Mariana Londres
Com compras suspensas, Brasil ignora desempenho de caças na Líbia
Dois dos três concorrentes em licitação atuam em coalizão contra Muammar Gaddafi
Com compras suspensas, Brasil ignora desempenho de caças na Líbia
Dois dos três concorrentes em licitação atuam em coalizão contra Muammar Gaddafi
Foto: Eric Feferberg - AFP |
Caças Rafale, concorrentes na licitação brasileira, permanecem estacionados sobre o porta-aviões Charles De Gaulle para operar na Líbia; governo brasileiro não acompanha desempenho na Líbia.
Após o corte de R$ 50 bilhões no Orçamento deste ano, o Planalto de fato tirou a compra dos 36 caças pela FAB (Força Aérea Brasileira) da sua lista de prioridades. Prova disso é que nem o Ministério da Defesa e nem o Palácio do Planalto estão aproveitando o conflito na Líbia para observar a performance das aeronaves em uma guerra.
Na última quinta-feira (24), o almirante americano William Gortney disse que, ao todo, 350 caças participam da operação contra Muammar Gaddafi na Líbia. Desses, metade é da Força Aérea dos Estados Unidos, que possui, entre outros, o Super Hornet FA-18 da Boeing, concorrente na licitação brasileira.
A França, um dos maiores incentivadores aos bombardeios na Líbia, também participa da coalizão com seus caças Rafale – os preferidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva para vencer a concorrência.
Os suecos Gripen – que também competem na licitação do Brasil -, não participam da operação contra Gaddafi.
Ministério diz que observação é desnecessária
De acordo com o Ministério da Defesa, a observação das aeronaves não é necessária porque o ministério já finalizou os pareceres técnicos sobre os modelos, o que inclui a posição dos comandantes da Marinha e da Aeronáutica sobre a aquisição. Os pareceres já foram enviados à Presidência, e à Defesa, portanto não caberia mais nada a ser feito, neste momento.
Já o Planalto deixa claro que os planos de austeridade fiscal não abrem espaço para a compra de 36 aeronaves, que consumiria, de acordo com estimativas, cerca de R$ 10 bilhões. O valor supera o que foi cortado em gastos de custeio da Defesa. O corte da pasta soma R$ 4 bilhões.
Uma fonte do governo disse ao R7 que a presidente Dilma Rousseff está focada neste momento em cortar gastos e lançar programas sociais. A Rede Cegonha, que será lançada na próxima segunda-feira em Belo Horizonte, é um desses projetos. A fonte sinalizou que este não é o momento de se pensar na aquisição das aeronaves.
A compra dos 36 caças pela FAB era tratada como prioritária pelo governo Lula, mas acabou não concretizada pela análise criteriosa de qual seria o melhor negócio.
De acordo com o Ministério da Defesa, a compra não é uma simples aquisição de aeronaves. O negócio precisa contemplar a transferência de tecnologia e a capacitação profissional dos brasileiros para o uso dos caças.