1 de junho de 2016

Técnica de enfermagem é chamada de 'macaca' dentro de hospital da Marinha

Caso de racismo foi relatado no Facebook

Thaís Sousa
Uma técnica de enfermagem foi vítima de racismo dentro do Hospital Naval Marcílio Dias, na Zona Norte do Rio. A situação, ocorrida na manhã da última sexta-feira, foi presenciada por uma paciente que estava internada na unidade e fez um relato no Facebook.
De acordo com Cássia Estrella, testemunha do caso, a vítima de racismo se chama Elizabeth. Ela estava trocando o soro de Cássia, quando o aparelho de televisão foi ligado em volume máximo na sala de espera. A partir daí, começou a confusão.
— Essa mulher ligou a televisão a todo volume, às 6h, no andar onde ficam os recém-nascidos. No mínimo faltou noção. Quando a Elizabeth foi pedir para abaixar, foi chamada de "macaca de cabelo duro" entre outras coisas. Eu não acreditei. Levantei, peguei meu soro e fui até lá — disse Cássia ao Extra.
Ao chegar à sala de espera, a paciente encontrou a técnica de enfermagem chorando diante da mulher, cujo bebê está internado na UTI neonatal.
— Perguntei se ela havia chamado a Elizabeth de macaca, e ela disse que estava nervosa porque o bebê estava internado. Mas nada justifica ofender alguém assim. Eu mesma estava lá porque minha gravidez é de risco, mas não vou xingar ninguém por causa disso — afirma a paciente, que passou três dias internada.
Segundo o relato de Cássia, Elizabeth foi à polícia e registrou o caso como injúria racial. No Hospital Marcílio Dias, foi aberto um Relatório de Ocorrência, que é um tipo de registro de ocorrência interno feito em unidades militares. Nesse documento, a profissional de saúde relatou a ofensa por completo. A acusada teria dito: "Essa macaca, cabelo duro e feia veio aqui me perturbar".
A gestante assinou como testemunha, mas até agora não recebeu nenhum contato do Marcílio Dias para dizer o que viu naquela manhã.
— Pelo que sei, esses casos têm que ser levados ao comandante do hospital, mas não sei o que aconteceu. Até agora, parece que nada foi feito — diz a paciente.
O Extra entrou em contato com a Diretoria de Saúde da Marinha para saber que procedimentos já foram ou ainda serão adotados neste caso, mas ainda não obteve resposta.
EXTRA/montedo.com