24 de setembro de 2012

Troca de comando agita quartéis (por enquanto, apenas na Brigada Militar gaúcha)

Mudança à vista
Troca no comando agita quartéis da BM
Os três coronéis mais poderosos da corporação deverão ir para a reserva

José Luís Costa
joseluis.costa@zerohora.com.br
A cúpula da Brigada Militar está com os dias contados. Em cinco meses, os três coronéis mais poderosos da corporação — comandante-geral, subcomandante e chefe do Estado-maior — limparão suas gavetas no Quartel-general e irão para a reserva, abrindo espaço para uma nova safra de oficiais superiores que vem sendo preparada desde o ano passado pelo Palácio Piratini.
A troca em postos-chaves na BM se deve à legislação. O comandante-geral, coronel Sérgio Roberto de Abreu, completa 35 anos de serviços em fevereiro e, obrigatoriamente, terá de se aposentar, situação chamada de "expulsória". O mesmo acontece com o chefe do Estado-maior da BM, coronel Valmor Araújo de Mello.
Apesar dessas duas trocas forçadas, a alteração na cúpula poderia ser menos impactante se o subcomandante, coronel Altair de Freitas Cunha, fosse mantido no cargo ou promovido ao comando-geral. Isso, de certo modo, manteria a atual política de gestão da BM. Mas ele se aposenta no começo de 2014 e, desde o ano passado, vem se sentindo incomodado.
— Ele enfrentou estresse com a Secretaria da Segurança Pública (SSP) por questões de trabalho e não tem respaldo político. A ideia do governo é oxigenar, quer tudo novo — pondera um graduado oficial da corporação.
O subcomandante não esconde o desconforto:
— Acho que já dei minha contribuição. Tem pessoas muito mais interessadas no comando-geral do que eu. Além disso, ficar um ano no comando é pouco tempo para executar projetos.

Quatro nomes estão sendo cotados para assumir cargo
Nos quartéis da BM, o clima é de efervescência. Preponderam apreensões de toda ordem porque mudanças como essas costumam desencadear trocas em cascata em comandos regionais e em batalhões.
— Tem gente se perguntando o que vai acontecer. A BM está em convulsão e quem perde com isso é a população — critica José Riccardi Guimarães, presidente da Associação dos Oficiais da BM (Asof).
Leonel Lucas, presidente da Associação dos Servidores de Nível Médio da BM, diz que o clima de apreensão atinge menos os praças, mas a troca gera expectativa de dias melhores:
— O que se espera sempre de um novo comando é uma nova motivação.
Outro episódio que gera controvérsia é o fato de ser a primeira troca no comando após a reformulação na lei das promoções, que reduziu de dois para um ano o tempo mínimo no posto de tenente-coronel e permitiu a oficiais mais jovens chegarem mais rápido ao posto de coronel e, por consequência, entrarem na disputa pelo cargo máximo.
É o caso do coronel Fábio Duarte Fernandes, lotado na Casa Militar. Em abril de 2011, ele foi promovido de major a tenente-coronel e, em junho, beneficiado pela nova regra, alcançou a terceira estrela gemada na insígnia, chegando ao posto de coronel.
Militante do PT, com serviços prestados à bancada petista por cerca de cinco anos na Assembleia, atuante na campanha de Tarso Genro ao Piratini, o coronel Fábio, atual subchefe de operações da Casa Militar, é apontado como um dos mais cotados para comandar a BM. Outros três nomes também são lembrados como candidatos: coronel Júlio César Marobim, diretor do Departamento de Ensino e Treinamento da SSP, coronel Alfeu Freitas Moreira, comandante do policiamento da Capital, e Antônio Scussel , comandante da BM no Vale do Taquari.
O atual comandante-geral, coronel Sérgio Roberto de Abreu, evita falar sobre sucessão e diz que o assunto não interfere no cotidiano da corporação.
— A BM não está parada. Estamos tratando da criminalidade. Esse tema não está em pauta, será tratado pelo governo a partir de 2013 — garante.
O secretário da Segurança Pública, Airton Michels, reconhece que nomes estão "sendo pensados", mas assegura que "nada está verbalizado".

