6 de maio de 2015

Vídeo mostra soldado sendo agredido dentro de quartel do Exército no RJ

Jovem de 19 anos perdeu parte da visão do olho esquerdo após ser agredido com socos e chutes
Alexandre afirma que sofreu represálias dentro do ExércitoReprodução / Rede Record
Alexandre Costa Gomes, de 19 anos, resolveu denunciar as agressões que sofreu dentro de um alojamento de um quartel. Ele tomou essa decisão após ser dispensado do Exército.
Num dos episódios, o soldado levou chutes e pontapés de mais de dez homens. Um vídeo registrou o espancamento.
Nas imagens, é possível ver o soldado de casaco dentro do alojamento. O paraquedista é espancado pelos companheiros de farda. Ele leva chutes, pontapóes e até pauladas. O caso aconteceu em setembro de 2014, mas Alexandre se manteve calado até a sua dispensa.
— Tinha acontecido [as agressões] várias vezes. Não tinha como me defender. Era só esperar e apanhar. Eles faziam muito isso. Afogamento, botava a cabeça no vaso e dava descarga. Além disso, eu sofria constrangimentos e xingamentos.
Segundo o jovem, a situação piorou depois que ele denunciou o sargento para o comando da unidade. O paraquedista garante que a ordem para a agressão teria partido do próprio comando em represália às denúncias do soldado.
— Eu fiz uma quebra de comando sim, porque eu avisava para o comandante e ele não falava nada, aí eu fui ao comandante da companhia, tirei minha camisa e mostrei a marca. No momento da agressão estava uma gritaria e ninguém apartou. Quem estava de plantão na guarda, abriu a porta e só disse: "olha a bagunça aí".
Além de ter o sonho de ser paraquedista interrompido, Alexandre ficou com sequelas das agressões. Ele diz que perdeu parte da visão do olho esquerdo.
— Se reparar no vídeo, eles estão pisando na minha cabeça. Perdi quase totalmente a visão do olho esquerdo, só vejo vultos. Não posso fazer prova nem para a Guarda Municipal nem para a PM porque os testes são rigorosos.
O pai de Alexandre está a procura de um advogado para processar o Exército. O jovem afirma que situações como as que ele viveu são comuns.
— Isso que aconteceu lá dentro é uma coisa mínima. Mas para quem está de fora e não sabe o que acontece lá é uma brutalidade.
Em nota, o Comando da Brigada de Infantaria Paraquedista informou que, após tomar conhecimento do vídeo, determinou que fossem tomadas as medidas administrativas necessárias para esclarecer as condições do vídeo e a situação do ex-militar.
Alexandre Costa Gomes serviu na 1ª Companhia de Engenharia de Combate Paraquedista de 1º de março de 2014 a 9 de janeiro de 2015, quando foi licenciado por término de tempo de Serviço Militar.
R7/montedo.com