6 de junho de 2016

Às nossas custas: enquanto FAB não tem verba para transportar órgãos, lei garante farra dos jatinhos para autoridades

Enquanto o País discute se a presidente afastada Dilma Rousseff deve ou não viajar de jatinho da FAB, dezenas de pessoas morrem em todo o Brasil pela recusa da Aeronáutica em transportar órgãos para transplante.  Em três anos, entre 2013 e 2015, a FAB deixou de fornecer aviões para o transporte de 153 corações, fígados, pulmões, pâncreas, rins e ossos. Os órgãos saudáveis se perderam por conta dessas negativas e da falta de outras alternativas de transporte. Para cada órgão desperdiçado, em média, cinco transportes de autoridades são realizados. Confira no quadro abaixo, de O Globo:
A legislação brasileira não obriga a Aeronáutica a transportar órgãos para transplante. O que existe é um termo de cooperação envolvendo Ministério da Saúde, empresas de aviação comercial e FAB. Até hoje, não houve casos de recusa de companhias aéreas de transportar órgãos para o transplante. O transporte é encaixado nas rotas existentes e é feito gratuitamente. Apenas em 2015, 3,8 mil voos comerciais transportaram órgãos para serem transplantados.
A FAB é acionada nas situações mais críticas, em que não há como usar uma rota comercial e nos casos de tempos de isquemia curtos. Este é o prazo máximo possível entre a extração do órgão do doador e o enxerto no receptor. Para o coração e o pulmão, são quatro horas. A CNT sempre aciona a FAB nos casos de oferta de coração. Se não há receptor no estado onde o órgão foi doado — a fila de espera é nacional —, a central tenta fazer o coração chegar a outras regiões. Dos 435 pacientes que entraram na lista do coração em 2015, 145 (33,3%) morreram.
Leia em O GloboSistema de transplantes no Brasil sofre om falta de transporte aéreo


E não é culpa da FAB - diga-se. É falta de verba mesmo. Não há destinação orçamentária específica para esse tipo de transporte.
Pacientes seguem morrendo enquanto órgãos doados são desperdiçados, Enquanto isso, autoridades'de toda estirpe seguem cruzando os ares do Brasil. Nas asas da FAB e às nossas custas.
Com informações de Vinicius Sassine, de O Globo