2 de fevereiro de 2011

ESSE TEM "AQUILO" ROXO!

Já publiquei diversos artigos do Coronel Hiram Reis e Silva neste blog. Entretanto, este merece um destaque especial, pelos fatos nele narrados. Alguém que teve a coragem de peitar o todo poderoso e arrogante General Leônidas Pires Gonçalves merece o meu respeito.
Confira.

DESAFIANDO O RIO-MAR - OPERAÇÃO TAPAJÓS
“Há mais pessoas que desistem, do que pessoas que fracassam!”
(Henry Ford)
Hiram Reis e Silva
Nosso Bom Amigo
Nos idos de 1980 e 1981, tive a rara honra e o feliz privilégio de comandar um pelotão de Cadetes da Arma de Engenharia da Academia Militar das Agulhas Negras. Eram 28 jovens entusiastas de todas as origens, matizes, ideários, formação e, aos poucos, fomos, juntos, formando um grupo solidário e competente que mais tarde iria prestar relevantes serviços ao Exército Brasileiro e à nossa querida nação. Recebi, com muito orgulho, no ano de sua Declaração de Aspirantes, em 1982, uma bela homenagem materializada em uma das páginas da Revista Agulhas Negras em que eles me chamavam de “Bom Amigo” e diziam ter sido eu um amálgama que unira aquelas tão distintas criaturas em prol de um único propósito – trabalhar incessantemente pela construção de um país mais justo e mais perfeito. Emoldurei a página e a trato, desde então, como um troféu, um galardão que me serve de inspiração e estímulo sempre que vivencio momentos difíceis na minha vida. 

Carta Aberta 
Anos depois posso dizer com orgulho que das 28 sementes lançadas, 27, pelo menos, caíram em terra fértil e hoje, através de correspondência eletrônica ou correio, recebo seu apoio ao Projeto Aventura Desafiando o Rio-Mar e a mim, em particular, das mais diversas formas. Um resultado de mais de 96% de sucesso em um grupo deixaria qualquer gerente de recursos humanos bastante satisfeito. Nos idos de 1986, a grande maioria destes jovens oficiais foi capaz de entender a Carta Aberta, devidamente identificada e assinada, que eu, então Capitão Comandante do Curso de Engenharia do Centro de Preparação de Oficiais da Reserva de Porto Alegre (CPOR/PA) enviei à Escola de Aperfeiçoamento de Oficiais (EsAO), RJ, endereçada ao então Ministro do Exército Leônidas Pires Gonçalves, criticando sua administração que se preocupava exclusivamente com instalações físicas e equipamentos, esquecendo que a peça fundamental que move os Exércitos é o Homem. Enviei, também, uma cópia a alguns de meus ex-Cadetes explicando minhas motivações e solicitando que acompanhassem à distância o desenrolar dos fatos. Não pedia, absolutamente, apoio nem solidariedade muito menos que imitassem minha atitude. 

Primeiro a Instituição 
Sempre afirmei a todos que privam de minha amizade, que a secular Instituição Militar a que pertenço era muito mais importante que minha própria carreira, não me importava em absoluto com o que aconteceria comigo e sim que medidas saneadoras fossem implantadas pelo alto escalão, o que finalmente ocorreu, embora algumas autoridades tenham afirmado, aleivosa e categoricamente que as mesmas, desde há muito, faziam parte de seu planejamento. A motivação de meu protesto não foi econômica, midiática ou qualquer outra que não fosse a de mostrar aos nossos superiores que a tropa ia mal e que precisava, sim, ser mais bem equipada, adestrada, mas, fundamentalmente, valorizada. Achava eu, na época, que os jovens capitães da EsAO fossem capazes de se manifestar corajosamente e alterar os rumos da política preconizada pelo Ministro Leônidas, ledo engano. Os tempos eram outros e, infelizmente, o idealismo e o desprendimento de outrora fora substituído pelo pragmatismo e pelo carreirismo. Os resultados de minha desdita foram uma transferência para Aquidauna, MS, e vinte e dois dias de prisão. Guardo com carinho minha única punição como Oficial do Exército Brasileiro. Considero-a um elogio posto que o próprio Comandante do CPOR/PA assim se referiu em Boletim Interno: “Ainda que movido por elevados ideais...”. Até hoje agradeço a Deus os felizes momentos decorrentes do fato que permitiram estabelecer novas amizades, robustecer antigas além de ser estimulado por empresários locais a me tornar canoísta profissional e posteriormente, graças a isso, sagrar-me campeão Mato-grossense, em 1989.
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