17 de junho de 2013

Como ganhar o respeito e a confiança dos subordinados

Carlos Alberto Pinto Silva*
Sem integridade, os comandantes não têm poder, porque não apoiam suas palavras com atos e, deste modo, não podem inspirar confiança.
Liderança pode ser definida como a capacidade de transformar e conduzir um grupo por intermédio de ações inteligentemente manejadas, capazes de motivar e influenciar seus integrantes para que de forma espontânea e entusiástica contribuam para a conquista de objetivos antecipadamente estabelecidos pelo líder ou pela organização da qual fazem parte.
Comando, por sua vez, pode ser delineado como a competência instituída para, por meio do exercício de autoridade e da obediência, dirigir pessoas com a finalidade, também, de alcançar objetivos previamente traçados.
A diferença básica entre liderança e comando, pretende-se, consequentemente, com essas definições, ser estabelecida nas premissas de que enquanto um é cumprido por hábeis manobras que originam mudanças de comportamento e levam ao engajamento voluntário a determinado empreendimento, o outro é desempenhado pela submissão hierárquica do subordinado ao superior, da mesma forma que leva, ainda, à conclusão que líder nem sempre é comandante e que este necessariamente não necessita ser líder.
Contudo, no complexo e específico ambiente em que se sustentam os valores militares, quando subordinados e superiores professam suas condutas e suas atitudes de acordo com os juramentos prestados, liderança e comando se entrelaçam e se transformam em um elemento único na conquista e consolidação de objetivos das mais diversas naturezas.
Os grandes Comandantes percebem que precisam ser capazes de se relacionar com seus comandados. Os subordinados não o seguirão de boa vontade se desconfiarem que este comandante não se importa com eles.

Procedendo de acordo com esses preceitos e tendo subordinados que agem da mesma forma, o comandante, líder institucional e, conseqüentemente, de direito, passa a ser líder natural, ou seja, de fato. É neste contexto, portanto, que o exposto a seguir, copilado de pensamentos de estrategistas e de estudiosos do assunto é fundamental para o exercício do comando militar, que, como já foi ressaltado, nada mais é do que cumprir seus juramentos e levar os subordinados a seguir os seus.
A maior conquista que um Comandante pode obter é ganhar o respeito e a confiança de sua Instituição e fazer com que todos cheguem ao lugar a que deveriam chegar por iniciativa própria, para isso é preciso conhecer o caminho.
“O caminho é o ideal, o princípio orientador ou meio de atingir metas coletivas, aquilo que subentende a ordem e o moral de uma Instituição. É aquilo pelo qual as vontades dos que estão por cima e dos que estão por baixo são unidas.”
Se o comando considera que os populares são merecedores e os impopulares nada merecem, aqueles que tiverem muitos adeptos progridem, enquanto que aqueles com poucos adeptos ficam para trás. Se for assim, os velhacos estarão em todas as partes, obscurecendo os merecedores; os administradores leais serão demitidos sem terem cometido delitos, enquanto burocratas traiçoeiros irão assumir os postos por meio de uma representação falsa.
“Os verdadeiros Comandantes não são aqueles que obrigam os outros a segui-los, mas aqueles que conseguem harmonizar as vontades de outros e unificar a direção geral de suas energias, aqueles que conhecem o caminho.” (Sun Tzu II - a Arte da Guerra).
Grandes Comandantes geram em sua Instituição um senso de liberdade, voluntariedade e valor comum, criam o sentimento de vinculação, o saber confiar um no outro e a convicção de cada um poder cofiar em todos os outros, o que induz o homem a todos os sacrifícios pela a ideia de camaradagem, levando a formação de uma entidade coletiva única.
Ver a Instituição como essa entidade é gerar espaços para Comandantes subordinados com objetivos estimulantes; é acreditar que os subordinados guiados pelo espírito de corpo usarão a liberdade para alcançar os objetivos compartilhados.
A conquista de apoio leva, naturalmente, ao sucesso, mas a desarmonia e a falta de integridade dentro de um círculo interno de comando irão solapar a eficiência.
Os grandes Comandantes percebem que precisam ser capazes de se relacionar com seus comandados. Os subordinados não o seguirão de boa vontade se desconfiarem que este comandante não se importa com eles.
Há necessidade de conhecimento da profissão, para que haja confiança, possibilitando, portanto, a coesão.
Os comandantes têm de ser justos. Justiça também significa dever. Os comandantes que não são justos e não exigem justiça não têm dignidade; se lhes faltar dignidade, irá faltar-lhes o carisma; se lhes faltar o carisma, seus soldados não irão enfrentar a morte por eles e não terão medo de ser indisciplinados.
Não devem dar uma aprovação arbitrária e não devem rejeitar só para fazer oposição. Aprovação arbitrária significa perda de disciplina, enquanto recusa significa exclusão.
Como podem fazer com que os subordinados cumpram ordens como se fosse uma coisa perfeitamente natural?
A integridade é o alicerce sobre o qual construímos o edifício do sucesso do comando de uma Força Armada. Os comandantes devem ter integridade. Sem integridade, os comandantes não têm poder, porque não apoiam suas palavras com atos e, deste modo, não podem inspirar confiança. Se não tiverem poder, não poderão conseguir que suas forças se esforcem ao máximo.
Os comandantes devem ser dignos de confiança; se não forem dignos de confiança, suas ordens nem sempre serão cumpridas. A confiabilidade cimenta o relacionamento do comandante com a força.
“Seja digno de confiança como sendo uma coisa perfeitamente natural, para isso:
- Olhe os subordinados com os olhos do mundo e não haverá nada que você não irá ver.
- Ouça os subordinados com os ouvidos do mundo inteiro e não haverá nada que você não irá ouvir.
- Pense com a mente dos seus subordinados e não haverá nada que você não saiba.”
Se o comando considera que os populares são merecedores e os impopulares nada merecem, aqueles que tiverem muitos adeptos progridem, enquanto que aqueles com poucos adeptos ficam para trás. Se for assim, os velhacos estarão em todas as partes, obscurecendo os merecedores; os administradores leais serão demitidos sem terem cometido delitos, enquanto burocratas traiçoeiros irão assumir os postos por meio de uma representação falsa.
Disciplina, solidariedade e confiança não se improvisam, exigem uma coesão moral, que nas Forças Armadas, devido às características de sua estruturação, constituem laços que devem se alongar, e para que não se partam, cumpre que sejam fortes.
“Com laços fortes com seus subordinados, o Comandante obterá sucesso, e suas Forças farão crescer a fé e o orgulho, antes que passem os dias amargos e que o espirito do tempo volte a ser favorável. Com o vento endireita a árvore após tê-la curvado, os paradigmas serão quebrados para alcançarmos o nosso objetivo.”
Fontes:
- O Fio da Espada – Charles de Gaulle.
- Sun Tzu II – A Arte da Guerra – Os Documentos Perdidos – Thomas Cleary.
- A Pílula da Liderança – Ken Blanchard e Marc Muchnick.
- Clausewitz e a Estrtégia – TihavonGhyczy,Bolko von Oetinger e Christopher
Bassford.
- O Líder do Futuro - Peter F Drucker.
- Jack Wech Os Segredos da Liderança – Robert Slater.
*General de Exército da reserva, xx-comandante do CMO /CMS e COTER
DefesaNet/montedo.com