Victor Hugo tem 18 anos e frequenta a Apae em SP desde os três anos.
Homem deu um soco no garoto porque ele teria 'mexido' com a mulher dele.
Do G1 Santos
Um tenente do exército agrediu um jovem autista durante um show do cantor Lenine, realizado na noite da última quarta-feira (30), em Registro, na região do Vale do Ribeira, no interior de São Paulo. Segundo familiares e amigos da vítima que presenciaram a agressão, o homem disse que o adolescente havia "mexido" com a mulher dele.
Victor Hugo tem 18 anos, frequenta a Apae da cidade desde os três anos e não se comunica verbalmente. Revoltada com o ocorrido, já que além da agressão gratuita, o homem se identificou como tenente do exército, a mãe registrou boletim de ocorrência na última quinta-feira (1). Um desabafo sobre o caso tem repercutido, nos últimos dias, pelas redes sociais.
Segundo apurado pelo G1, o tenente Carlos Eduardo Oliveira do Nascimento é delegado da 13ª Delegacia do Serviço Militar, na 4ª Circunstrição de Serviço Militar de Registro. Ele foi designado ao cargo de delegado regional no início do ano passado, conforme comunicado oficial do Exército, de número 27, datado de 25 de julho de 2014.
O desentendimento envolvendo o militar e o jovem autista aconteceu na Praça Beira Rio, no Centro da cidade, minutos antes do início do show em comemoração ao aniversário de 72 anos de emancipação de Registro.
A irmã da vítima, Igrid Freitas, contou que ela e os amigos estavam se divertindo na Praça, quando foram surpreendidos com a atitude de um desconhecido, que deu um soco em Victor. De acordo com a parente, ao questionar o motivo da agressão, o tenente, que estava acompanhado de uma mulher, disse que o adolescente havia "olhado feio" e "mexido" com companheira dele.
"Não entendemos nada. Ele passou e deu um soco no peito do meu irmão, que ficou assustado. Todo mundo viu porque foi no meio da praça. Eu e minha mãe falamos que o Victor era autista, mas o homem se recusou a pedir desculpas. Iríamos chamar a polícia, quando ele revelou que era o Tenente Nascimento. Meu irmão ficou muito assustado, já que ele sai pouco de casa e estava maravilhado com a festa na cidade. Preferimos acudí-lo do que causar mais confusão na frente dele", descreve Ingrid.
Preconceito
Além da agressão física, a irmã da vítima afirma ainda que a companheira do tenente foi preconceituosa quando soube que o jovem tinha autismo. "Ela disse que meu irmão estava olhando estranho para ela, por isso o marido chegou batendo nele e ainda recomendou que minha mãe colocasse uma camiseta no meu irmão para identificá-lo como especial ou diferente. Isso não existe", reclamou Ingrid.
O G1 não conseguiu localizar o tenente, mas enviou um pedido de resposta ao Exército Brasileiro sobre o ocorrido, no entanto, até a publicação desta reportagem não houve retorno. O caso foi registrado na Delegacia Sede de Registro e está sendo investigado pela Delegacia da Mulher de Registro.
G1/montedo.com