12 de março de 2018

Rússia anuncia teste bem-sucedido de míssil hipersônico

Projétil faz parte de conjunto de novas armas anunciadas por Putin em evento a parlamentares
Em evento para parlamentares, presidente russo anuncia desenvolvimento de novas armas - MAXIM SHEMETOV / REUTERS
O Globo/Agencias internacionais
MOSCOU - A Rússia anunciou neste domingo que lançou com sucesso um míssil hipersônico que o presidente Vladimir Putin chamou de "arma ideal" quando apresentou uma série de armas de nova geração no início do mês em um encontro anual com parlamentares a poucas semanas da eleição presidencial, em 18 de março.
O míssil de alta precisão Kinzhal (Punhal) foi lançado de um avião supersônico MiG-31 que decolou de uma base do distrito militar sul da Rússia, anunciou o ministério da Defesa. O projétil integra a série de novas armas da Rússia que Putin revelada no início de março. Na ocasião, Putin afirmou na ocasião que o míssil voa a uma velocidade 10 vezes superior a do som.
"O lançamento aconteceu como se esperava, o míssil hipersônico alcançou o objetivo", afirmou o ministério.
O novo equipamento militar russo também inclui drones submarinos. Segundo Putin, essas armas foram desenvolvidas em consequência da saída americana do Tratado de Mísseis Antibalísticos, assinado em 1972 com a União Soviética. A saída foi anunciada em 2001 pelo presidente George W. Bush, com o argumento de que ele prejudicava a capacidade dos Estados Unidos de se defender de "ataques de terroristas ou de de Estados párias".
Em uma apresentação audiovisual, ele anunciou o "míssil de cruzeiro de voo baixo, difícil de localizar, com uma carga útil nuclear de alcance praticamente ilimitado e trajeto de voo imprevisível, que pode ultrapassar linhas de intercepção e é invencível diante de todos os sistemas existentes e futuros de defesa aérea e antimísseis".
No mesmo discurso, Putin afirmou que qualquer ataque com armas nucleares a aliados de Moscou seria considerado um ataque contra a Rússia, gerando retaliação imediata. A advertência foi condenada pela Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), que considerou a afirmação inaceitável. A aliança disse que o discurso de Putin não contribui para a redução da tensão internacional, elevada desde a anexação da Crimeia.

NOVO MANDATO ESPERADO
Putin está há mais de 18 anos no comando da Rússia, como presidente ou primeiro-ministro. Agora é candidato a um quarto mandato de seis anos nas eleições presidenciais, que provavelmente vencerá ante a falta de uma oposição forte.
O principal líder da oposição russa, o ativista Alexei Navalny voltou a ser detido pela polícia no fim de fevereiro. Novamente acusado de organizar protestos ilegais, Navalny pode enfrentar até 30 dias de prisão, uma pena que o manteria atrás das grades durante o restante do período pré-eleitoral e no próprio dia da votação, se for considerado culpado na investigação aberta contra ele.
O político de 41 anos tem sido repetidamente detido por organizar alguns dos maiores protestos da Rússia nos últimos anos, manifestando-se contra o que descreve como o estilo de vida luxuoso do presidente Vladimir Putin e de seu círculo íntimo, com acusações de tráfico de influência, corrupção e enriquecimento ilícito.
A Comissão Eleitoral Central da Rússia formalizou, no fim do ano passado, o impedimento de Navalny na disputa pela Presidência em março de 2018. O órgão leva em consideração uma condenação passada contra ele em um caso de fraude. Ele poderia concorrer contra Putin se tivesse recebido dispensa especial ou se sua condenação tivesse sido cancelada.
Na ocasião, Navalny prometeu liderar uma campanha para boicotar a eleição, caso não pudesse se candidatar. Embora o opositor diga que sabe que Putin será reeleito para o quarto mandato, sua campanha de boicote tem como objetivo reduzir a participação dos eleitores para tentar tirar o brilho de uma vitória do presidente.
Já o governo diz que as eleições serão justas, e que Navalny e seus defensores têm um nível de apoio mínimo e tentam irresponsavelmente "fomentar uma raiva social" que pode gerar turbulência.
O Globo/montedo.com