5 de outubro de 2016

Caças venezuelanos sobrevoam fronteira e colocam Brasil em alerta

EXTREMO NORTE
Exército diz que não há tensão e FAB não se pronuncia, mas enviou para Boa Vista caças de guerra A-1 AMX e dois aviões de carga C-130
Amílcar Júnior
Caças venezuelanos estão sobrevoando próximo ao espaço aéreo brasileiro. A manobra ocorre na faixa de fronteira da região amazônica, incluindo Roraima. Pode ser apenas um exercício militar, mas, do lado de cá, a Força Aérea Brasileira (FAB) já enviou, de Brasília para Boa Vista, caças de guerra A-1 AMX e dois aviões de carga C-130 (o Hércules) para transportar tropas.
A equipe de reportagem da Folha foi ontem pela manha à Base Aérea de Boa Vista. O setor de Relações Públicas informou que o Comando em Brasília responderia aos questionamentos feitos pelo jornal, mas não houve retorno até o encerramento da matéria, às 18h.
A Força Aérea da Venezuela usa o caça russo Sukhoi SU-30, um dos mais potentes do mundo, rival do norte-americano F-22. A Força Aérea Brasileira tem apenas dois caças F-5, com alcance menor que os aposentados Mirage.
Na área política, os dois países estão com as relações estremecidas. Nicolás Maduro, presidente venezuelano, ignorou a posse do presidente Michel Temer (PMDB) alegando que houve golpe. O clima na fronteira ficou mais tenso quando Maduro declarou apoio às Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farcs). O conflito armado já se arrasta há meio século e já matou mais de 200 mil pessoas.
O comandante da 1ª Brigada de Infantaria de Selva Lobo D’almada, general Algacir Antônio Polsin, disse ontem, em entrevista à Folha, que o relacionamento é amigável e sem tensão na fronteira. Descartou qualquer tipo de incidente naquela região, mas deixou bem claro que o Exército Brasileiro está permanentemente presente, com “braço forte”, em defesa da soberania nacional.
A manobra mais recente feita pela 1ª Brigada, lembrou o general, ocorreu na região do Tucano, em Bonfim, município a 125 quilômetros da Capital pela BR-401, região Leste de Roraima, na fronteira do Brasil com a Guiana. Polsin explicou que para não haver qualquer tipo de incidente, o Exército brasileiro avisa o país vizinho sobre as manobras nas áreas de fronteiras.
Na fronteira com a Venezuela, o general informou que o Exército brasileiro tem preocupação humanitária e sanitária. Sobre possíveis crimes naquela região, ele explicou que existem leis complementares que amparam as Forças Armadas no combate a crimes transnacionais e de meio ambiente. Polsin citou como exemplo a Operação Ágata, realizada com êxito nas fronteiras do Brasil.
A 1ª Brigada de Infantaria de Selva tem hoje em suas fileiras mais de três mil homens. Os militares atuam em seis pelotões especiais de fronteira, fazendo um patrulhamento permanente em toda a região. O general adiantou que o Exército vai realizar uma nova operação na faixa de fronteira, mas se restringiu a dar detalhes. (AJ)
Folha de Boa Vista/montedo.com