Os cogitados
Alfeu Freitas Moreira — Comandante do Policiamento da Capital, foi promovido a coronel em junho. Tem experiência administrativa, estratégica e operacional. Dirigiu o Hospital da BM, chefiou o Serviço de Inteligência e comandou o 9º BPM, na Capital. Tem bom trânsito dentro e fora da corporação. É o chamado policial linha de frente e um dos nomes com credibilidade nas associações de oficiais e de praças da BM.

Antônio Scussel — Coronel desde junho, tem prestígio pela capacidade de planejamento e perfil operacional. Caracteriza-se por manter-se por longos períodos no mesmo cargo, estabelecendo boas relações com as comunidades. Comandou a BM em São Leopoldo, por cinco anos, e por tempo semelhante está no comando regional da BM no Vale do Taquari.

Júlio César Marobim — Diretor do Departamento de Ensino e Treinamento da SSP, é o coordenador do programa estadual de policiamento comunitário. Coronel desde abril de 2011, construiu grande parte da carreira de oficial no Interior, trabalhando por 13 anos na Serra. Até 2010, estava em Caxias do Sul, onde comandou o 12º BPM e depois o corpo de bombeiros da região.

Fábio Duarte Fernandes — Subchefe de operações da Casa Militar, até abril de 2011, era major. É o candidato com mais força política pela ligação com o PT. Trabalhou quase cinco anos na Assembleia. Por causa disso sofre resistências internas. Em 2010, teve o nome relacionado com outros 26 servidores do Legislativo por receber pagamento indevido de vencimentos em razão de um descontrole da Assembleia.
ZERO HORA/montedo.com

Comento:
- O que essa notícia, que aparentemente destoa do perfil do blog, está fazendo aqui?
Simples: ela é reveladora da obsessão petista em aparelhar até eleição para síndico de prédio ou rainha de feira agropecuária.   As forças militares, estando ou não sob seu governo,   fazem parte - óbvio - desse permanente processo de controle partidário sobre as mais diversas  instâncias e organizações públicas.
Assim, quando o PT chega ao poder, seus tentáculos já estão enraizados por toda a administração pública.
No RS, essa prática nefasta teve seu ápice no governo de Olívio Dutra (1999-2003), quando atropelos vergonhosos da hierarquia foram cometidos em nome da 'causa'. 
Exemplo disso foi a promoção de um escrivão de polícia a assessor especial da secretaria de Justiça, o qual passou a mandar e desmandar em delegados no topo da carreira. Outro caso emblemático foi o de uma assessora da mesma secretaria, filmada ordenando, aos gritos, a um major da BM que não se atrevesse a fazer nada contra um grupo de baderneiros que, em meio à danças e gritos tresloucados, punham fogo ao 'Relógio dos 500 anos', construído pela Rede Globo em homenagem ao descobrimento do Brasil.
Num caso do qual só tomei conhecimento por conhecer o principal envolvido, um tenente-coronel da BM que comandava um dos principais batalhões da região metropolitana de Porto Alegre chegou ao seu quartel numa certa manhã de domingo e lá encontrou, confraternizando em um animado churrasco, alguns oficiais e praças sob seu comando e a cúpula petista da cidade.
Como bom milico, mandou que o grupo se retirasse imediatamente, pois não havia sido informado previamente do encontro. A 'tchurma' não se deu por achada e foi terminar o convescote na sede do diretório do PT na cidade.
A semana terminou com o oficial sendo transferido para uma distante cidade do interior gaúcho, onde ficou esquecido por muito tempo.
Mesmo sendo um dos oficiais mais antigos no posto, amargou 'caronas' durante quatro anos e só foi promovido a coronel após a troca de governo.
Para encerrar, uma perguntinha:
- Alguém duvida que as Forças Armadas possam ser alvo desse mesmo processo de aparelhamento ideológico?