FABRÍCIO LOBEL
ENVIADO ESPECIAL A VITÓRIA
A Polícia Militar do Espírito Santo ampliou para 1.151 o número de policiais indiciados pelo crime de motim e revolta, durante a crise de segurança que atinge o Estado. Ao todo, o Espírito Santo tem 10 mil PMs em seus quadros.
Desde o dia 4, os portões do batalhões da PM estão bloqueados por acampamentos de familiares de policiais. As mulheres buscam impedir que os PMs saiam das unidades para trabalhar nas ruas. Elas reivindicam melhores condições de trabalho e reposição salarial.
PMs ouvidos pela Folha são céticos quanto a capacidade do governo Estadual em processar mais de mil inquéritos em 60 dias, limite para a conclusão do Inquérito Policial Militar. Para eles, no entanto, a divulgação dos números serve para pressionar a volta ao trabalho dos militares. Caso sejam julgados e condenados, os militares podem pegar de 8 a 20 anos de prisão.
Inicialmente, o governo do Estado havia anunciado o inquérito de 703 policiais, mas o número agora aumentou devido a identificação de mais militares no motim.
Dos 1.151 PMs indiciados, 151 também responderão a processos administrativos, o que pode agilizar suas expulsões da corporação. Entre os que passarão por processo administrativo estão oficiais que defenderam o movimento de parentes de PMs que acampam diante dos portões dos batalhões.
Dos 10 mil PMs no Estado, cerca de 2.400 estariam atuando nas ruas, de acordo com a Secretaria de Segurança Pública.
PROTESTO
Um grupo de policiais militares protestou na manhã desta sexta retirando parte de suas fardas e a lançaram dentro da cova em que foi sepultado o soldado André dos Santos, 22, que morreu em uma tentativa de assalto no município de Serra, vizinho à capital Vitória e o mais violento do Espírito Santo.
A cerimônia de sepultamento do soldado ocorreu com honras militares, incluindo salvas de tiros e a execução do "toque de silêncio" na corneta.
Após as homenagens tradicionais, porém, os militares que participavam das honras ao soldado retiraram a parte superior de suas fardas (que se usa sobre as camisetas) e as jogaram na cova ainda aberta para que fossem sepultadas junto com o corpo.
O cemitério em que Santos foi sepultado é o maior do município de Serra, cidade de 494 mil habitantes e que reúne a maior parte das mortes durante a paralisação do policiamento no Estado.
Com a onda de violência, o cemitério contratou uma retroescavadeira para acelerar a abertura de covas.
Segundo dados oficiais, só entre os dias 4 e 13 de fevereiro, 143 pessoas morreram vítimas de homicídios no Estado. Os números, no entanto, não contabilizam a morte de Santos, que morreu na última quarta-feira.
UOL/montedo.com