28 de junho de 2009

A CARA DE PAU DO ZÉ DIRCEU

Ricardo Montedo
Zé Dirceu tem um blog. Você não sabia? Nem eu. Pois é, mas o homem tem um espaço virtual sem leitores, apenas testemunhas. Então, o jeito é postar em blogs de maior alcance que possam dar guarida a sua retórica de bom moço incompreendido e injustiçado pelas elites.
O luminar do pensamento esquerdófilo vem de publicar no blog do Noblat um artigo intitulado “Desaparecidos: o direito à verdade e à justiça”, no qual insta as Forças Armadas, o Governo e o Estado brasileiros a reconhecerem todos os crimes praticados durante a ditadura, particularmente os casos de tortura, assassinatos e desaparecimento de corpos de militantes executados, exortando o Governo Lula a publicar “toda a verdade, sem medo, fazendo justiça à memória dos que deram a vida pela liberdade e pela democracia.”
Como Reinaldo Azevedo, “eu quero é que arreganhem os arquivos do Araguaia”. Apure-se tudo. Publique-se tudo. Mas, Zé, poupe-nos desse papo furado de chamar os guerrilheiros maoístas de mártires da liberdade e da democracia. Eles eram do PC do B, lembra? Muitos deles treinados na China de Mao, um dos maiores assassinos da história (disputando cabeça-a-cabeça o prêmio com Hitler e “Papá” Stalin).
Atribuir aos guerrilheiros mortos uma condição que eles nunca reivindicaram [a de democratas e paladinos da liberdade] é desonestidade intelectual das mais grosseiras. A guerrilha sempre deixou claro que seu objetivo era implantar uma ditadura de esquerda, em substituição ao regime militar.
No Araguaia não houve luta do bem contra o mal, como prega Dirceu. Houve, sim, uma disputa entre dois modelos opostos de totalitarismo. Os comunistas perderam. E caiu o pano.
Se muitos foram executados (e foram), por servidores militares do Estado, depois de rendidos e sem esboçar defesa, então é assassinato e o Estado é responsável, sim!
São, portanto, justas as reivindicações das famílias que pleiteiam indenizações. É uma reparação do Estado aos familiares de pessoas que, estando sob sua guarda, foram executadas por agentes seus.
Vá lá, talvez elas não rendam os milhões que receberam Cony (o Carlos Heitor), Ziraldo e Jaguar, afinal, o que são uma decapitação, um fuzilamento sumário, comparados a um emprego perdido ou um jornal fechado, não é mesmo?
De toda forma, serão bem superiores às ínfimas pensões pagas (quando o são) as viúvas e filhos das inocentes vítimas do terror, explodidas ou metralhadas nas ruas pelos “heróicos defensores” da liberdade e da democracia.