições à liberdade de expressão”, na Avenida Rio Branco, Centro do Rio, com a participação dos jornalistas Merval Pereira e Reinaldo Azevedo e do diretor de assuntos legais da Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), Rodolfo Machado Moura.
Diante de uma plateia de 400 pessoas, em grande parte formada por militares da ativa e da reserva, os participantes debateram se há risco à liberdade de imprensa no Brasil. Entre os pontos de partida da discussão, esteve a afirmação recente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de que a “alguns jornais e revistas” agem como um “partido político".
Para o jornalista Merval Pereira, o governo dá sinais de que o Estado deve ser o controlador absoluto da informação e da produção cultural do país. "O presidente Lula se irrita com denúncias sobre corrupção porque é tudo que ele não quer ver publicado. É uma visão autoritária do governo. Lula é muito mais uma figura autoritária, que não admite contestação, do que uma pessoa que esteja à frente de um projeto socialista. Mas a sociedade brasileira é muito amadurecida, moderna, e não aceitaria qualquer tipo de restrição à liberdade de expressão”, afirmou.
O jornalista Reinaldo Azevedo disse que “há uma ameaça à democracia”. "Há uma ameaça à liberdade de imprensa, sim. O chavismo do Lula testa os limites. Essas ameaças são tentadas pela via legal. Pregam a censura à imprensa porque o próprio Lula deu o sinal ao dizer que ‘o verdadeiro partido de oposição é a imprensa’. Existe uma contaminação do processo democrático por vias autoritárias”, declarou.
Durante o debate, pelo menos 20 pessoas fizeram uma manifestação na porta do Clube Militar, liderada pela União da Juventude Socialista (UJS). O protesto seria, entre outros motivos, contra a escolha da local para debater o tema. Reinaldo Azevedo comentou o episódio. “Se os militares estão defendendo a democracia é porque eles aprenderam alguma coisa. Evoluíram. Agora esse pessoal que está lá fora, não”, disse.