13 de abril de 2013

Na Coréia


Gélio Fregapani

Grande parte do mundo está tensa por causa da ameaça da Coréia do Norte, mas até que ponto essa ameaça merecerá crédito?
Aquela pequena nação sabe que não pode vencer. Então, o que será que quer? Será um surto de loucura de seu dirigente?
Certamente que a ousadia do Kim Jong Un excede os limites normais, mas será um louco ou está dando um blefe para conseguir alguma vantagem? Ele sabe bem que sua bomba atômica só impressiona antes de lançada. Que uma vez usada seu país será arrasado e sua vida nada valerá. Por que alguém normal tomaria tal atitude?
Recordando os antecedentes verificamos que o avô de Kim Jong Un desencadeou a (1ª) Guerra da Coréia, certamente impulsionado pela China e pela extinta União Soviética, mas era uma guerra onde tinha chance de vitória e tinha em apoio os dois poderosos Estados comunistas no âmbito da Guerra Fria. Agora parece isolado, ou quase, apesar de supormos que a China não tolerará a aproximação americana de sua fronteira, tal como na guerra anterior.
Verificando ainda os antecedentes, notamos que os EUA haviam provocado o Japão, estrangulando-lhe a economia até que ele se decidisse pelo ataque a Pearl Harbour, numa guerra, que deveria saber que não poderia vencer. Que fez o mesmo com o Iraque antes de inventar um pretexto para atacá-lo. Que continua com a mesma estratégia com o Irã e com a própria Coréia do Norte, e que esta pode preferir, como o Japão o fez, a morrer lutando a morrer de fome.
Como conclusão, provavelmente Kim fez uma aposta alta, tipo pôquer, sem ter as cartas necessárias na esperança que o adversário desista. Talvez nem tenha disponível as bombas e/ou os meios de as lançar. Entretanto, se realmente as tiver temos três cenários possíveis:
1- A Coréia do Norte pode, insuportavelmente pressionada, desencadear a guerra com ou sem artefatos nucleares, e inevitavelmente será destruída.
2-Os EUA e a Coréia do Norte chegarem a um acordo, com concessões de ambas as partes, e o problema fica novamente adiado.
3-Os EUA, chegando a conclusão que a capacidade nuclear coreana é um blefe, ou que possam preventivamente neutralizá-la ainda nas plataformas de lançamento, desencadear uma ação preventiva a fim de “resolver” esse problema de uma vez por todas, dando um exemplo ao Irã, ou mesmo ao nosso Brasil, se nos salientarmos muito.
Em todo esse “affair”, deve ser considerada a ambígua atitude da poderosa China. É óbvio que ela deve sentir-se desconfortável com o vizinho nuclear pouco consequente, mas mais ainda com tropas americanas tão perto. Há que se considerar ainda a tradicional rivalidade sino-japonesa e o atual contencioso entre eles por uma ilha do Pacífico.
Em face desse “imbróglio” , haveria condições do conflito se ampliar ou mesmo tomar um vulto mundial? – Dificilmente. O mais provável é que nem haja guerra, mas sim um acordo (vitória da estratégia coreana). Se desencadeado o conflito, certamente ficará restrito à península.
Entretanto, tudo pode acontecer ou mesmo não acontecer nada.