A decisão colombiana de instalar bases norte-americanas no país, uma delas bem perto da fronteira com o Brasil, não interferem nas "boas relações" militares e de defesa entre as duas nações, opinou o coronel Geraldo Cavagnari.
Em declarações à ANSA, Cavagnari explicou que Colômbia e Brasil mantêm uma proximidade militar histórica e seus vínculos foram reafirmados nos últimos meses com a coordenação de ações entre os militares de ambos países na região fronteiriça, de 1.640 quilômetros. Cavagnari, que foi professor da Escola de Comando e Estado-Maior do Exército (ECEME) por cinco anos, disse também que nesse período deu aulas a colombianos e afirmou que a maior parte dos generais e dos oficiais da Colômbia passou pelas academias brasileiras, além das norte-americanas.
Segundo ele, as "bases (dos EUA) não são uma ameaça aos vizinhos" e, para as Forças Armadas, o presidente venezuelano, Hugo Chávez, constitui um risco maior do que os militares colombianos. Ao comentar a atuação da diplomacia brasileira após a repercussão das instalações das bases norte-americanas, o general disse que o Brasil tem se posicionado, contudo, quando se analisa o tema de forma realista percebe-se que há uma fragilidade em questões políticas estratégicas.
Para Cavagnari, que é especialista em Estratégia e pesquisador da Unicamp, o país é uma potência política regional, mas isso não se reflete na área militar e, portanto, faltam argumentos para dissuadir a Colômbia.
Ontem, o presidente colombiano, Álvaro Uribe, encerrou no Brasil a sua viagem por sete países da região para esclarecer o acordo que negocia com os Estados Unidos. Ele deixou o país sem convencer o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
"Nossas preocupações foram expressas, e o presidente Uribe também deu os esclarecimentos que achou que devia dar sobre os objetivos desse acordo com os Estados Unidos", explicou Amorim, após reunião de mais de duas horas.
Antes, Uribe passou por Argentina, Bolívia, Chile, Paraguai, Peru e Uruguai.
O acordo negociado entre Colômbia e EUA permitirá, se aprovado, o envio de um contingente de até 1.400 norte-americanos (entre militares e civis) a sete bases locais e, segundo o governo colombiano, é parte da cooperação bilateral na luta contra o terrorismo e o tráfico de drogas. ANSA