27 de novembro de 2012

Acusado de perseguir sargentos gays, General Adhemar tem homenagem negada em Ribeirão Preto

Homenagem a general acusado de homofobia é polêmica em Ribeirão Preto

A proposta de homenagear o general Adhemar da Costa Machado Filho (foto), comandante militar do Sudeste, com um título de cidadão ribeirão-pretano tem enfrentado resistência para ser votada e aprovada na Câmara de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo).
O general foi acusado de perseguição a um sargento homossexual em Brasília, há cerca de quatro anos. Machado Filho negou ser homofóbico e disse, na ocasião, que o sargento que o acusava era desertor, ou seja, deixava de comparecer ao trabalho no Exército.
Na Câmara de Ribeirão, o autor da proposta para a homenagem é o vereador Waldyr Villela (PSD), que não encontrou entre os demais colegas os 14 votos suficientes para a aprovação do projeto, que foi retirado da pauta pela quarta vez na última quinta-feira (22).
Um grupo organizado de gays, lésbicas, bissexuais e transexuais de Ribeirão promete protestos contra os vereadores se a homenagem ao general for levada adiante pela Câmara, o que dificultou a adesão de todos os vereadores ao projeto.
Leia mais:
General Adhemar na mira de ativistas gays
General Adhemar: "Esse Brasil aí, dos sanguessugas, do mensalão, da ambulância ... entrou no Exército!"
O casal de sargentos gays, seu aliado improvável e a denúncia contra o comandante do Exército


POLÊMICA
O autor da proposta disse que "sente muito" pela situação, mas que respeita a posição dos vereadores que, segundo ele, disseram que não votariam a favor do título por uma orientação de seus partidos (PT, PV e PSDB).
Villela afirmou que ainda não desistiu totalmente da ideia de homenagear Machado Filho, mas também não sabe se vai reapresentar o projeto. Ele está em dúvida.
"Se voltar a acontecer [a reapresentação do projeto na Câmara] será só no ano que vem."
Ele disse acreditar, no entanto, que o próprio homenageado poderá desistir de receber o título de cidadão ribeirão-pretano devido à polêmica criada no município.
"Acho que depois disso tudo, de saber que tem gente contra a homenagem, ele [o general Machado Filho] não vai querer receber o título."
A Folha procurou os departamentos de comunicação social do Comando Militar do Sudeste (CMSE), em São Paulo, e do Exército, em Brasília, para ouvir o general.
Por telefone, o comando do Sudeste informou que a solicitação só poderia ser atendida a partir de segunda-feira (26). A assessoria do Exército, em Brasília, disse que também só poderia responder nesta segunda.

RELAÇÃO
O vereador Villela afirmou que propôs a entrega do título ao general pela "relação" que o militar tem com a cidade.
De acordo com ele, o comandante militar do Sudeste é neto de um dos fundadores do Tiro de Guerra local, na década de 1930.
"O general tem vínculo com Ribeirão porque seu avô morou aqui." Para o vereador, a cidade "só tinha a ganhar com a homenagem a um alto oficial do Exército Brasileiro".
O avô de Machado Filho comandou um dos pelotões da FEB (Força Expedicionária Brasileira), durante a Segunda Guerra Mundial (1939-45).
AN Jornal Floripa/montedo.com