12 de abril de 2016

O Adjunto de Comando e um texto didático

Por vezes, pinço algum texto da área de comentários e posto aqui. Este é um deles. O autor não se identificou.

Não sei exatamente o nível de influência do “Sergeant Major” Americano na criação e adoção do Adj Cmdo, mas sei que o cargo brasileiro surgiu em decorrência das boas práticas trazidas pelos SGTs que realizaram o curso de Sargento Maior naquele país e que foram em grande parte implantadas na EASA. Esse trabalho na EASA aliás começou em 1993, sob o comando do então TC Cav, hoje Gen Ex Etchegoyen. Quem passou pela EASA naquela época conta que foram muitas as críticas e algumas vezes o projeto esteve por acabar. Mas acabou vingando. As ideias iniciais foram aperfeiçoadas e hoje a EASA é vista como referência, tanto que será berço do novo curso de Adj Cmdo. 


Leia também
O Adjunto de Comando e um pouco de História

Comecei falando do Sergeant Major e é interessante contar um pouco de sua história. O Sargento Maior Americano foi criado durante a Guerra de Independência Americana em 1775, inspirado justamente nos inimigos britânicos que já possuíam esse cargo desde aproximadamente 1598. Em 1920 o cargo foi extinto retornando em 1962. Junto com a “nova” graduação vieram também inúmeros problemas, como por exemplo falta de vagas para promoção de todos os que possuíam méritos, o que fazer com os que não fossem promovidos, questões relativas à carona caso um mais moderno assumisse a função, mas o principal problema foi determinar exatamente a função do Major. Muita confusão e dúvidas surgiram sobre qual a relação entre o Cmt OM e o Major, sua posição no EM do Cmt, sua posição perante a tropa, etc. Essas confusões perduraram até a Guerra do Vietnam, quando a falta de liderança e entrosamento entre sargentos e oficiais em combate causaram a morte de inúmeros soldados americanos. A graduação sofreu várias mudanças e ajustes desde então e em 1977 foi criada a Academia de Sargentos Maiores do Exército Americano. Desde lá essa escola vem formando Sargentos Maiores com base na doutrina que também foi desenvolvida para acomodar a nova graduação. Em 1980 foi criado o Manual dos Deveres, responsabilidades e autoridade dos graduados e a cadeia de comando dos graduados foi oficialmente formalizada, tendo o Sargento Maior em seu ápice. 
Cabe lembrar que o Sargento Maior é um sujeito que entrou no exército como soldado, tendo passado por todas as graduações desde cabo. Como no Exército Americano não existe concurso para ingresso das Praças nem estabilidade antes dos vinte anos de serviço, os que chegam nessa graduação são militares com vasta experiência e mérito, uma vez que também não há promoção por antiguidade e o militar que deixa de ser promovido dentro do período previsto não recebe reengajamento. 
Se considerarmos apenas o período entre a criação da academia teremos 39 anos dessa graduação, e ainda hoje existem problemas que continuamente são alvos de debate, simpósios e discussões. Então vejam senhores que o projeto do EB ainda está engatinhando. Muito tempo será necessário para que essa nova função se estabeleça e quem sabe se torne uma nova graduação. Agora mesmo temos dois projetos caminhando paralelos: Um é o CHQAO o outro o Adj Cmdo. Não podemos precisar, mas é quase certo que o QAO não seja extinto sem antes contemplar todos aqueles os que já estão na Força e possuem alguma expectativa de serem promovidos no QAO. Mas também não é difícil imaginar que no futuro, os dois cursos possam convergir em uma mesma direção, e que o QAO e o Adj Cmdo se tornem uma nova graduação no círculo dos Praças. Dessa maneira um jovem que comece sua carreia como Al do CFS hoje poderá vislumbrar a possibilidade de promoções e funções além daquelas previstas para o ST, que hoje equipara-se ao SGT Maior. Muito tempo será necessário ainda. Isso não é para nós.
SGT MWF