19 de dezembro de 2010

HAITI: CAVALARIANOS GAÚCHOS INTENSIFICAM PREPARATIVOS

3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada prepara primeira tropa para atuar na Força de Paz do Haiti
Calvin Furtado
Com o objetivo de manter um ambiente seguro e estável no Haiti, um grupo de 136 militares da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada treina de forma intensiva para ajudar a reerguer aquele país. Os pelotões de Bagé, Jaguarão, Santana do Livramento e São Gabriel que compõem o 4º Esquadrão de Fuzileiros Mecanizados de Força de Paz está reunido pela segunda vez na cidade para aprimorar as instruções.
Os pelotões realizam treinamentos específicos desde setembro e embarcam para Porto Príncipe, capital do Haiti, no dia 17 de fevereiro. Desde a última segunda-feira até o dia 23, os militares ficam em Bagé. No dia 7 de janeiro até o dia 29, o esquadrão reúne-se em Pelotas para o intensivo de imersão na missão. Lá, o grupo terá o contato com outros militares que virão do Rio de Janeiro especificamente para o treinamento.
O esquadrão é composto por 49 homens de Bagé, 36 de São Gabriel, 36 de Santana do Livramento, 29 de Jaguarão, além de um médico de Francisco Beltrão, no Paraná. A locomoção do grupo se dará em sete vôos programados para ocorrer de três em três dias a partir da data do embarque. De acordo com o comandante do esquadrão, o major carioca Paulo Noleto Queiroz Filho, 40 anos, o grupo viaja com o propósito de dar suporte às ações humanitárias dirigidas ao povo haitiano.
- Vamos manter a segurança de Porto Príncipe e suas imediações. Sabemos que não vamos resolver o problema no Haiti, mas vamos prestar todo o apoio necessário solicitado. Espero que possamos estar preparados para dar apoio e suporte àquelas pessoas, afirma.
O major esteve no Haiti por uma semana no mês de outubro. Segundo ele, a maior preocupação é na ajuda humanitária frente aos desastres ambientais. Queiroz conta que por não existir florestas nem vegetação nas encostas dos morros, ocorrem muitas enchentes, além da temporada de furacões na América Central.
- A grande diferença da atuação militar no Haiti é a postura do soldado brasileiro frente ao povo haitiano. Enxergamos eles com uma postura amistosa, já que se trata de um povo que precisa de ajuda. Claro que isso depende da resposta do cidadão, mas é por isso que todos os exercícios são simulando a realidade, explica.

A expectativa dos militares
Em meio aos treinamentos com oficinas específicas, como simulação de combate em favelas, treinamento de luta corporal, tiro, revista de pessoas e abordagem à veículos os militares vão aprimorando o sentimento de união. O sargento Odirlei Antunes da Silveira, 32 anos, natural de São Gabriel, explica que dentro do grupo não há desmobilização.
- A gente sabe que chegando lá teremos que ajudar os haitianos, mas vamos embarcar com 30 homens e vamos voltar com 30 homens. Não existe nenhuma desavença aqui, já nos consideramos uma família. A saudade da família vai ser difícil, mas todos sabem que eu me dedico ao serviço, me empenho e terei uma oportunidade ímpar, as minhas filhas vão se orgulhar, afirma.
Antunes tem três filhas com idade entre 4 e 11 anos, além da esposa. Ele já se prepara para ficar de 6 a 7 meses imerso em uma realidade completamente diferente, e essa será sua primeira experiência fora do país.
- Vamos manter o ambiente seguro e estável por que queremos representar bem o nosso país. Me considero um felizardo, além da experiência profissional é experiência para a vida.
Quem pode explicar bem a sensação de ter participado de uma missão de paz é o sargento Adilar Massagão Villar, 38 anos, natural de Dom Pedrito, que esteve no Haiti no segundo semestre de 2008. Segundo ele, o que mais mexe com o soldado é observar de perto a miséria e a fome.
- O que é mais gratificante é tu saber que tu ajudou. A gente volta de lá muito mais humano. É uma satisfação pessoal e profissional, a vivência e experiência eles vão levar pra vida inteira. É um sentimento de dever cumprido, por que cada um sabe que contribuiu com a sua parcela, explica.

Tropa entra para história da 3ª Brigada
Os militares que viajam para o Haiti entrarão para a história da 3ª Brigada de Cavalaria Mecanizada. O major Queiroz lembra que desde a Guerra do Paraguai, e a mobilização para a segunda Guerra Mundial, a 3ª Brigada não envia tropas para o exterior. Apenas militares isolados foram deslocados para atividades semelhantes.
- O conhecimento adquirido no Haiti vai ser difundido no restante da tropa aqui. As habilidades servirão para lidar com situações urbanas semelhantes no Brasil. Trata-se de um treinamento que se for necessário, inclusive, temos capacidade para atuar no Rio de Janeiro, analisa.
Queiroz ressalta que é importante o povo da região saber que tem existem pessoas preparadas para prover segurança em nível nacional dentro de Bagé. O major adianta que antes do embarque da tropa haverá uma formatura dos 136 militares.