2 de janeiro de 2015

Forças Armadas atuarão nas estradas para combater contrabando de armas e drogas.

Forças Armadas vão atuar nas estradas
Com outros estados do Sudeste, ação conjunta visa a frear contrabando de armas e drogas
Foto: Custódio Coimbra / Arquivo Agência O Globo
SELMA SCHMIDT E VERA ARAÚJO
RIO - Uma megaoperação envolvendo as Forças Armadas, a Polícia Federal e as polícias estaduais está sendo planejada para combater o contrabando de armas e drogas nas estradas de Rio, São Paulo, Espírito Santo e Minas Gerais. A informação foi divulgada nesta quinta-feira pelo governador Luiz Fernando Pezão. Ele disse que vai a Brasília no próximo dia 7 se reunir com os outros governadores do Sudeste e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para discutir o assunto. Os secretários de Segurança da região também vão estar no encontro. A ideia, segundo Pezão, é unir esforços para intensificar a fiscalização nas divisas desses estados.
— Nós pretendemos usar tudo que estiver ao nosso alcance. Com policiais e os meios tecnológicos necessários, podemos permanecer por cinco dias ou mais nas divisas — disse o governador.
Sobre os problemas em algumas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) — principalmente naquelas que ficam em grandes comunidades, como o Complexo do Alemão e a Rocinha —, Pezão anunciou que o secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, e o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Alberto Pinheiro Neto, anunciarão hoje um plano de ajustes para o projeto. Ele antecipou apenas que, para frear a onda de ataques a policiais, os batalhões de Choque e de Operações Especiais (Bope) vão ser mais atuantes. Nesse ponto, Pezão fez uma crítica às unidades de elite da PM, que não estariam cumprindo o papel de proteger os policiais:
— O Choque e o Bope terão uma atuação maior nas comunidades com UPPs, o que tinha se perdido um pouco nos últimos tempos. Isso vai dar mais segurança aos policiais que atuam por lá. Pinheiro Neto e Beltrame vão anunciar uma série de medidas. Tenho participado de diversas reuniões, pelo menos duas vezes por semana, com eles.
Ele disse ainda que conta com a parceria do prefeito Eduardo Paes para a implantação de projetos sociais nas favelas com UPPs.
— O Eduardo (Paes) está soltando um pacote com escolas em horário integral em comunidades. Teremos uma escola com curso profissionalizante na Maré. O Eduardo tem sido um grande parceiro nessa área — afirmou o governador.
Leia também:

Só as Forças Armadas podem pôr fim ao impasse da crise nas rodovias


Uma das promessas anunciadas ontem por Pezão foi a de instalação, até o fim da sua administração, de bases próprias para as Unidades de Polícia Pacificadora. Atualmente, grande parte delas está funcionando em contêineres, conhecidos como “UPPs de lata”, o que aumenta a vulnerabilidade dos policiais que trabalham no programa.
— A construção das bases das UPPs está na fase de licitação. As pessoas não entendem o porquê da demora, mas é importante explicar que tínhamos grande dificuldade para construí-las. Isso porque, quando pedimos um empréstimo, temos que seguir uma espécie de receita de bolo. Exige-se o Registro Geral de Imóveis (RGI) do terreno, por exemplo. Como é que você vai ter RGI de uma área em comunidade? Perdemos muito tempo acertando essas questões. Mas agora as licitações vão andar. Vamos fazer as sedes definitivas de todas as UPPs. Segurança continua sendo a nossa prioridade, não em detrimento da educação e da saúde. Sem segurança, não entra professor (nas escolas), nem médico (nas unidades de saúde) — argumentou Pezão.
Sobre os ajustes no programa das UPPs, o governador informou que sua equipe na área de segurança vai propor uma nova experiência: a instalação de companhias da PM, apelidadas de mini-UPPs, em favelas menores.
— Eles querem fazer novas experiências com novas ocupações, menores, adotando a política de proximidade. A ideia será voltar ao ponto inicial das UPPs, para ver o que deu errado e corrigir os rumos do programa. A gente sabe que há problemas nas grandes ocupações, como na Maré, na Rocinha, em Manguinhos e no Complexo do Lins. Estamos reavaliando uma série de procedimentos. São cerca de 600 policiais que vão reforçar as UPPs — disse ele, que vai inaugurar hoje, como primeiro ato da nova administração, uma mini-UPP no Morro do Banco, no Itanhangá.
Outra promessa de Pezão será construir imóveis para policiais militares, civis e bombeiros. Segundo ele, a aquisição das unidades acontecerá por meio de crédito consignado, com desconto em folha. O governador anunciou ainda a construção de batalhões da PM em Nova Iguaçu, Araruama e Itaguaí.
O Globo/montedo.com