14 de setembro de 2016

Vale a pena rir de novo: o apronto operacional e uma história da velha Cavalaria

Publiquei esta postagem há dois anos. Apareceu em minhas lembranças do Facebook de hoje.
Vale a pena recordar e descontrair um pouco.

O apronto operacional e uma história da velha Cavalaria.
A foto abaixo é de 11 de agosto, no quartel do 9º Batalhão Logístico (Santiago-RS). Trata-se do apronto operacional para a Operação Guarani 2014.
A imagem trouxe-me recordações (seriam assombrações?) do velho 14 e do tempo que passei envolvido em 'operações' como essa, que seguiam sempre a mesma cronologia: plano de chamada de madrugada (num tempo em que não existiam celulares e telefones fixos eram raros), deslocamento para o quartel, preparação do equipamento, montagem do dispositivo e horas e mais horas em pé, no pátio, esperando a chegada dos membros do 'escalão superior', entidades supranormais que, manhã já adiantada, desembarcavam de uma Veraneio vinda de Bagé.
Aí, os estrelados, munidos de suas temidas pranchetas, passavam a caminhar por entre as frações, acompanhados do S/3, comandantes de esquadrão e pelotões - todos tão obsequiosos quanto encagaçados.
Era um tempo em que se preenchiam umas fichinhas para sinalizar o material que faltava:
- Vale uma marmita; vale uma faca de trincheira; vale um porta-curativos; etc.
As viaturas faltantes eram representadas com giz, no chão (é fato!): vale uma VTR 2,5 Ton; vale uma VBR EE-9 Cascavel; e por aí vai. Coisa de alto nível, tá pensando o quê?!
O estojo de material de costura não podia faltar de jeito nenhum! Por algum motivo - que até hoje desconheço! - era sempre cobrado pelos temidos inspecionadores. Ai do militar que não tivesse em sua mochila linha, agulha e botões.

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Mas, vez por outra, haviam compensações.

Numa dessas empreitadas, estava um oficial 'com Kolynos' - os mais antigos lembrarão do creme dental cuja marca era idêntica ao símbolo da ECEME - a inspecionar um pelotão quando abordou o sargento adjunto que, para sua desgraça, era meu amigo Moreira, sempre com suas respostas ferinas e prontas. Como se fosse obrigação do militar, indagou, ríspido:
- Cadê o relógio de pulso, sargento?
O cavalariano nem piscou. Tomando a posição de sentido, respondeu:
- O subtenente ainda não tem para 'pagar' aos sargentos, major!
E voltou à posição de descansar, sob o olhar atônito dos oficiais do regimento e ante a cara de paisagem do intrépido inspecionador. Este, na falta de palavras, achou que era um bom momento para ir ao banheiro. E assim fez.