23 de agosto de 2012

Secretários de Segurança dos estados não querem Forças Armadas na coordenação de grandes eventos

Secretários são contra Forças Armadas na coordenação de grandes eventos
Em nota, Conesp defende que Ministério da Justiça assuma o comando

CRISTIANE BONFANTI
BRASÍLIA - O Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública ( Conesp) divulgou nota nesta quarta-feira contrário a coordenação de grandes eventos nas mãos das Forças Armadas. O governo ainda não se posicionou oficialmente sobre o assunto, mas sinalizou que as Forças Armadas devem coordenar a segurança na Copa do Mundo em 2014, a Copa das Confederações de 2013 e a visita do Papa Bento XVI, também no próximo ano.
“Os Secretários de Estado de Segurança Pública do Brasil, reunidos em sessão especial do Colégio Nacional de Secretários de Segurança Pública – CONSESP, deliberaram por se posicionarem contrários a essa possibilidade e por publicar nacionalmente esse posicionamento, pois o planejamento das ações de Segurança Pública dos grandes eventos já está sendo construído pelos Secretários de Estado e coordenado pelo Ministério da Justiça, com foco na segurança do cidadão, respeito a seus direitos e garantias fundamentais e com base na inteligência policial, conforme tradição mundial e acordos já firmados com demais países e entidades esportivas internacionais participantes dos eventos”, diz o documento.Reunidos em Campo Grande (MS), secretários de Segurança Pública divulgaram nota manifestando “preocupação” com a medida. Eles recomendam que a coordenação dos grandes eventos continue “sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Grandes Eventos do Ministério da Justiça, com gestão compartilhada entre os Secretários de Estado de Segurança Pública do Brasil.” Procurado, o Ministério da Justiça informou que “a Secretaria Extraordinária de Segurança para Grandes Eventos trabalha com cronograma normal de atividades que já estavam previstas no planejamento”.
As diretrizes para a atuação das três forças, previstas em portaria do Ministério da Defesa publicada na terça-feira no Diário Oficial da União, incomodaram profundamente integrantes da Polícia Federal e das secretarias estaduais de Segurança. A preocupação é que, caso as Forças Armadas sejam de fato escolhidas para coordenar a segurança dos eventos, especialmente das copas do Mundo e das Confederações, as cidades-sede não ficarão com qualquer legado. Muitas secretarias já davam como certo que herdariam os modernos equipamentos que devem ser adquiridos para os eventos.
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“Segurança Pública é hoje um dos maiores anseios sociais em todos os recantos do país. Oportunidade de importantes melhorias como o aporte de legados posteriores aos grandes eventos não deve ser perdida, portanto o CONSESP vem a público manifestar sua preocupação com a questão, recomendando que a coordenação das referidas atividades de Segurança Pública continue sob a responsabilidade da Secretaria Especial de Grandes Eventos do Ministério da Justiça, com gestão compartilhada entre os Secretários de Estado de Segurança Pública do Brasil”, diz outro trecho da nota.
A preocupação deles vem se acentuando desde o fim de julho, quando a presidente Dilma Rousseff sinalizou em Londres que os grandes eventos, cujo orçamento de segurança é de R$ 1,8 bilhão, deveriam ficar sob tutela da Defesa, como O GLOBO revelou na época. No último dia 15, durante uma reunião realizada em Brasília, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, cobrou do governo federal a apresentação da proposta de ajuda financeira da União para a realização dos grandes eventos. Beltrame estava ao lado de outros 11 secretários estaduais de Segurança.
— Quando tivermos a definição do que virá de recursos federais, estaremos prontos para comprar e fazer — disse Beltrame na época.
A decisão se deu em meio à greve dos policiais, com prejuízo para investigações e emissões de passaportes, além de filas nos aeroportos e postos de fronteira. A postura dos servidores abalou a confiança do Palácio do Planalto na categoria. O governo quer garantir um efetivo no caso de mobilizações durante os grandes eventos esportivos.
O Globo/montedo.com