23 de janeiro de 2011

HAITI: CLAUDINEI QUIRINO RELEMBRA SUA INFÂNCIA AO VISITAR ORFANATO EM PORTO PRÍNCIPE

Criado em orfanato, Claudinei Quirino volta ao passado em visita ao Haiti
Medalhista olímpico se emociona ao conhecer crianças órfãs vítimas do terremoto de 2010 pouco antes de saber que teria um filho

João Gabriel Rodrigues
Claudinei Quirino se emociona ao conhecer orfãos
da tragédia (Foto: João Gabriel / Globoesporte.com)
Quieto em um canto, Claudinei Quirino ouvia a música evangélica “Entra na minha casa”, de Regis Danese, com um coro de 52 crianças de um orfanato em Croix-des-Bouquets, distrito ao lado da capital Porto Príncipe. Ao contrário dos outros atletas que participam da Jornada Haitiana do Esporte pela Paz, o medalhista de prata nos Jogos de Sydney, em 2000, apenas olhava. Criado em um orfanato no interior de São Paulo até os 15 anos, o ex-velocista não soube como agir quando um soldado brasileiro foi ao seu lado com duas meninas no colo. Saiu de perto e chorou. Suas lembranças daquela época estavam todas de volta.
No orfanato Soldadinho da Paz, metade das crianças perdeu toda a família no terremoto que destruiu parte do Haiti em janeiro do ano passado. Ajudado por alguns soldados brasileiros desde 2004, o lugar tem até uma frase em português escrita em uma das paredes: “Até aqui Senhor nos ajudou”. Na tarde de sexta, Quirino participou de uma visita ao local e se emocionou.
- Às vezes, essas lembranças adormecidas voltam. Como quando os soldados estavam dando bexigas de ar para as crianças e eu lembrei de como eu gostava de brincar com isso. Você acaba lembrando de um monte de coisa. A vontade que você tem é de dar todo o dinheiro que você tem para aquelas crianças.
Claudinei chegou ao Haiti na última terça-feira. Desde então, tem visto a dor e a pobreza de um povo ainda longe de se recuperar do desastre natural e vítima de epidemias e problemas políticos constantes. Ainda assim, se surpreendeu pelo sorriso das crianças durante a visita ao orfanato.
- Eu achava que tinha conhecido muita coisa nesse mundo. Mas aqui é tudo diferente. Vi pessoas morando em um cemitério porque era o único lugar que conseguiram ficar. Vi gente tomando banho com água do esgoto. É para o cara pensar sobre o que está fazendo da vida. Mas no orfanato, estava todo mundo sorrindo. O gostoso é isso. Ninguém queria nada, ninguém pediu nada. Elas só queriam carinho. Era como se eu olhasse para trás. Foi emocionante.
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