27 de janeiro de 2012

Forças Armadas preenchem lacunas deixadas pelo Estado

Nota do editor:
Trata-se de uma análise sob outro prisma da pesquisa do IPEA, sobre a qual publiquei postagem na madrugada. 

Forças Armadas preenchem lacunas deixadas pelo Estado

Fernanda Bompan
De acordo com pesquisa divulgada ontem pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), onde há mais carência de serviços públicos, a presença militar é muito mais percebida e elogiada. É o caso da Região Norte, onde 55% dos entrevistados responderam que confiam totalmente ou muito nas Forças Armadas.
"A região possui uma baixa densidade demográfica, além de ser a maior do País, mas percebe-se que a defesa nacional no local representa a face do Estado. Muitos moradores quando precisam, por exemplo, de um médico, encontram um militar para atendê-los", explica Rodrigo Fracalossi de Moraes, coordenador de Estudos em Instituições e Governança Internacional do Ipea.
Depois do Norte, Sul (50,4%) e Nordeste (50,1%) são as regiões com destaque daqueles que confiam muito ou totalmente. Neste quesito, o percentual do Sudeste e do Centro-Oeste, foram de 48,9% e 43,2%, respectivamente, mostrou a pesquisa.
Na média geral do País, 49,6% confiam muito ou totalmente nas Forças Armadas; 32,3% disseram que confiam razoavelmente; 17,9% responderam que confiam pouco ou nada; e 0,2% não sabem ou não quiseram opinar.
Moraes comenta que a defesa nacional, na ausência de uma guerra, ganha outras funções no Brasil. "Na média, para 58,1% dos entrevistados, a tarefa das Forças Armadas deve ser de combater a criminalidade em conjunto com as polícias. É quase um empate técnico dos que responderam que a função é de defender o País em caso de guerra [55,4%]", diz.
Ao mesmo tempo, Moraes destaca a expressividade daqueles que disseram que ajudar a população com serviços médicos e sociais e em casos de desastres naturais também é uma função da defesa nacional, cujo percentual foi de 49,7%. Em seguida, combater o terrorismo - com resposta de 42,7% - e participar de missões de paz em outros países - com 34%, também ganham destaque no quesito.
Os resultados divulgados pelo Ipea fazem parte da segunda edição sobre Defesa Nacional do Sistema de Percepção Social (SIPS). O SIPS Defesa Nacional ouviu 3.796 pessoas, em 212 municípios. A primeira parte da pesquisa, divulgada em dezembro do ano passado, abordou a percepção do brasileiro sobre ameaças.
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Investimentos
A necessidade de aumentar investimentos em equipamentos militares também foi analisada pelo Ipea. Para 70%, o governo deve aumentar muito ou razoavelmente esses recursos. O destaque por região ficou novamente para o Norte (80,2%), seguido por Centro-Oeste (79,6%), por Nordeste (78,3%), Sudeste (66,8%) e, por último, Sul (55,3%).
Em compensação, 48,1% dos entrevistados avaliam que o estado desses equipamentos está muito bom ou apenas bom. Para 29%, porém, a situação está regular, e outros 18,3% observam que o estado está ruim. O percentual dos que não sabem ou não quiseram opinar foi de 4,6%.
Dados do Sistema Integrado de Dados Orçamentários (Sidor) junto com o Sistema Integrado de Administração Financeira do Governo Federal (Siafi) mostram que os investimentos feitos pelo Ministério da Defesa cresceram 352,47% em quatro anos, ao passar de R$ 1,824 bilhões em 2006, para R$ 8,253 em 2010.
Contudo, o próprio ministro Celso Amorim reconhece que os recursos disponibilizados são baixos. Recentemente, ele afirmou que o orçamento para o setor em 2012, não deveria ultrapassar 1,39% do Produto Interno Bruto (PIB), de modo a colocar o Brasil em posição inferior a dos demais países que compõem os BRIC (formado também por Rússia, Índia e China, com exceção da África do Sul), que investem, em média, 2,65% do PIB.
De acordo com o Ministério do Planejamento, o orçamento previsto para o Ministério da Defesa é de R$ 33,2 bilhões para este ano. Em 2011, a expectativa orçamentária era de R$ 60 bilhões.
"No geral, o apoio e a importância dados às Forças Armadas brasileiras mostraram resultados bastante positivos. A maior parte dos entrevistados afirmou que estaria disponível para contribuir de alguma forma com o esforço nacional no caso de uma guerra", conclui o coordenador do Ipea.
DCI/montedo.com