2 de maio de 2013

Em treino para missão no Haiti, Exército simula evacuação em MT

Militares e Cruz Vermelha se preparam para atuar em missão da ONU.
Casas em Várzea Grande foram esvaziadas em simulação de enchente.

Renê Dióz
Do G1 MT
A região onde estão os bairros escolhidos para a simulação já possui histórico de enchentes e falta de estrutura de saneamento. (Foto: Renê Dióz / G1)
Bairros escolhidos para simulação já possuem histórico de enchentes e sofrem por falta de saneamento. (Foto: Renê Dióz / G1)
Em treinamento para missão de paz no Haiti, as Forças Armadas e a Cruz Vermelha simularam na tarde desta quarta-feira (1°) uma evacuação de famílias residentes dos bairros Parque São João e Dom Diego, em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá. Entre brasileiros, paraguaios e canadenses integrantes da Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti (Minustah), os "capacetes azuis" retiraram cerca de 20 famílias de suas casas, como se elas estivessem em situação de risco.
Cerca de 120 pessoas foram “abrigadas” em um colégio da região, no qual receberam assistência médica (serviços como medição de pressão), alimentação e até opções de lazer para as crianças fornecidas com ajuda da Cruz Vermelha. Enquanto isso, grupos de militares se mantiveram nas ruas do bairro em vigília.
Segundo o conselheiro e secretário executivo da Cruz Vermelha Manoel Theodoro dos Santos Filho, o local para simulação foi escolhido para proporcionar aos soldados a melhor ambientação de insegurança, de carência estrutural (como falta de água e esgoto) e de pobreza, situações com as quais a Minustah deve se deparar ao tentar fornecer apoio à população civil no país caribenho.
A região onde estão os bairros escolhidos para a simulação já possui histórico de enchentes e falta de estrutura de saneamento, além da alta concentração de idosos e crianças. Segundo o presidente do bairro Parque São João, Alcebíades Ferrareis, trata-se de fato de uma área de risco e onde as pessoas já vivem com dificuldades, mas mesmo assim aceitaram participar da simulação por solidariedade. “Os irmãos nossos lá do Haiti é que estão sofrendo”, lamentou.
Famílias foram “abrigadas” em um colégio da região, onde receberam assistência médica, alimentação e opções de lazer. (Foto: Renê Dióz / G1)
Famílias foram “abrigadas” em um colégio da região, onde receberam assistência médica, alimentação e opções de lazer. (Foto: Renê Dióz / G1)
Minustah
Dentre o grupo que se prepara para a missão, há tanto militares com experiência de trabalho no Haiti quanto os que vão embarcar pela primeira vez em nome da Organização das Nações Unidas (ONU).
“Espero poder apoiar, ajudar a população haitiana, que vem sofrendo com insegurança, com pobreza, com desastres naturais há muito tempo. A simulação ajuda a verificar as dificuldades que a gente pode ter numa operação real e colher experiências para que lá a gente faça da forma correta, da forma mais eficiente possível”, explicou o coordenador de assuntos civis da missão, capitão Bruno Soares de Cerqueira, que pela primeira vez participará da missão.
Militares também patrulharam ruas dos bairros enquanto famílias eram abrigadas. (Foto: Renê Dióz / G1)
Militares também patrulharam ruas dos bairros enquanto famílias eram abrigadas. (Foto: Renê Dióz / G1)
“Como o brasileiro tem em si o desejo de ajudar os outros, é com muita satisfação que treinamos exaustivamente. E nós, quando voltamos de lá, voltamos com o espírito renovado por aprender com um povo tão sofrido”, contou o 2° sargento Cícero Rodrigues. Natural de Recife, ele serve ao Exército em Cáceres, a 250 km de Cuiabá, e estará a partir da segunda quinzena deste mês pela terceira vez integrando a Minustah.
O Haiti um dos países mais pobres do mundo e, nos últimos anos, vem tentando se recuperar da instabilidade política gerada em 2004 pela deposição do presidente Jean Bertrand-Aristide e da catástrofe de 2010, quando os haitianos sofreram o mais violento terremoto já registrado no país.
G1/montedo.com