2 de outubro de 2015

Decadência: Brasil cai quatro posições e agora é a 22ª maior potência militar do mundo

Em 2013, o País ocupava a 18ª colocação na lista de países com as forças armadas mais poderosas do mundo. Estados Unidos, Rússia e China lideram a classificação
Frederico Vitor
O Brasil caiu da 18ª posição para a 22ª no ranking das maiores potências militares mundiais, segundo o site especializado em Geopolítica e militaria, Global Firepower. A lista é liderada pelos Estados Unidos, seguidos por Rússia, China, Índia e Reino Unido. Apesar de ter caído na classificação, o Brasil é o País da América Latina em melhor posição na lista, seguido por México na 31ª e Chile na 43ª.
O Brasil, apesar de ser a 8ª economia mundial e ter 202 milhões de habitantes está atrás no ranking de países com menor população ou território, como Egito, Polônia, Austrália, Canadá, Vietnam, Paquistão, Tailândia, Turquia, Indonésia, Coreia do Sul e Taiwan.
A lista que classifica as potências militares do mundo faz uso de mais de 50 fatores para determinar o índice de poder de cada nação. Ou seja, isso permite que países menores, mas tecnologicamente mais avançados, tenham como competir com países maiores, mas menos desenvolvidos.
Alguns pontos importantes foram levados em consideração para a organização do ranking: as capacidades nucleares não são levadas em conta, mas fatores geopolíticos influenciam o posicionamento de cada país na classificação. A dependência de recursos naturais e a saúde econômica atual para cada país é levada em conta. Na dianteira, desde o colapso da União Soviética, os Estados Unidos lideram o ranking com folga e, seu orçamento de defesa, equivale a soma de todos os demais orçamentos para área do mundo.

BRICS
O Ranking do Global Firepower apontou que do bloco de países emergentes denominados BRICS, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, o Brasil está numa posição bem inferior à Rússia, China e Índia, 2ª, 3ª e 4ª colocadas respectivamente no ranking das potências militares. Contudo, tanto Rússia e China fazem parte do Conselho de Segurança da ONU, além de deterem vastos arsenais nucleares. Ambas as nações estão envolvidas em questões de disputa territoriais com outros países e investem pesadamente em seus respectivos complexos industriais militares, sendo grandes exportadores de armas.
A Índia, além de ser uma potência militar, na frente de Reino Unido e França, tem armas nucleares em seu arsenal, porém não faz parte do Conselho de Segurança da ONU. Contudo, o país asiático foi o que mais importou armas de todos os tipos nos últimos três anos.

Brasil
A queda do Brasil neste ranking, ou seja, de 18ª para 22ª, se deve a crise econômica e aos baixos investimentos feitos pelo governo em Defesa nos últimos anos. Segundo o Global Firepower, o país tem 327 mil militares na ativa mais 3,4 milhões na reserva. Porém, o número expressivo de tropas é contrastante com seus equipamentos, que na maioria são defasados e de número reduzido.
Dos 92 aviões de combate a jato, por exemplo, apenas 43 são supersônicos (podem voar em velocidades superior ao do som). Os caças F-5 M de fabricação americana, da década de 70, com cerca de 40 anos de serviço ativo da Força Aérea Brasileira (FAB), apesar de terem passado por modernização pela Embraer (ganhando novo radar, sensores e habilitados a combater alvos aéreos além do alcance visual [BVR]) estão longe de fazer frente a outros jatos de combate em uso por forças aéreas da região, como os F-16 chilenos e SU-30 da Venezuela.
Enquanto isso, a FAB espera receber em quatro anos 36 caças Gripen NG, de fabricação sueca, que vão recolocar a força a um nível mais alto de tecnologia e letalidade de seus vetores. Os caças escandinavos venceram uma concorrência contra o americano F-18 Super Hornet e o francês Dassault Rafale, e vai custar cerca de R$ 9 bilhões aos cofres da União. Porém, o moderno jato virá com um pacote de transferência de tecnologia, algo muito almejados pelos brigadeiros.
Na aviação de transporte continua emperrado — em função do contingenciamento de recursos — o desenvolvimento do cargueiro KC-390, um avião projetado pela Embraer em parceria com a FAB que deve substituir os C-130 Hércules, tornando a ponta da lança da aviação de transporte e de reabastecimento em voo da FAB.

Navios Velhos
A Marinha tem apenas um porta-aviões, o Nae A12 São Paulo (comprado de segundo mão da França no ano 2000, ex FS Foch) que não entra em operação há cinco anos em razão de problemas em seu sistema de caldeira. A frota é antiga e alguns navios com mais de 30 anos estão dando baixa do serviço ativo por terem atingidos alto grau de obsolescência. Embora a Marinha trabalhe em um grande projeto de construção de quatro submarinos convencionais e um de propulsão nuclear em solo brasileiro (com tecnologia francesa), da frota atual de cinco submergíveis, apenas dois estão em condições de operar no vasto mar territorial brasileiro.
Apesar da condição precária da armada brasileira, os almirantes brasileiros compraram recentemente um navio de assalto anfíbio de segunda mão da França. O Siroco, que no Brasil será comissionado como G 40 Bahia, é capaz de alojar 450 tropas (fuzileiros) e seus equipamentos, operar quatro ou mais helicópteros médios, transportar cerca de 100 veículos militares, incluindo blindados, e lançar através da sua popa alagável, embarcações de desembarque de vários modelos e capacidades, incluindo o CLANF, blindado de esteiras anfíbio operado pelo Corpo de Fuzileiros Navais.

Fuzis antiquados
Já o Exército ainda não conseguiu efetivar a troca total de seus fuzis de assalto FN FAL (7,62mm) que, desde a década de 1960, está em uso massivo nos quarteis. A Imbel, uma empresa de fabricação de armamentos do Exército já desenvolveu o substituto do FAL, trata-se do IA2 (7,62mm e 5,56 mm). Mas, por enquanto, apenas as unidades operacionais estão utilizando o novo artefato.
No mais, a Força Terrestres enfrenta dificuldades de alocação de verbas para concluir o projeto de uma nova família de blindados sobre rodas (6×6) de transporte de tropa ( VBTP-MR Guarani) e do Sistema Integrado de Monitoramento de Fronteiras (Sisfron).
O primeira, trata-se do desenvolvimento e aquisição pelo Exército de uma família de blindados que vai incorporar as mais avançadas tecnologias. O carro de combate, de tração 6×6, capaz de transportar até 11 soldados, deverá substituir as antiquadas viaturas blindadas Engesa Urutu e Cascavel. A expectativa do Exército é de encomendar da fábrica da Iveco situado em Sete Lagoas (MG), cerca de 2.200 blindados. Mas, até o momento, a Força comprou apenas 100 forçando a planta industrial dos veículos a fechar suas portas em caráter temporário.
Já o Sisfron, tem como objetivo conter ações criminosas ao longo dos 18 mil quilômetros de faixa de fronteira do País. O projeto prevê no prazo de 10 anos monitorar toda a fronteira, por meio de radares, veículos blindados, barcos, helicópteros, sistemas de comunicação e veículos aéreos não tripulados, contra o tráfico de drogas e de armas que alimenta a violência e o crime organizado nos grandes centros brasileiros. Mas, até o momento, apenas 7% dos investimentos prometidos foram feitos.
JORNAL OPÇÃO/montedo.com