1 de maio de 2014

Aeronáutica e Exército pedem prazo maior para apurar casos de tortura

Forças abriram sindicâncias após pedido da Comissão da Verdade.
Em nota, Aeronáutica informou que pesquisa exigida é 'complexa'.

Juliana Braga
Do G1, em Brasília
Os responsáveis por sindicâncias abertas pela Aeronáutica e o Exército para apurar eventuais torturas ocorridas em instalações militares durante ao período do regime militar informaram nesta quarta-feira (30) ter pedido aos comandantes Juniti Saito e Enzo Peri, respectivamente, prorrogação dos trabalhos.
Em fevereiro deste ano, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) enviou documento ao ministro da Defesa, Celso Amorim, com questionamentos sobre fatos relacionados a sete centros de tortura identificados pelo colegiado. No documento, foram feitas perguntas sobre quais eram os expedientes utilizados para o desvio de função dos espaços, quais eram as rubricas orçamentárias que destinavam recursos a eles, e como era feita a distribuição de pessoal nessas unidades.
Em resposta, o ministro da Defesa pediu que cada uma das Forças realizasse as diligências necessárias. As sindicâncias foram abertas em dias diferentes e têm prazos diferentes. O Exército e a Marinha iniciaram suas apurações em 30 de abril e a Aeronáutica, no dia 31.
Por meio de nota, a Aeronáutica, que tinha 30 dias para realizar suas diligências, informou que solicitou o prorrogação do prazo em razão da pesquisa ser "complexa". "Foi solicitada uma prorrogação de prazo, devido à complexidade da pesquisa exigida no caso. Tal prorrogação está sendo analisada pelo Comandante da Aeronáutica", diz a nota.
Não foram informados os prazos solicitados pelos responsáveis pelas sindicâncias, mas, segundo as assessorias de imprensa da Aeronáutica e do Exército, geralmente os pedidos são de 30 dias.
Já a Marinha esclareceu que o prazo dos trabalhos, diferente das outras duas forças, é de 40 dias, e não 30. Após esse período, é possível prorrogar por mais 20 dias.

'Jogando com o tempo'
Em entrevista ao G1 em março, o coordenador da Comissão da Verdade, Pedro Dallari, afirmou que o Ministério da Defesa estava "jogando com o tempo" ao não liberar respostas a questionamentos feitos pelo grupo. A pasta respondeu à época não haver "qualquer tentativa de retardar qualquer tipo de informação".
G1/montedo.com