25 de junho de 2015

Exército e fuzileiros planejam ocupar quatro favelas durante a Rio-2016


Forças Armadas durante a Copa do Mundo-2014
(Alan Marques - Folha Press)
MARCO ANTÔNIO MARTINS
DO RIO
As Forças Armadas planejam a ocupação de quatro favelas do Rio como parte do esquema de segurança da Olimpíada de 2016.
Os alvos de preocupação dos militares são os morros do Chapadão, Pedreira, Lagartixa e Quitungo, todos a cerca de 1 km do Complexo Esportivo de Deodoro (zona oeste), onde haverá competições de 11 modalidades olímpicas e quatro paralímpicas.
A definição sobre a ocupação das favelas ocorrerá até o primeiro trimestre de 2016.
Desde maio, militares da inteligência do Exército e dos Fuzileiros Navais fazem levantamento fotográfico das comunidades e consultam policiais sobre criminalidade.
A Folha apurou que alguns militares gostariam de evitar a ocupação. Entendem que a prática se desgastou com a ação no complexo da Maré, onde as Forças Armadas estão desde abril de 2014.
Militares esperam que as UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) planejadas para essas favelas possam controlar a ação de traficantes. A previsão é que até o fim do ano ao menos Pedreira e Chapadão estejam ocupadas pela Polícia Militar.
Um militar conta, porém, que o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (PMDB), vê com bons olhos a ocupação.
Além do alto índice de violência da região, a preocupação com Deodoro também deve-se ao fato de as instalações olímpicas estarem localizadas numa área militar.
Entre oficiais do CML (Comando Militar do Leste), há o entendimento de que qualquer ato de violência ali atinge primeiro os militares e, depois, a imagem dos Jogos.
As favelas da região têm sido palco de confrontos constantes. Elas também são usadas como "central" de facções criminosas. A Pedreira, por exemplo, serve como base para a maior quadrilha de assaltantes de cargas do Rio.
Criminosos do bando invadiram em 2014 uma vila olímpica da Prefeitura do Rio. A ação foi reproduzida em fotos postadas em redes sociais. Nas imagens, ostentavam fuzis numa piscina olímpica.
A tensão na região é tanta que policiais só chegam e deixam a delegacia em comboios para não serem atacados. Durante a madrugada, a delegacia costuma fechar as portas para evitar invasões.
Folha de São Paulo/montedo.com