30 de maio de 2016

Com a palavra, o Adjunto de Comando

Recebi na área de comentários este artigo de um Adjunto de Comando.
Trata-se de um texto lúcido e esclarecedor de quem está vivenciando esse momento de transformação.
Vale a leitura.

Caro Montedo
Tenho acompanhado algumas postagens relativas ao novo cargo criado pelo Exército Brasileiro, o Adjunto de Comando, e verificado que muitos ainda não entenderam a importância que este cargo representa para a Instituição, principalmente para nós, os graduados.
Estamos hoje fazendo parte do sistema decisório de nossa Instituição. Quando digo isso, não estou me referindo ao poder de tomar decisões, mas sim, a possibilidade de representar o círculo das Praças no assessoramento dos Comandantes e seus Estado-Maiores, por ocasião das tomadas de decisão em relação as Praças, coisa que não acontecia pouco tempo atrás.
Este foi um importante passo que o Exército deu, visando a valorização de seus integrantes, bem como o comprometimento de todos com os assuntos relacionados a Força.
É lógico que ainda levará muito tempo para que o novo cargo funcione da maneira que todos esperamos, quando se tenta mudar a cultura, as mudanças serão mais lentas e demandarão mais envolvimento de todos para que estas mudanças atinjam sua plenitude. Por isso, é necessário que cada um de nós façamos a nossa parte.
Bom, em relação ao artigo que o Sr elencou como pauta, gostaria de fazer alguns comentários:
Primeiro, estamos vivendo a implementação do novo Cargo e os militares estão sendo selecionados pelo perfil, o que é o muito justo, no meu ponto de vista. Entretanto, os comandantes também estão levando em consideração o relacionamento interpessoal que cada um destes militares possui. Eles sabem que, de nada adianta ter um militar com o perfil alto, se ele não possui um livre trânsito em seu círculo hierárquico, sendo justamente por isso que este cargo contempla os ST e Sgt e não os Of QAO. Se me permite comentar, até agora não tivemos notícias de nenhum Adjunto de Comando que esteja sendo visto com maus olhos pelos militares das Unidades já contempladas pelo cargo.
Em toda mudança, quando o ambiente não está totalmente preparado para ela, terão que ocorrer alguns ajustes, posso garantir que, todos aqueles que estão ocupando o novo cargo estão sendo orientados para não atuar como mais um assistente. Poderão haver alguns equívocos, mas estes estão sendo corrigidos.
Em todas as OM que já possuem o Adjunto de Comando, salvo algumas poucas exceções, este está recebendo e divulgando informações sobre o que vai pela carreira das Praças e já possuem este canal de comunicação para a transmissão destas informações.
Ainda a respeito de nossa carreira, estamos trabalhando em sugestões para que os órgãos responsáveis pelas mudanças sejam alimentados de informações para que nossas necessidades e anseios sejam atendidos. Poucos dias atrás, realizamos uma reunião com a presença dos Adjuntos de Comando de minha Brigada, onde discutimos, levantamos ideias e confeccionamos uma proposta para a nova carreira das Praças, contemplando menores interstícios e novas graduações, desvinculação da carreira e desverticalização salarial. Trabalhamos pensando no ideal, se será utilizada ou não, só saberemos no futuro, porém fizemos nossa parte.
Por último, o aumento de militares temporários se fará necessário sim, para que possamos cumprir nossa missão constitucional. Do ponto de vista de um Adjunto de Comando, não importa se o militar é ou não de curto ou longo prazo. Não podemos esquecer que somos todos temporários, uns com mais, outros com menos tempo de serviço, porém devemos cumprir nossa missão sempre. O Adjunto de Comando fará seu trabalho levando em consideração todos os militares, isso inclui: Soldados, Cabos, Sargentos, Subtenentes e até mesmo Oficias.
Sei que vou receber críticas em relação ao assunto remuneração, coisa que é normal em seu Blog caro Montedo. Porém, podem todos acreditar ou não, mas todo dia converso com o Comandante da Brigada a respeito das necessidades de PNR, da defasagem salarial, dos altos aluguéis que pagamos, sobre as dificuldades de proporcionarmos uma boa educação a nossos filhos, sobre as dificuldades de darmos uma vida digna à nossa família, entre outros assuntos relativos a nós, Praças. Estou fazendo a minha parte e sei que os militares que estão ocupando o Cargo fazem também. Como escrevi anteriormente, se irá ou não fazer a diferença, o futuro dirá. O que importa é que estamos fazendo a nossa parte e honrando nosso círculo, se fazendo presentes e buscando espaço dentro da Instituição.

Lembre-se: 
Hoje sou eu quem está ocupando o Cargo de Ajunto de Comando, amanhã será Você!
Adjunto de Comando de Brigada