O jornal francês Le Monde diz em sua edição desta sexta-feira que o  governo brasileiro está "brincando com o nervos" da França ao adiar o  anúncio sobre a compra de caças, que vem sendo prometido há meses.  
O Rafale francês, fabricado pela Dassault, disputa a licitação  para a venda de 36 aeronaves para a Força Aérea Brasileira (FAB) com o  Gripen NG, da sueca Saab, e o F-18 Super Hornet da americana Boeing, em  um negócio estimado em pelo menos US$ 6 bilhões.  
Na terça-feira, o ministro da Defesa, Nelson Jobim, declarou que a  decisão sobre os caças será anunciada logo depois das eleições.  
"Há meses o governo brasileiro brinca com os nervos das  autoridades e industriais franceses ao demorar para dar sua resposta"  sobre o negócio bilionário, disse o jornal.  
Estratégia           
O artigo de capa do Le Monde diz que o presidente brasileiro Luís  Inácio Lula da Silva decidiu adiar várias decisões importantes para não  prejudicar a candidatura de Dilma Rousseff nas eleições presidenciais.  
"Nada deve vir perturbar a marcha triunfal de Dilma Rousseff em  direção ao poder supremo na eleição presidencial de outubro", diz,  acrescentando que o presidente Lula, preocupado em "não causar nenhum  embaraço, por menor que seja, à sua herdeira política, tomou o cuidado  de deixar dormindo vários dossiês sensíveis".  
Segundo o jornal, resta ao governo francês, diante do silêncio  brasileiro, reafirmar periodicamente sua "confiança" em relação à  vitória na licitação, lembrando que Lula e o ministro Jobim já  expressaram sua preferência pelo Rafale.  
Outro assunto polêmico que Lula preferiu adiar é o caso de Cesare  Battisti, escreve o Le Monde, afirmando que Lula é contrário à  extradição do ativista italiano, já autorizada pelo Supremo Tribunal  Federal brasileiro.  
O jornal afirma que Lula "não quer dar à oposição a oportunidade  para utilizar esses assuntos e causar dificuldades para Dilma Rousseff".  
Mas o diário francês escreve que Dilma, "herdeira política de  Lula", está protegida, em razão das pesquisas de opinião, de qualquer má  surpresa.  
"Ela pode esperar vencer já no primeiro turno, com mais de 50% dos votos", diz o Le Monde. 
