31 de março de 2017

Pra não dizer que não falei do 31 de março...

Não fale pela boca dos outros


Ruben Barcellos
A imagem pode conter: atividades ao ar livre
Prédio do antigo Colégio Estadual - Bagé, RS
No dia 31 de março de 1964 eu ainda era um estudante do segundo científico do Colégio Estadual.
Entrei por aqueles majestosos portões, saído de um primário de 6 anos (repeti o quarto ano) e depois de ter passado por um exame de admissão ao ginásio. Sou do tempo em que se saía do exame escrito e tinha, na porta da sala, um exame oral sobre a mesma matéria. Eu e mais uma tropa de guri...
Era saber ou saber; a Pátria Educadora da época, educava.
Meus professores são hoje nomes de escola: Prof Frederico Petrucci, Prof Leopoldo Mairon, Profa. Reni Collares, Prof Peri Coronel, Prof Frei Plácido,Prof Valdemar Machado...nesse nível eram meus professores.
Por ter prestado serviço militar no ano seguinte, interrompi os estudos por 17 anos, vindo a completar o segundo grau, já com os grisalhos me pegando pelas têmporas.
Vivi, e minha família também, e a família de meus amigos e de meus vizinhos também, sob o "famigerado regime militar". Vivemos todo esse período sem um arranhão ou ameaça. Nunca vi, em lugar nenhum desta cidade, alguém sendo espancado, torturado ou morto. Mas tenho visto muito isso, nos dias atuais, sob a omissão nojenta dos que culpam os governos militares até hoje - de TODOS os males brasileiros. Não se enfrentam armas de fogo com flores de plástico - uma guerra exige sacrifícios de vida entre vencedores e vencidos! Sabe o que mais dói? Saber que o inimigo mora na casa ao lado!
E estando em plena democracia...
Liberdade pra ir e vir - onde estás que não te vejo?
Segurança pra deixar seus filhos na escola e seu carro na rua? Me mostre o lugar que vou me mudar pra lá.
Previsão de despesas com a economia caindo pelas tabelas e a roubalheira escancarada debochando da lei? Onde está a beleza desta democracia cantada pelos comunistas de plantão?
No amiguinhos vermelhos no governo de Cuba, Venezuela, Irã e no Foro de São Paulo? Nas condecoração de reconhecidos bandidos com medalhas e honrarias? Na exaltação do socialismo como a terra prometida e apartamento em Paris? Tá, essa história fede!
O perigo é quando se fala pela boca de outros, porque não estarão dizendo o que acreditam, viram ou viveram, mas dirão o que outros querem que acreditem, querem que digam, lhes convém que repitam.
Vi, recentemente, um blog de um jornalista, nascido em 1964 (sim, exato no ano em questão), que no seu comentário cita coisas como:
- "...um eminente historiador (sem dizer o nome do historiador)...";
e mais adiante:
- "...um jornal sustenta (mas não disse que jornal, o que poderia ser comprovado pela pesquisa de quem se interessasse);
e logo mais:
- "...um líder estudantil daquela época..." (também sem lenço, CPF ou documento), e coisas do tipo. E fez mais, no seu blog - reproduziu ipse litera uma frase de um tenente, dentro de um quartel, que teria dito:
- "...quem quer passar fogo nos comunistas, levante o fuzil..."!
Mas ele estava lá, então, já em forma, com menos de 1 ano de idade!?!?
Ao final do artigo, prevê, como um Nostradamus moderno:
- " ...aconteceu o que, para o bem do Brasil, seria melhor não ter acontecido..."
Seu Mario Magalhães, o senhor, um jornalista que já trabalhou em vários jornais do Brasil (informação do blog), afirmar que isso ou aquilo ter acontecido ou não ter acontecido seria bom ou ruim - não é muito pretensioso? O senhor não está fantasiando demais os fatos e euforicamente embriagado pela falta de assuntos com fontes confiáveis?
A história de um País e a história de um homem se faz com luzes e trevas (eu salvaria um homem - Chico Xavier; e uma mulher - Irmã Dulce). Os mais ricos, os mais miseráveis, os mais sadios, os mais doentes, os mais desenvolvidos e os mais atrasados, os mais cultos e os mais ignorantes - todos temos nosso lado divino e nosso lado diabólico. Não se engane!
Somos os brasileiros que buscamos a paz. Não procuramos a guerra a troco de 30 dinheiros, nem recebemos lanchinhos pra participar de manifestações que nem sabemos contra o que se protesta...
Pedimos e concedemos clemência, pela nossa natureza humana. A vida é bem que temos por empréstimo e por tempo determinado; a vida alheia merece respeito - a sua, a minha, a nossa, a deles. Os tempos de chumbo passaram.
Sobre o passado de 50 anos, não dá pra enterrar mais do que já está. Mas tem que ter um mínimo de credibilidade e um pouco menos de fanatismo, pra equilibrar a balança.
Chega de botar a culpa nos dias que não voltam mais!
A vida exige coragem pra continuar, apesar de todos os pesares. E é pra lá - para o amanhã - que, querendo ou não, todos marchamos.
Culpar os outros pela nossa acomodação, é uma maneira covarde de esconder a nossa incompetência.
Os covardes e incompetentes se alimentam da culpa alheia.