28 de fevereiro de 2011

MILITARES ACUSADOS DA MORTE DE FUZILEIRO NAVAL NO PARÁ VÃO A JULGAMENTO

Acusado da morte de fuzileiro no banco dos réus

Serão julgados nesta segunda-feira (28), pelo Tribunal de Justiça Militar, os cinco acusados pela morte do fuzileiro naval Marcelo Magno Alves de Almeida, 19 anos, durante um curso de Operações Ribeirinhas no Centro de Instrução Almirante Brás de Aguiar (Ciaba), no dia 30 de março de 2006. Marcelo participava do treinamento com um grupo de fuzileiros e teria falecido após ser submetido a maus tratos pelos outros soldados.
Os julgados são Cláudio de Souza Moreira Jr., Gedson Chaves da Silva, Thiago Cézar da Silva Alves e Cândido de Lima Neto. Cândido seria o tenente responsável pela instrução do grupo e teria deixado Marcelo a sós com os outros recrutas.
Segundo a acusação, todos já tinham participado de uma corrida e depois foram até o centro para o treinamento de natação. No exercício da piscina, onde deveria permanecer parado dentro d’água, Marcelo teria começado a sentir-se mal e pedido permissão para sair, mas não foi autorizado.
Ele teria sido vítima do chamado “caldo”, quando os soldados eram obrigados a permanecer debaixo d `água durante certo tempo. Quando tentava chegar à borda da piscina, tinha as mãos pisadas pelos instrutores. Segundo testemunhas, um deles teria ainda pulado em cima de Marcelo. Quando tentaram resgatá-lo, Marcelo já estaria morto.
À época, laudo do Instituto Médico Legal “Renato Chaves” revelou que ele morreu após sofrer dilatação do coração como resultado do esforço físico. O julgamento acontece na Auditoria da Justiça Militar Federal, e começa às 9h. Os cinco são acusados por , maus tratos e tortura.
Até hoje, Eucíria Alves, 43 anos, ainda se emociona ao falar do filho. “Quando ele se formou como fuzileiro, em Brasília, nós fizemos um grande esforço para ir até lá entregar a honraria dele”, relembra carregando a foto do filho.
“Foi muito difícil na época ficar longe dele”. A mãe diz que Marcelo aceitou passar pelo treinamento no CIABA, para poder sair do corpo de fuzileiros. “Ele havia dito que queria sair da Marinha, pois (a Marinha) não seria o que ele pensava”.
Eucíria não aguenta e chora. “Ele era muito inteligente, foi um dos primeiros colocados na prova para os Fuzileiros”, diz acariciando outra fotografia do filho criança. “Hoje tive que buscar Deus na minha vida, senão teria perdido a vontade de viver”.
Ela reclama do fato dos acusados serem julgados por um juiz militar. “É difícil, porque eles mesmos julgam os próprios, mas ainda tenho esperança na justiça dos homens”, diz. “No dia que ele morreu, disseram que ele afundou sozinho e de repente, mas depois descobrimos por testemunhas que não era isso”.
A reportagem tentou contato com algum representante da Marinha, mas não conseguiu. 
Diário do Pará