20 de outubro de 2010

MATADORES DOS CAPITÃES VÃO À JULGAMENTO EM MG

Começou 2ª feira, às 13h30, no Tribunal do Júri do Fórum Benjamin Colucci, o julgamento dos dois réus do caso dos assassinatos de dois capitães do Exército. O crime ocorreu na saída de uma festa realizada em uma casa noturna, em maio, no Bairro Aeroporto. Adilson Santos, 38 anos, conhecido como Oreia, e David Azevedo Marques, 21, o Pimentinha, foram ouvidos e deram versões distintas para o episódio da madrugada de 13 de maio. Pimentinha assumiu a culpa pelo duplo homicídio e confirmou ter descarregado uma pistola 380 milímetros, com 19 munições, nos militares Eleonardo Sabadini dos Santos, 29, e Daniel Azevedo Borges de Lima, 32. O conflito teria começado dentro da boate por causa de uma mulher. Segundo Pimentinha, um dos militares teria assediado uma das moças que estavam com o grupo. Já do lado de fora, ele contou que Adilson e Wagner, um terceiro suspeito que continua foragido, teriam ido ao encontro dos capitães que estariam em uma barraca de cachorro-quente.
“Eles foram conversar com os caras. Fiquei para trás. Parecia que estavam armados, pois vi um colocando a mão na cintura. Peguei minha arma no carro e cheguei atirando pelas costas. Um (Daniel) caiu. O outro (Eleonardo) correu, e eu fui atrás dele, atirando até descarregar a arma”, contou Pimentinha ao juiz do Tribunal do Júri, José Armando Pinheiro da Silveira.
Antes dos disparos, porém, o réu disse que o trio - ele, Adilson e Wagner - teria saído da boate para comprar energético em um posto de combustível. Eles teriam sido avisados por um quarto envolvido - que está solto - que os capitães teriam deixado a boate. Os oficiais foram mortos quando o trio retornou, por volta das 3h30. Segundo o exame de necropsia do IML, Eleonardo foi atingido por 14 tiros, enquanto Daniel teria sido alvejado oito vezes. Questionado por um dos oito jurados , Pimentinha relatou que não possui porte de arma e disse ter comprado a pistola por R$ 500 de “viciados” do bairro. Ele ainda confirmou que fugiu com Wagner para uma casa na favela da Rocinha, no Rio, onde foi encontrado pela Polícia Civil, em 22 de maio. Apesar das respostas ao juiz, Pimentinha negou-se a responder as perguntas do Ministério Público, representado pelo promotor Otônio Ribeiro.
O marceneiro Adilson Santos, 38, também preferiu não responder aos questionamentos do promotor e, ao falar para o juiz, negou participação no assassinato e disse ainda que não viu os disparos contra os oficiais, versão contrária à do outro réu. Em depoimentos, durante audiências preliminares, três capitães do Exército que estavam com as vítimas disseram que Adilson se parecia muito com o homem que atirou primeiro em Daniel.
Um segurança da boate e única testemunha de defesa só apareceu no tribunal após ser localizado pela PM a pedido do juiz. O julgamento foi acompanhado por oficiais do Exército do Rio, onde estavam lotados os militares, e por familiares das vítimas. Uma irmã de Daniel, que mora em São Paulo, esperava por Justiça. “Não acredito que só um tenha atirado. O Eleonardo teve o rosto desfigurado, pois a maioria dos tiros atingiu seu rosto. O mais triste é ver que tudo aconteceu por um desentendimento na noite. Agora queremos Justiça.” Até o fechamento desta edição, o julgamento ainda não havia sido encerrado. A previsão era de que os trabalhos continuassem até a madrugada desta terça.
TTRIBUNA DE MINAS