26 de agosto de 2013

Soldados indígenas colaboram com missões do Exército em Roraima

De intérpretes a guias de selva, eles ajudam nos trabalhos de fronteira.
‘Eles fazem a diferença’, diz comandante do 7º BIS.

Rodrigo Menaros
Do G1 RR
Soldados indígenas do 7º Batalhão de Infantaria de Selva de Roraima (Foto: Rodrigo Menaros / G1 RR)
Soldados indígenas do 7º Batalhão de Infantaria de Selva de Roraima (Foto: Rodrigo Menaros / G1 RR)
No dia em que o Brasil comemora o Dia do Soldado, 25 de agosto, o Exército Brasileiro faz homenagens ao trabalho daqueles que têm como função defender o país. Em Roraima, o 7º Batalhão de Infantaria de Selva (7º BIS) possui indígenas como soldados no efetivo da tropa, principalmente nos pelotões de fronteira localizados na região noroeste do estado, na fronteira com a Venezuela.
O soldado Fagner é da etnia wapichana e sempre teve o sonho de seguir carreira no Exército. Após o período do serviço militar obrigatório cumprido em 2011, pediu para engajar (permanecer vinculado por mais tempo ao quartel), e está muito feliz com o trabalho que realiza como responsável pelo almoxarifado do 5º Pelotão de Fronteira de Auaris. “Enquanto eu puder ficar trabalhando aqui, vou ficar. Gosto muito do que faço”, afirma.
O cabo Xaporita Douglas, da etnia yanomami, e o soldado Deolindo, da etnia macuxi, servem no 4º Pelotão de Fronteira de Surucucu. O primeiro há cinco anos e o segundo há três.
Xaporita tem a função de guia na selva durante as missões de reconhecimento de fronteira, e também serve como intérprete nas comunicações entre os militares do pelotão e os indígenas yanomami das comunidades próximas. Deolindo cuida da manutenção geral do quartel, além de ser responsável pela cantina da tropa.
Todos são casados, mas como trabalham em locais de difícil acesso, a cada período de 90 dias de isolamento no pelotão, podem passar 15 dias em casa. Apenas o cabo Xaropita, por ser da própria região onde está localizado o quartel em que trabalha, vive com a mulher e os quatro filhos. Segundo os militares, essa é a principal dificuldade que possuem. Em geral, os três estão muito satisfeitos com as funções que exercem como soldados.
“O trabalho no pelotão de fronteira é muito tranquilo e sabemos da importância que temos para o Brasil. Para termos o respeito da população, nós temos que mostrar respeito pelas pessoas. Devemos ser exemplo para a sociedade e fazer o máximo que pudermos para ajudar a população”, diz Deolindo, sobre o papel do soldado do Exército.
"Eles fazem toda a diferença na hora da aproximação do Exército com as comunidades indígenas brasileiras”. tenente-coronel Mercês, comandante do 7º BIS
O tenente-coronel Mercês, comandante do 7º BIS, destaca a importância dos indígenas para as forças armadas e o esforço da instituição em selecioná-los para o serviço militar obrigatório.
“Damos um tratamento diferenciado apenas na seleção, pois, em geral, eles não possuem os requisitos de escolaridade próprios da função. O objetivo é tê-los na tropa. Eles fazem toda a diferença na hora da aproximação do Exército com as comunidades indígenas brasileiras”.
G1/montedo.com