24 de abril de 2012

Interesses escusos: denúncia anônima tenta denegrir batalhão do Exército em Cáceres

Exército fez festa regada a bebida alcoólica na fronteira; comando nega

Sinézio Alcântara
O destacamento da Corixa, área militar pertencente ao 2º Batalhão de Fronteira (2º. B.Fron), localizado na divisa com a Bolívia, a 80 quilômetros de Cáceres, é acusado de promover festa regada a bebidas alcóolicas; ceder o alojamento para pessoas que excederam no álcool e ainda transportar da Bolívia para o Brasil, em viaturas do Exército brasileiro, cerveja e animais para serem abatidos na festa de confraternização entre brasileiros e bolivianos. O comando da corporação classifica as denúncias de “infundadas, levianas e irresponsáveis”. Na opinião do tenente-coronel João Henrique da Silva Marinho, elas teriam partido de pessoas com interesse em “desestabilizar” a unidade, por terem sido apontadas por irregularidades administrativas ocorridas no passado na instituição.
Intituladas “festa do descaso na fronteira” a denúncia assegura que a festa foi “organizada” pelo comandante do destacamento, sargento Andrade Neto. E, que as viaturas operacionais militares cruzaram a fronteira “diversas vezes” autorizadas pelo “major Helder” encarregado do setor de logística de transporte do 2º. B.Fron. Em um trecho, o denunciante diz que “a bebida era indenizada, bem como as refeições que foram servidas durante os dois dias de festa. Não se sabe qual o destino dos recursos arrecadados. Até militares boliviano compareceram para prestigiar o grande evento dos patrícios. Talvez até traficantes que estavam à serviço compareceram nesse grande evento patrocinado pelo uniforme verde oliva”.
Numa demonstração de conhecimento do que ocorre no interior da unidade, o denunciante diz que “relatos de alguns militares informam que no batalhão as coisas estão ruins, pois nem café da manhã está tendo e que na semana passada faltou até feijão no prato do soldado. Entretanto, tal afirmação vai de encontro ao que ocorreu no destacamento, onde não faltou nenhum item básico de alimentação, aliás, sobrou muita coisa, inclusive, bebidas alcóolicas”. Acrescenta ainda que “sabe-se que durante a festa ocorreram diversas brigas, inclusive, crianças presenciaram várias delas, deixando uma imagem péssima da instituição Exército brasileiro perante os convidados”.
O autor da denuncia chamou a atenção para outro fato. Diz que “outra coisa intrigante é a situação do material bélico alocados naquele destacamento. Pois uma festa desse porte, com cobrança de bebidas e refeições, além de ser ilegal, coloca em risco a segurança do próprio destacamento que poderia ser alvo de alguma ação por parte de oportunistas que poderiam aproveitar a situação de êxtase dos sentinelas, se é que havia, e realizar uma ação para roubar armamentos que ali são guardados”.
Ele lembra que “os governos federal e estadual investem milhares de recursos no combate aos crimes transfronteiriços; ensaiam diversas operações com os mais inusitados nomes, como por exemplo, “Aghata” cadeado etc. Porém, tais operações só servem para estampar capas de jornais e movimentar a rede hoteleira já que os resultados são pífios e, além de grande quantidade de recursos não resolve o problema da faixa de fronteira”.
Ressalta que “não bastasse à falta de efetivo e equipamento para o combate ao crime organizado na fronteira, temos agora que aceitar e engolir as festas daqueles que deveriam estar lá nos protegendo e impedindo que tais materiais nocivos à sociedade adentrem ao território nacional”.
Por fim sugere que ao comandante do Comando Militar do Oeste e da 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, da qual o 2º B.Fron é subordinado para que tome as devidas providências. E que “esperamos como cidadão, que com muito sacrifício suporta essa carga tributária, que tal fato não se repita e que a instituição Exército Brasileiro tenha um pouco mais de respeito ao que nós recolhemos para os cofres públicos”.
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Embora admita em parte, comandante do 2º B.Fron tenente-coronel Marinho, diz que as denuncias são “levianas, infundadas e irresponsáveis”. E, que elas teriam partido de pessoas com interesse em desestabilizar a unidade, por terem sido apontadas por irregularidades administrativas ocorridas no passado na instituição. Acompanhado pelo comandante do destacamento, sargento Andrade Neto o coronel confirmou a realização da festa. E se revezaram nos esclarecimentos.
O sargento refutou que a festa tenha sido realizada nas dependências do destacamento. Disse que ocorreu na vila militar. Explicou que “essa festa de confraternização existe desde a fundação do destacamento em 1940”. Andrade Neto admitiu que a viatura do Exército foi usada no evento. Porém, segundo ele, ela atravessou a fronteira para buscar o comandante do Exército do Exército boliviano e a equipe de futebol para participarem da confraternização.
O comandante do destacamento negou que o espaço tenha sido cedido para pessoas que excederam na bebida. “Em momento algum isso aconteceu. Até porque a festa foi realizada na vila militar e não na sede do destacamento”. Ele diz que a bebida e os animais abatidos durante a festa (novilha e carneiro) foram doados por fazendeiros da região e, posteriormente vendidos. E, que a renda será revertida para manutenção do programa “Força no Esporte na Faixa de Fronteira” que reúne 59 crianças e na reforma da escola do local.
Além de classificar como levianas, irresponsáveis e infundadas, o tenente-coronel Marinho avalia que as denuncias tenham sido feita por pessoas que estão se sentindo prejudicadas por terem sido apontadas em irregularidades administrativas ocorridas no comando anterior da instituição.
“Certamente as pessoas apontadas por irregularidades administrativas no comando anterior estão se sentindo prejudicadas e por isso estejam interessadas em desestabilizar a corporação. Mas em meu comando isso não irá acontecer” diz admitindo o momento “ruim” vivido pelo batalhão, principalmente, no que se refere a falta de feijão no prato do militar.
“Isso realmente ocorreu, mas também em razão das irregularidades administrativas encontradas”. Explicou que “faltou pregão porque tivemos dificuldade em realizar o processo de licitação para aquisição do produto. Foi, inclusive, necessário vir de outras unidades, mas essa questão também já está sendo solucionada”. Disse que, pelo mesmo motivo está tendo problemas para reformas de viaturas.
Revoltado com a situação, principalmente, as denúncias, o comandante adiantou que irá determinar a suspensão de todas as festas realizadas no batalhão e nos destacamentos. Diz também que irá reavaliar o apoio do 2º B.Fron, na realização do Festival Internacional de Pesca (FIP) que acontece de 5 a 13 de maio em Cáceres.
24h News/montedo.com

Comento:
Tem caroço nesse angu. A denúncia parece realmente ter outra motivação. Convém não esquecer que o ex-comandante do 2º B Fron passou o comando antes do tempo, por suspeita de fraudes em licitações e suposto esquema de desmatamento ilegal. O atual comandante deve estar contrariando muitos interesses escusos e isso gera represálias. Numa situação dessas, 'qualquer asinha de grilo dá uma sopa'.