9 de agosto de 2015

De repente, Pai!

Um feliz Dia dos Pais, meus amigos.

De repente, Pai!
Ricardo Montedo


É bem assim. De repente, não mais que de repente, nos descobrimos pais. Ainda que já soubéssemos, já sentíssemos, pois, ainda assim, é de repente.
Dobramos uma esquina qualquer da vida e nos vemos aos braços com aquela trouxinha de gente, como se alguém nos dissesse: “toma, o filho é teu!”
E lá ficamos nós, atrapalhados, sem saber direito o que fazer com aquele serzinho em nossos braços, cuja expressão parece dizer: “Cara, é tudo contigo...”.
E lá vamos nós, mergulhar de cabeça nessa aventura maravilhosa chamada paternidade. E lá vêm os chás, lembrancinha do Grêmio, mamadeiras, sono, fraldas, vacinas, sarampo, sono, varicela, xixi, cocô, Hipoglós... - já falei do sono?- vacinas, dentes, papinhas, cólicas, assaduras e - claro! – sono.
E lá vêm palavras incompreensíveis, passos hesitantes, birras, sorrisos, caldinho de feijão, tombos, pediatra, conta na farmácia.
E dê-lhe bolo de aniversário, negrinho, guaraná, parabéns, velinha, choro, fotos, crianças enlouquecidas, chapeuzinho de palhaço, garagem suja, Tchau! Obrigado por virem; cansaço, enfim, sós... só que não!
E vêm escolinha, amigos, ‘A’ prôfe, reclamações, boletins, dia dos Pais no colégio, cartolina picada, cola, tesoura, ‘olha o que eu fiz, Pai!’, orgulho, pai babão.
Sim, há uma era interminável chamada adolescência, onde o objetivo é um só: sobreviver.
E lá vai a vida, nos levando à reboque desses seres iluminados que ela plantou em nosso caminho, a quem chamamos Filhos.
E lá vêm os cabelos brancos, a barriga saliente, o churrasco para o genro, a esperança de ter uma nora, netos, domingos em família, felicidade, enfim.
Só que nunca - nunquinha mesmo! – deixaremos de vê-los como nossas crianças, eternas crianças, frágeis, desprotegidas, precisadas de nós, seus pais.
Ser Pai é uma sina bendita.
E aos meus Filhos, digo: obrigado por existirem. Este Pai só existe por vocês.