9 de abril de 2018

Inteligência das Forças Armadas pode ajudar no combate às milícias, diz porta-voz do CML

'O patrulhamento varia de acordo com os dados de inteligência', disse coronel Cinelli
O patrulhamento varia de acordo com os dados de inteligência', disse coronel Cinelli
Foto: Marcos Ramos / Agência O Globo
Maurício Ferro
RIO - O porta-voz do Comando Militar do Leste (CML), coronel Carlos Cinelli, afirmou na tarde deste domingo que o setor de inteligência das Forças Armadas pode servir de instrumento para combater as milícias do Rio. De acordo com ele, há uma "perfeita sintonia" com as áreas de inteligência da Secretaria de Segurança e do Gabinete de Intervenção Federal (GIF).
— (A inteligência do Exército) pode ser uma opção (no combate às milícias). Aliás, a área de inteligência não só do Exército, mas da Marinha e Aeronáutica também, já está trabalhando em perfeita sintonia com as inteligências da Secretaria de Segurança e do Gabinete de Intervenção Federal — disse ele.
Cinelli explicou que até a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) fornece dados para os órgãos responsáveis pela segurança no Rio. E garantiu que o trabalho conjunto permitirá a realização de operações de "grande envergadura".
— Existe um núcleo, uma célula, que trabalha com esses três pés. Não só no nível estadual: a Agência Brasileira de Inteligência também está nos alimentando. O masaico é com todos os órgãos de inteligência disponíveis. Certamente isso vai trazer possibilidade de planejamento de futuras operações de grande envergadura.
Segundo Cinelli, as Forças Armadas também podem contribuir no desmantelamento das milícias em operações. Ele disse que isso ocorre em apoio à Secretaria de Segurança, caso haja demanda dela.
— Em operações que fazemos de apoio à Secretaria de Segurança, se ocorrerem em áreas controladas por milícias, indiretamente estamos colaborando (para combatê-las). Agora, quando vai acontecer e em que áreas, não podemos precisar — afirmou o coronel.

VILA KENNEDY: EXÉRCITO FICA ATÉ, PELO MENOS, FIM DE ABRIL
O coronel Carlos Cinelli também informou que o Exército vai continuar na Vila Kennedy até, pelo menos, o fim deste mês. Existe a possibilidade de a presença ser estendida. O objetivo é liberar policiais militares para um processo de reciclagem.
— (O Exército na) Vila Kennedy vai continuar até o final do mês, justamente para permitir que a PM continue na reciclagem. (Vai ficar) pelo menos até o fim do mês, que é o tempo aproximado que estimamos para a reciclagem dos policiais do 14º BPM — afirmou ele.
No processo de reciclagem, policiais militares fazem disciplinas de tiro de precisão, reveem fundamentos teóricos de abordagem policial, patrulhamento, direitos humanos e trato com a população. É também por isso que houve um reforço do patrulhamento do Exército em alguns pontos da cidade.
Antes, a área de atuação dos militares era restrita à orla e a bairros como Tijuca e Méier, na Zona Norte do Rio. Mas, desde a segunda-feira anterior ao feriado da Semana Santa, foi expandida para vias expressas. Há presença militar na Avenida Brasil, BR-101, RJ-124, Transolímpica, Linha Amarela e Linha Vermelha. Também há patrulhamento noturno.
— Está tendo patrulhamento à noite e vai continuar. Não tem previsão de até quando. Varia em função da demanda da Secretaria de Segurança, explicou ele, que acrescentou:
— Por ora o delineamento do patrulhamento é esse. O que fizemos foi expandir de orla e bairros mais de interior, como Tijuca e Méier, para vias expressas. Vamos manter o que está em andamento e possivelmente expandir, caso necessário — disse Cinelli.

RECICLAGEM E OPERAÇÕES
Além de permitir a reciclagem policial, a presença dos militares nas ruas, de acordo com Cinelli, também possibilita que aconteçam operações isoladas da PM. O tamanho do efetivo militar empregado não foi divulgado.
— O intuito é apoiar a (Secretaria de) Segurança, permitindo que a PM possa deslocar policiais para outras áreas onde haja necessidade, permitindo desencadear operações isoladamente por parte da Polícia Militar, e fazer com que eles possam também frequentar a reciclagem de treinamento que já se iniciou, conduzido pelo gabinete de intervenção federal — disse ele.
De acordo com Cinelli, os efetivos empregados em cada área podem ser modificados a qualquer momento, bem como horários e dias de atuação. O objetivo é manter o "fator surpresa", para que criminosos não saibam nunca onde os agentes estão.
— Percentual (de efetivo), local definido (de atuação), não posso passar, porque faz parte da nossa rotina de planejamento a questão da surpresa, para dificultar ações criminosas. Quando você tem uma rotina estabelecida, o indivíduo começa a se comportar de acordo com aquilo. Não desejamos isso. Queremos sempre que a surpresa prevaleça — afirmou Cinelli.
EXTRA/montedo.com