Imagem: DefesaNet |
Ágata é a execução do Plano Estratégico de Fronteiras criado em 2011 pelo Ministério da Defesa para atuação militar, policial e de fiscalização abrangente ao longo dos 16.886 quilômetros da zona fronteiriça brasileira.
Desde 22 de julho e sem prazo para encerramento está em curso a Operação Ágata em sua nona etapa, dessa feita concentrada em 4.045 quilômetros de fronteira com o Paraguai e Bolívia - dos quais, um quarto em território mato-grossense – entre os municípios de Vista Alegre do Abunã (RO) e Foz do Iguaçu (PR).
A imprensa recebe abundante material dando conta da apreensão de veículos e drogas. Os balanços parciais de Ágata também destacam o quantitativo dos efetivos empregados e as ações cívico-sociais (Aciso) desenvolvidas pelas Forças Armadas.
Desde que os militares deixaram o poder com a posse de José Sarney, o Brasil teima em desconsiderar a atividade-fim das Forças Armadas optando por vê-las na condição de agentes que devem apenas guarnecer as fronteiras contra o narcotráfico e o contrabando de armas. Sob essa ótica é focalizada Ágata.
Mesmo reconhecendo a importância dos militares de Ágata no campo policial é preciso destacar que em primeiro lugar o Brasil precisa de suas Forças Armadas para sua defesa territorial e soberania ficando as demais atuações no plano inferior.
Quanto à Ágata, ela nada mais é que atestado da ausência militar e policial na fronteira, pois se assim não fosse seria desnecessárias sua execução, que é uma presença temporária e anunciada, o que afugenta os barões das drogas e outros criminosos transnacionais do polígono sob forte patrulhamento fluvial, aéreo e terrestre.
Para Mato Grosso, melhor que Ágata, muito melhor, no campo da segurança, seria a presença nacional na fronteira com o aumento de destacamentos do 2º Batalhão de Fronteira, a construção de uma base aérea em Cáceres, a instalação de delegacias da Polícia Federal em pontos estratégicos e a estruturação da Marinha.
Também melhor seria a construção da Zona de Processamento de Exportação de Cáceres e a instalação de um city gate naquela cidade, para distribuir o gás natural veicular boliviano naquela região. Seria a troca da falta de garantia pela garantia jurídica aos proprietários rurais na fronteira. Seria a União e o Estado investirem em saúde, educação e na criação de postos de trabalho na zona fronteiriça que se estende de Cáceres a Comodoro.
Enquanto Mato Grosso teimar em ficar de costas para a Bolívia mantendo abandonada e desabitada a fronteira, nosso vizinho andino será sempre visto como mero produtor de cocaína. Quando a ótica mudar e o governo investir naquela região, nossos irmãos do outro lado da linha imaginária que nos unem passarão a ser enxergados enquanto parceiros comerciais perenes, sem prejuízo da presença militar na região, como acontece no mundo inteiro entre nações civilizadas.
Quanto a Ágata, ela nada mais é que atestado da ausência militar e policial na fronteira.
DIÁRIO DE CUIABÁ/montedo.com