27 de fevereiro de 2018

Em coletiva, interventor federal diz que 'Rio é um laboratório para o Brasil'

Intervenção federal: cúpula da Segurança é mantida
Foto: Tânia Rego/Agência Brasil
Elenilce Bottari, Juliana Castro, Marcos Nunes e Vera Araújo 
As cúpulas das polícias Militar e Civil no Rio serão mantidas inicialmente durante a intervenção federal, conforme informou o interventor, general Walter Souza Braga Netto, na manhã desta terça-feira, ao anunciar, em entrevista coletiva, o plano de intervenção no Rio. Também permanecem os comandos do Corpo de Bombeiros e da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Braga Netto acrescentou que haverá aporte financeiro do governo federal para a ação dos militares, embora não tenha detalhado valores. Ele disse ainda que vai manter as Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) e o Instituto de Segurança Pública (ISP), com a divulgação dos dados sobre violência.
O interventor começou a entrevista coletiva afirmando que a finalidade era apresentar o general Mauro Sinott como chefe de Gabinete de Intervenção Federal e o general Richard Nunes como novo secretário de Segurança.
— O restante da estrutura da Segurança Pública permanece o mesmo. Nós estamos numa fase de estudos — afirmou Braga Netto.
Autoridades se reúnem para detalhar intervenção federal no Rio Autoridades se reúnem para detalhar intervenção federal no Rio Foto: Juliana Castro / Agência O Globo Indagado sobre a primeira medida a ser tomada, o general Braga Netto disse que é a instalação do gabinete de intervenção. Depois, tomará providências para que a população "perceba a sensação de segurança":
— Logo depois (da instalação do gabinete), o general Sinott vai tomar uma série de providências para que a população perceba essa sensação de segurança. Para isso, contamos até com o apoio da imprensa.
O gabinete da intervenção funcionará no Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), na Cidade Nova.
— A segurança pública vai aproveitar a expertise das Forças Armadas. A sistemática da segurança do Rio será mantida enquanto o general Richard estuda o que deve ser alterado — afirmou o interventor.
Já sobre o futuro das UPPs, Braga Netto declarou que elas serão mantidas, mas vai ser feita uma análise do que deve ser melhorado e aprimorado. O secretário de Segurança também afirmou que a política das unidades permanecem, mas podem haver mudanças.
— Temos um diagnóstico de redirecionamento de outras ações — disse o general Richard Nunes.
Braga Netto negou ocupação permanente de comunidades por parte dos militares:
— Não existe planejamento de ocupação permanente em comunidade. Operações continuarão pontuais.

CORRUPÇÃO POLICIAL
Braga Netto também foi questionado se haverá diminuição da corrupção policial e disse que vai fortalecer as corregedorias e tomar iniciativas para que o bom policial seja valorizado.
— Intervenção é um trabalho de gestão. Vejo a intervenção como uma janela de oportunidades para a população.
De acordo com o interventor, "recuperar a credibilidade" da segurança pública no estado é um dos objetivos da intervenção:
— Reduzir a criminalidade e dar um suporte na capacidade de segurança, que já existe. A segurança pública do Rio não deixou de existir, ela passou por dificuldades. O objetivo nosso é integrar e cooperar. Com isso, recupera-se a credibilidade da instituição segurança pública no Rio.
Braga Netto defendeu o trabalho de Inteligência realizado pela segurança do Rio:
— As Inteligências sempre funcionaram. Quando você unifica o comando a tendência é que isso agilize o trabalho, mas sempre trocando informações. Em relação à transparência, não precisa se preocupar porque o sistema será transparente. O ISP continuará e aprimorará o seu trabalho. O Rio de Janeiro é um laboratório para o Brasil.
Além do interventor, de Sinott e Nunes, participaram da coletiva o secretário de Administração Penitenciária, David Anthony, e o secretário de Defesa Civil e comandante-geral dos Bombeiros, Roberto Robadey Costa Junior. Acompanharam da plateia: coronel Wolney Dias, comandante-geral da PM, coronel Lúcio Flávio Baracho, chefe do Estado-Maior, chefe de Polícia Civil, Carlos Leba, subsecretário de Inteligência da Secretaria de Segurança, Flávio Galvão, presidente do Instituto de Segurança Pública (ISP), Joana Monteiro, e também o coordenador do Disque-Denúncia, Zeca Borges.

INTERVENÇÃO FOI DECRETADA DIA 16
O presidente Michel Temer decretou a intervenção federal no Rio no último dia 16. A partir de então, o comando das polícias civil e militar do Rio — uma responsabilidade do governo estadual — ficou sob as ordens do general Braga Netto, que responde ao governo federal. A intervenção tem duração prevista até 31 de dezembro deste ano.
Braga Netto, do Comando Militar do Leste do Exército, fica subordinado ao presidente da República e não está sujeito às normas estaduais que conflitarem com as medidas necessárias à execução da intervenção", afirma trecho do decreto. Ele também "exercerá o controle operacional de todos os órgãos estaduais de segurança pública.
Na sequência do decreto presidencial, no último dia 19, o secretário de Segurança do Rio, Roberto Sá, teve a exoneração do cargo publicada no Diário Oficial. Ele disse não ter sido consultado sobre a decisão do presidente.
Na última segunda-feira, Temer optou por uma solução caseira para o recém-criado Ministério da Segurança, que ficará responsável pelas Polícia Federal (PF) e Polícia Rodoviária Federal (PRF). O presidente deslocou Jungmann da Defesa para a nova Pasta. E, no lugar, deixou o general Luna, que já ocupava cargo de secretário.
EXTRA/montedo.com