21 de maio de 2017

No Senado, Comandante da Aeronáutica reclama da falta de recursos para a Defesa

Os cortes de verbas e restrições orçamentárias que atingem o controle de tráfego aéreo nos últimos anos já afetam a confiabilidade do sistema no Brasil. O comandante da Aeronáutica, Brigadeiro Nivaldo Luiz Rossato, fez duras críticas à falta de recursos do governo para investir na infraestrutura aeroviária no Norte do Brasil e para o lançamento de satélites. A cobrança aconteceu nesta quinta-feira, na audiência pública na Comissão de Relações exteriores e Defesa Nacional do Senado.
“A Força Aérea se ressente dessa falta de recursos. É relativamente grave. O país parou de investir enquanto o custeio não para de aumentar. Isso acaba degradando em parte o sistema, a confiabilidade é prejudicada”, alertou. De acordo com o comandante, os recursos são contingenciados apesar de serem oriundos de tarifas com destinação específica para o setor, não provenientes do Tesouro Nacional.

AMAZÔNIA
O comandante também reclamou pelo fato de o Ministério dos Transportes não estar mais repassando à Força Aérea a parte equivalente à manutenção da Comissão de Aeroportos da Região Amazônica (Comara). “A Comara está há dois anos à míngua. Ou voltam esses repasses ou vamos fechar a Comara, porque essa estrutura deteriora rapidamente sem manutenção”, lamentou.
O comandante pede uma ação no âmbito do Legislativo ou através do próprio Ministério dos Transportes para que esses recursos, que chegaram a somar R$ 300 milhões por ano, sejam retomados. O setor, segundo o comandante, está consciente da atual conjuntura de restrições orçamentárias, mas acredita que a sociedade brasileira não pode abrir mão de investir pelo menos R$ 100 milhões por ano. “Talvez seja esse o interesse de grande parte do mundo, que deixemos a Amazônia para que seja transformada numa reserva internacional. Se queremos nossa presença lá, esta é uma responsabilidade da Força que tem que ser dividida com toda a sociedade brasileira”, afirmou.
O comandante também pediu atenção urgente para a necessidade de modernizar a frota de aviões-radares, que fazem a vigilância das fronteiras. A quantidade desses instrumentos também vem caindo devido à falta de investimentos, informou Rossato.

ARGENTINA
Outro setor negligenciado cronicamente pelo país, segundo o comandante da Aeronáutica, é o de pesquisas espaciais. O Brasil, informou Rossato, investe somente 0,06% do PIB nessa área, cerca de US$ 100 milhões. A Argentina, observou ele, tem investido cerca de US$ 1,2 bilhão por ano, 12 vezes mais que o Brasil. “A Argentina, à despeito de ter as mesmas dificuldades que nós, tem percebido melhor a potencialidade do espaço”, disse o militar, lembrando que outros países, como EUA, Rússia, China e Índia, investem ainda mais.
O lançamento do satélite geoestacionário no último dia 4 de maio foi um grande passo na avaliação do comandante. Para ele, a iniciativa deve melhorar muito a infraestrutura de comunicação militar e dos serviços de banda larga, inclusive para a Região Amazônica. Por isso, Rossato disse que a Força Aérea está trabalhando na efetivação de um segundo satélite dessa modalidade. “Investir em satélites, não só o geoestacionário, que ainda não temos, é fundamental para aumentar a produtividade na agricultura e no controle das fronteiras”, explicou.
A efetivação dos caças Gripen, uma parceria com a Suécia, e da parceria público-privada visando à gestão da rede de comunicações integradas da Aeronáutica foram outras notícias relacionadas à área destacadas por Rossato durante a audiência na CRE.
 Agência Senado/montedo.com