23 de agosto de 2012

Galpão gaúcho dentro de quartel gera polêmica no Paraná



Informativo do CTG Herdeiros da Tradição

Amarildo Petry
Imagem: Diego Henrique Daldin
O Centro de Tradições Gaúchas Herdeiros da Tradição, situado no bairro da Cango, vem a público esclarecer de forma correta o que está acontecendo com o Galpão Crioulo General Osório.
No ano 2007, fomos convidados pelo comandante do 16º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado, Major Zucco, a construir um galpão para as atividades do CTG Herdeiros da Tradição, já que a entidade não tinha sede própria. Reunimo-nos em assembleia para conversar com os integrantes do CTG e para explicar como seria a obra e que teríamos de investir recursos do nosso caixa. Todos foram a favor de ter essa parceria com o quartel, coisa que sempre falamos com muito orgulho de ter um parceiro de tanta importância na sociedade beltronense.
Além do material doado por empresários ao CTG Herdeiros da Tradição, tivemos um valor aplicado nesta obra oriundo de promoções em aproximadamente de R$ 20 mil. A mão de obra foi cedida pelo 16° Esquadrão com parceria nos finais de semana por integrantes do CTG. O intuito do sr. Major Zucco em formar essa parceria era participar das atividades sociais na comunidade e dar aos seus militares e familiares vindos do Rio Grande do Sul e outras regiões mais uma forma de lazer.
Com a transferência do Major Zucco, que foi nosso parceiro na edificação do galpão, tivemos mais dois novos comandantes que passaram pelo 16° Esquadrão e sempre tivemos boa parceria mediante as normas de utilização daquele espaço.
Com a vinda do comandante atual, sr. Major Gustavo Daniel Coutinho do Nascimento, fomos convidados a regularizar a situação do uso do Galpão General Osório. Para fazer isso, marcamos uma reunião da patronagem do CTG e com a presença de um oficial — sr. Cap. Dutra — para o dia 3 de fevereiro de 2012. Este oficial veio nos transmitir ordens do seu comandante e explanou para nós que haveria várias formas para regularizar a situação do uso do espaço e da obra construída em área da União.
Uma das formas mais práticas para ambas as partes seria que o CTG Herdeiros da Tradição fizesse um termo de doação a favor do Exército para que o galpão pudesse ser anexado ao patrimônio público da União e, depois, nos seria apresentado um contrato de locação com um período de vários anos.
Publicamos neste jornal em data do dia 8 de fevereiro de 2012 a convocação para uma assembleia geral extraordinária com todos os sócios para o dia 17 de fevereiro de 2012. Nesta assembleia, entramos em debate sobre o assunto e todos foram a favor da doação para assim garantirmos o nosso espaço e mantermos as atividades do CTG Herdeiros da Tradição. Este termo de doação contemplava o galpão construído na área da União em um total de 694 m² de área construída em madeira bruta com um sanitário masculino, um feminino, cozinha e palco em alvenaria; os móveis permaneceriam em poder do CTG. Feito este termo de doação com firma reconhecida em cartório foi entregue ao comandante do Esquadrão, Major Coutinho do Nascimento, na data de 27 de fevereiro de 2012.
Na semana seguinte, começaram a nos cobrar todo o sistema contra incêndio no galpão e várias outras benfeitorias. Como já estava em seu poder o termo de doação, quem deveria fazer essas benfeitorias é o próprio 16° Esquadrão.
Em uma das noites que fomos ao galpão para fazer ensaios, deparamo-nos com mudanças em seu interior: tudo o que tínhamos como decoração e móveis foi amontoado em um canto e substituido por quadros de militares. E já estava em seu interior o Clubinho, que foi transferido do campo próximo ao quartel para lá.
Nesta mesma semana, foi mandado trocar as chaves de acesso ao interior do galpão, deixando-nos desapossados do ambiente que por vários anos estávamos usando para as atividades com nossas invernadas.
Conseguimos conversar com o comandante no dia 29 de maio de 2012 e fomos comunicados que o CTG Herdeiros da Tradição não tinha mais direito de usar o Galpão Crioulo General Osório.
Perguntado ao sr. Major Coutinho do Nascimento qual seria o motivo, ele não nos falou de uma forma concreta o porquê do impedimento do uso, muito menos com um ofício sugerido pela patronagem do CTG para dar explicações aos sócios.
Neste mesmo dia foi acordado com o sr. Major Coutinho do Nascimento que no dia 7 de junho iríamos tirar do galpão tudo que não estava anexado no termo de doação. No dia marcado, reunimo-nos em frente ao galpão às 8h e não apareceu ninguém para liberar a retirada dos móveis como foi combinado.
Entramos em contato com o sr. Cap. Dutra, que veio até nós para dar informações que o comandante iria abrir um inquérito e que não permitiria retirar nada do interior do galpão.
Procuramos o auxílio de autoridades do município que nos aconselharam a registrar um boletim de ocorrência junto à Polícia Militar, já que o comandante não estava cumprindo com o combinado.
No dia seguinte, fomos procurar o Ministério Público Federal para fazer uma denúncia contra o sr. comandante, por não cumprir com o que tínhamos acordado, apesar de estarmos fazendo as coisas do modo certo e provando para ele que não era a nossa intenção querer ser proprietários daquela área. Se fosse essa a nossa intenção, nós nem teríamos feito o termo de doação.
Só no dia 19 de julho, por motivos internos do 16° Esquadrão, fomos chamados às pressas para tirar todos os nossos móveis do interior do galpão, exceto o tablado e as rodas de carroça, saboneteiras e porta toalha de papel — que são pertences do CTG e que estavam relacionados pelo próprio oficial que está montando a sindicância interna. Bens estes que não foram retirados naquele noite por falta de tempo hábil e ferramentas adequadas. O sr. Cap. Darwin, que acompanhou a retirada, pediu para que conversássemos com um engenheiro ou um arquiteto para fazer uma vistoria e apresentássemos um laudo atestando que a retirada do tablado não iria abalar a estrutura do galpão. Aceitamos desta forma mediante compromisso assinado por ele.
Na semana seguinte, apresentamos ao Cap. Darwin o laudo do arquiteto que visitou o local, quando fui comunicado por ele que o Major Coutinho do Nascimento não permitiria mais a retirada do tablado e dos outros itens.
No último dia 3 de agosto, recebemos o comunicado do Ministério Público Federal que o processo foi arquivado pelo sr. Promotor Público Federal.
Nós, até no início deste ano, falávamos com alegria de ter o apoio e a parceria do Exército Brasileiro nas nossas atividades com as crianças, adolecentes e jovens, procurando mantê-los longe das drogas, do álcool e de tantos males que vêm a prejudicar as famílias, mas infelizmente tivemos essa decepção com as atitudes do sr. Major Coutinho do Nascimento.
Infelizmente, hoje o Centro de Tradições Gaúchas Herdeiros da Tradição está entristecido com o fato de ser prejudicado por certas atitudes de quem poderia nos dar apoio e não nos atrapalhar em nossos trabalhos com crianças, jovens e adolecentes, que são o alicerce da nossa nação.
*Patrão do CTG Herdeiros da Tradição
Jornal de Beltrão/montedo.com

Nota do editor:
O blog está à disposição para quaisquer esclarecimentos por parte do 16º Esquadrão de Cavalaria Mecanizado