1 de junho de 2014

Vídeo mostra militar do Exército dando tapas em detido no Complexo da Maré


Militar usa tapas para interrogar detido no Complexo da Maré

Marcos Nunes

http://extra.globo.com/incoming/12654813-5d2-dc9/w448/espancado3.jpg
Reprodução Extra
Um adolescente foi agredido com tapas no rosto, depois de ser detido por militares da Brigada de Infantaria Paraquedista, no Complexo da Maré, no início de maio. A agressão durou pelo menos 57 segundos e foi registrada em um vídeo. A denúncia foi enviada ao EXTRA por um leitor, através do WhatsApp do jornal (21996441263 e 21998099952).
Nesta quinta-feira, a assessoria da Força de Pacificação anunciou ter aberto um Inquérito Policial Militar (IPM) para apurar o caso e revelou já ter identificado um sargento como um dos autores da agressão.
No vídeo, o rapaz, que é acusado de estar usando drogas, aparece sentado num local onde há capim, próximo a uma calçada, e ao lado de uma garrafa. O militar inicia o interrogatório perguntando se o jovem é maior de idade, e, em seguida, desfere o primeiro tapa no rosto da vítima.
“Você é maior de idade? Fica usando estas m.”, grita o sargento.
O detido começa a chorar, mas o castigo imposto pelos militares passa a ser mais violento. Um deles volta a agredir o rapaz com tapas. O gesto se repete ainda mais três vezes. “Para de chorar, rapaz! Tá de sacanagem? Vai ficar chorando agora? “ pergunta o militar.
Ao ser agredido pela última vez no vídeo, o adolescente que estava sentado cai no chão e coloca as mãos na cabeça, provavelmente para tentar evitar novas agressões.
Procurado pelo EXTRA, nesta quinta-feira, o major Olavo Kruchak, assessor de imprensa da Força de Pacificação, disse que o Exército não compactua com desvios de conduta e que repudia este tipo de ação. Em nota , ele revelou que o sargento foi afastado do patrulhamento da Maré e está atuando em atividades administrativas. Após o fim das investigações, ele ficará à disposição da Justiça Militar, que julgará o caso.
Ainda segundo a nota, o IPM está sendo presidido por um major, que tem 60 dias de prazo para concluir as investigações.
A Força de Pacificação disse que ainda apura o dia e o local exato da Maré, onde ocorreu a agressão. Os nomes do sargento e da vítima não foram revelados . Abaixo, segue a nota completa da Força de Pacificação.
“A respeito do vídeo veiculado pela imprensa, o Comando da Força de Pacificação Maré esclarece o seguinte:
Após tomar conhecimento dos atos mostrados no vídeo em questão, prontamente, o Comando da Força de Pacificação Maré determinou que fosse iniciada a apuração desses fatos.
O militar foi identificado rapidamente e um Inquérito Policial Militar foi instaurado para apurar as circunstâncias em que se deram os fatos. Por se tratar, possivelmente, de um crime militar, o Comando da Força de Pacificação Maré determinou que a situação fosse totalmente esclarecida, com o máximo de rigor possível. Um Oficial Superior foi designado como encarregado deste IPM, que tem um prazo de até 60 dias para o seu término.
Importante ressaltar que a Força de Pacificação repudia veementemente este tipo de ação, assim como qualquer desvio de conduta, por estar totalmente em desacordo com o Estado Democrático de Direito, com as leis vigentes e com as regras de engajamento estabelecidas para a operação, segundo as quais a força até poderá ser empregada ao se efetuar uma prisão ou apreensão, porém a mínima necessária, dentro dos princípios da proporcionalidade e progressividade.
O militar foi afastado de suas funções e após o término do inquérito, poderá ficar à disposição da Justiça Militar para os trâmites legais.”
EXTRA/montedo.com

Comento
Eu também repudio "veementemente este tipo de ação, assim como qualquer desvio de conduta, por estar totalmente em desacordo com o Estado Democrático de Direito". Mas o estado democrático de direito pressupõe o contraditório e a ampla defesa. A nota não tem a isenção nem o distanciamento desejáveis de uma autoridade que deveria pronunciar-se objetivamente sobre os fatos somente após a conclusão de um IPM. 

Rigor máximo?
Estou enganado ou, ao prometer apurar os fatos "com o máximo de rigor possível", implicitamente o comando admite que, noutra circunstância ou com outros autores, poderia esclarecer a situação com menos rigor?

Perguntinha
A nota fala em "militar". De onde partiu a informação que se trata de um sargento?