12 de fevereiro de 2011

GENERAL DETALHA PARTICIPAÇÃO DOS MILITARES BRASILEIROS NO RESGATE DE REFÉNS DAS FARC

General brasileiro relata bastidores de resgate de reféns na Colômbia
Exército exigiu levar seus próprios militares e seus próprios helicópteros.
General diz que missão é de paz, mas que militares estão prontos para agir.

Tahiane Stochero
O Exército brasileiro fez exigências aos guerrilheiros e ao governo colombiano para poder participar do resgate de reféns há anos sob poder das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A informação é do general Luis Carlos Gomes Mattos, comandante militar da Amazônia e chefe da série das cinco operações de resgate iniciada na segunda-feira (7), em coordenação com a Cruz Vermelha.
"Mandamos dois oficiais para uma reunião na Colômbia em que foi decidida a ação, em que estavam presentes o governo colombiano e um representante das Farc. Nesse acordo, exigimos que os helicópteros tinham que ser nossos, assim como a tripulação", disse o general, em entrevista exclusiva ao G1.
Helicóptero militar brasileiro, com os símbolos da Cruz Vermelha Internacional, pousa no aeroporto de Villavicencio, na Colômbia, para resgate de reféns na terça-feira (8). (Foto: AP)
Na segunda-feira (7), dois helicópteros Cougar, de fabricação francesa, saíram de São Gabriel da Cachoeira, no Amazonas, com destino a Villavicencio, na Colômbia, para resgatar dois políticos e três militares que estão sob poder das Farc há anos. No dia seguinte, foi libertado o vereador Marcos Baquero.
Nesta sexta-feira (11), a equipe de resgate planeja ir para Florencia (também na Colômbia) para libertar o vereador Armando Acuña e o militar Henrique Marinho López Martínez. No domingo (13), na última etapa do resgate, devem ser libertados, na cidade colombiana de Ibagué, os militares Guillermo Solórzano e Salim Sanmiguel.
"Participamos desde a primeira ação conjunta. Em todas, os militares são brasileiros, mas estão desarmados. É uma ação de paz, não de guerra", diz o general. No resgate da ex-senadora Ingrid Betancourt, em 2008, após seis anos de cativeiro, a ação foi das Forças Armadas da Colômbia com apoio da Cruz Vermelhra.
O general admite que, apesar de todo o planejamento e do caráter pacífico da operação, há riscos de confrontos entre os militares brasileiros e os guerrilheiros das Farc. "Em princípio, é para ser sem riscos, mas não estamos na cabeça dos guerrilheiros. Se algo ocorrer, estamos preparados para agir. O risco faz parte da nossa profissão", afirma Mattos.
"Há interesse das Farc de que tudo saia perfeito. Até agora não tivemos nenhum problema", acrescenta o comandante da operação.
Em cada helicóptero Cougar há dois pilotos e dois mecânicos, todos soldados do 4º Batalhão de Aviação do Exército (Bavex), localizado em Manaus, no Amazonas, e que tem a determinação de proteger a área.
Agentes do Comitê Internacional da Cruz Vermelha acompanham as ações dentro dos helicópteros, passando aos militares, somente após a decolagem, as coordenadas da posição em que o helicóptero deverá pousar para fazer o resgate. Essa foi uma exigência dos guerrilheiros e da Cruz Vermelha para evitar que ocorram ataques.
G1