10 de setembro de 2014

Imperador japonês teria alertado para riscos da Segunda Guerra Mundial

(1987) O imperador Hirohito, no Palácio Imperial, em Tóquio
Foto: Imperial House Hold Agency/AFP
O imperador Hirohito, chefe de Estado japonês durante a Segunda Guerra Mundial, havia alertado para os perigos do conflito, revelam documentos oficiais divulgados nesta terça-feira, após 24 anos de pesquisas.
A historiografia produzida pela Agência da Casa Imperial mostra como, no período que antecedeu o ataque surpresa do Japão contra a frota americana em Pearl Harbor, em dezembro de 1941, Hirohito se preocupou com os riscos de uma "guerra temerária" que o faria se sentir "profundamente arrependido por seus antepassados ​​imperiais".
Os documentos retratam um homem, considerado um semideus, que se opôs aos militares que levaram o Japão a um conflito em grande escala contra a China em 1937, com a promessa de que a batalha seria curta e a vitória certa.
Mas os novos documentos também apresentam um líder orgulhoso das vitórias japonesas nos distantes campos de batalha.
O Japão invadiu a Manchúria em 1931, estabelecendo ali um governo fantoche e uma base estratégica para novas conquistas.
Em 1937, as tropas imperiais atacaram Nanquim, em que dezenas de milhares de civis morreram, mas que os documentos não fornecem detalhes.
Após ser informado da queda da cidade, Hirohito expressou felicitações às tropas: "Estou profundamente satisfeito com a coragem exibida na tomada da capital de Nanquim".
Hirohito divide os historiadores: se parte deles o vê como um fantoche impotente de um Estado militar fora de controle, outros argumentam que a invasão e ocupação de parte China não teria acontecido sem, pelo menos, a aprovação tácita do chefe de Estado, que tinha a última palavra a priori.
Quando o Japão foi forçado a se render em agosto de 1945, as forças de ocupação, lideradas pelos americanos, fizeram de tudo para manter Hirohito no trono do Crisântemo, por uma questão de estabilidade, enquanto muitos líderes políticos e militares foram presos, julgados e enforcados.
Hirohito, que começou a reinar em dezembro de 1926, teve que renunciar a seu status divino e se contentar com o papel de símbolo da unidade do povo e da nação até a sua morte em 1989.
Em última análise, os arquivos revelam poucas evidências das decisões de Hirohito. Eles transmitem uma imagem simpática, sem dizer qual era o seu papel, central ou não, no militarismo japonês da época.
AFP/montedo.com