25 de outubro de 2016

MPM indicia um sargento e dois cabos no caso do caminhão do Exército usado para tráfico de drogas

Mais 3 são indiciados pelo uso de caminhão do Exército no tráfico de drogas
Militares usaram caminhão militar para traficar 3 toneladas de maconha
Celso Bejarano
O MPM (Ministério Público Militar) indiciou até agora seis militares – três deles estão presos – do 20º Regimento de Cavalaria Blindado, tido como unidade de elite do Exército Brasileiro, situado em Campo Grande, pelo furto de um caminhão que saiu de dentro do quartel e foi apreendido em Campinas (SP) com três toneladas de maconha.
A suspeita é de que mais militares estejam envolvidos no esquema que permitiu a saída de um caminhão da unidade militar em Mato Grosso do Sul para ser usado no tráfico de drogas. A apreensão da maconha e prisão de três militares do 20º RCB ocorreu na madrugada do dia 28 de agosto passado. O Exército já expulsou o trio, que permanece encarcerado no estado de São Paulo.
Pelo apurado até agora, o caminhão saiu do quartel cuja sede fica na Avenida Presidente Vargas, região bairro Santo Amaro, em Campo Grande, seguido até Ponta Porã, onde foi feito o carregamento da droga e ido para Campinas.
Os três indiciados agora podem ser incriminados por terem facilitado a saída do caminhão militar, avaliado em R$ 250 mil.

MAIS PRISÕES
O promotor de Justiça Militar Nelson Lacava Filho é quem conduz a investigação. Ele limitou-se a dizer ao Midiamax que o desfecho do inquérito deva ser anunciado daqui uns 15 dias, mas que o prazo pode ser esticado caso a investigação exija novas diligências.
Lacava Filho não descartou a hipótese de pedir outras prisões. “Não é comum ter bandido no Exército, que costuma cortar a própria carne para proteger a instituição. Infelizmente, ocorreu este caso”, disse promotor militar.
Lacava Filho acha improvável que o caminhão que transportou a droga tenha sido retirado do quartel sem que para isso o trio detido tenha recebido ajuda de outros militares.
A assessoria de imprensa do Comando Militar do Oeste, em Campo Grande, informou que os três novos indiciados continuam exercendo suas funções até o manifesto da Justiça Militar.
No caso, a Força Armada vai aguardar a conclusão do inquérito e a definição da corte militar, que deve acatar ou não a denúncia do MPM.
Dois cabos e um sargento são os novos indiciados: Fidélis Rossi Oliveira, Lucas Gabriel Cavalcante Ferreira (cabos) e Leydson da Silva Cotrim (terceiro sargento).
Estes três foram indicados, até agora, têm sido investigados por peculato-furto, crime que pode motivar pena de três a 15 anos de prisão.
O promotor militar disse que, além desta apuração, os seis militares envolvidos no esquema podem responder também pelo tráfico internacional de droga. Se condenados, a pena dos militares pode dobrar.

O CASO
Os cabos Simão Raul, Maykon Coutinho Coelho e Higor Abdala Costa Attene, foram detidos por volta da 1h da madrugada do dia 28 de agosto, domingo, por policiais civis de Campinas (SP).
Comunicado emitido pela Denarc (Departamento Estadual de Prevenção e Repressão ao Narcotráfico), e a 5ª Delegacia da Divisão de Investigações sobre Entorpecentes e a Polícia Civil, de Campinas, informou que investigava há pelo menos três meses eventual envio de carregamento de droga que chegaria à cidade paulista.
Um dia antes (27), no sábado à noite, os investigadores do caso fizeram campana perto de uma empresa desativada. Havia no local movimentação de veículos. Assim que perceberam os policiais, os militares do Exército tentaram sair do local conduzindo o caminhão do 20º RCB.
A prisão ocorreu na rodovia SP-101. Os cabos seguiam pela estrada na contramão e trocaram tiros com a polícia, segundo a nota divulgada pela Denar. A maconha estava camuflada na carroceria do veículo, dentro de bolsas de viagem.
Os cabos Maycon e Higor Abdala foram detidos fardados, dentro do caminhão. Já o cabo Simão Raul, baleado, escapou e foi detido logo pela manhã de domingo, em Cordeirópolis, ferido, e logo levado para um hospital de Limeira, cidade 50 quilômetros distante de Campinas.
Ainda segundo o Denar, no dia da operação, a polícia prendeu dois civis que, em carros separados tentaram escapar do cerco policial, perto do estacionamento da empresa desativada, em Campinas. A polícia paulista acredita mais duas pessoas ligadas aos civis estejam foragidas.
MIDIAMAX/montedo.com